Sinopse: A trama segue uma jovem reclusa que sofre de transtorno de ansiedade e luta para sobreviver aos seres extraterrestres que invadiram sua casa.
Em certa ocasião o mestre Charles Chaplin disse que o cinema sonoro matou o cinema, já que os primeiros anos da sétima arte as histórias eram contadas somente pela imagem e pelos movimentos e expressões dos atores e atrizes. Embora hoje estejamos mais do que acostumados com o som é bem da verdade que uma trama pode sim ser bem compreendida sem nenhum diálogo, desde que a trama possua um bom roteiro e um grande intérprete em cena. "Ninguém Vai te Salvar" (2023) é mais ou menos isso, um horror de ficção que se sustenta sem nenhum diálogo e se tornando incomum para os olhares contemporâneos.
Dirigido por Brian Duffield, o filme é estrelado por estrelado por Kaitlyn Dever (Fora de Série, Inacreditável). Na trama, Brynn Adams (Dever) é uma garota que vive isolada da sociedade, passando os dias na casa onde cresceu e lutando para controlar seu transtorno de ansiedade e, pouco a pouco, superar a morte da mãe e da melhor amiga. Porém, um dia, seu santuário de solidão são abalados por intrusos extraterrestres que invadem seu lar e a forçam a lidar com cada um dos traumas do seu passado.
Pegando uma premissa simples, o diretor Brian Duffield nos brinda com uma narrativa que em que faz um estudo sobre a solidão e a culpa e como ambas moldam a protagonista ao longo da história. Durante todo o filme não há quase nenhum diálogo, sendo que temos somente Brynn Adams em cena e somente algumas pessoas que surgem na cidade próxima da casa dela. Porém, ela mantém distância dessas pessoas, tendo certo receio e cujo esse medo aos poucos é revelado na projeção.
Até lá, somos conduzidos a ter que encarar a protagonista tendo que se virar contra uma invasão na sua casa, mas não de pessoas comuns, mas sim de alienígenas peculiares e que não sabemos ao certo porque eles estão ali. Curiosamente, as figuras vindas de outro mundo possuem características familiares, já que havíamos testemunhado elas, tanto no cinema, como também em séries, livros e HQ. Aqui elas retornam, mas sendo filmadas de uma forma que aparentam serem mais ameaçadoras do que se imagina e fazendo a gente temer pela protagonista.
Porém, o verdadeiro vilão da trama acaba não sendo os seres vindos do próprio mundo, mas sim os próprios sentimentos da jovem, que convive com uma culpa que lhe corroí por dentro e na medida em que a trama avança vamos conhecendo o do porquê disso. Até lá, o realizador nos brinda com maravilhosas cenas muito bem filmadas, desde aos movimentos inusitados com a câmera, como também no uso de efeitos sonoros mirabolantes e que dos quais elevam a tensão ao máximo. Isso sem contar a poderosa trilha sonora de Joseph Trapanese e da qual as suas notas tornam certos momentos muito mais tensos e imperdíveis.
O terceiro ato final nos reserva diversas reviravoltas na trama e que fazem a gente se perguntar sobre qual será o real destino da protagonista. Acima de tudo, o filme fala sobre dores, culpa e o medo cada vez maior das pessoas em não saberem se conduzir ao círculo de amizades de hoje em dia, já que existe um número cada vez mais crescente de pessoas que não sabem se interagirem mais e cabem as mesmas quebrarem esse muro invisível que os aflige. Por conta disso, o filme pode ser tanto interpretado como uma boa ficção de horror, como também uma bela reflexão sobre o comportamento atual de todos nós.
"Ninguém Vai te Salvar" é uma das mais gratas surpresas desse ano, da qual uma simples ficção de horror nos conduz para uma interessante análise sobre os medos mais profundos de todos nós.
Onde Assistir: Star+
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