Sinopse: Joshua (Washington), um ex-agente das forças especiais em luto pelo desaparecimento da sua mulher (Chan), é recrutado para caçar e matar o Criador, o arquiteto esquivo da IA avançada que desenvolveu uma arma misteriosa com o poder de acabar com a guerra... e com a própria humanidade.
Gareth Edwards (V) surpreendeu os fãs de "Star Wars" ao dirigir "Rogue One" (2016) que, para mim, é o melhor filme do universo expandido da franquia. Antes disso, porém, ele já havia nos chamado atenção com a sua versão de "Godzilla" (2014) e da qual ele soube transitar entre o realismo o gênero fantástico. Com "Resistência" (2023) ele cria uma realidade familiar, mas pincelada com uma tecnologia avançada e da qual é muito discutida hoje em dia.
O filme é um drama e ficção científica que se passa em um futuro distante, onde a terra é tomada por uma intensa guerra entre seres humanos e inteligência artificial. O ex-agente Joshua (John David Washington) é recrutado para localizar e matar o Criador - um misterioso arquiteto responsável por desenvolver uma arma capaz de acabar com o confronto e com toda a humanidade. Joshua e sua equipe partem, então, para um território sombrio ocupado pela IA, mas acabam fazendo uma descoberta chocante: a arma que devem destruir é, na verdade, uma inteligência artificial em forma de criança.
Este ano que está passando com certeza será lembrado como a época em que mais se discutiu sobre o lado bom e ruim da IA. O cinema, por sua vez, já havia explorado diversas ocasiões esses dois lados da mesma moeda, sendo que clássicos como, por exemplo, "2001 - Uma Odisseia no Espaço" e "Blade Runner" (1982) são uma análise e uma crítica ácida quando o ser humano decide brincar de Deus e ao mesmo tempo sobre até que ponto a inteligência artificial é culpada ou inocente com relação aos atos e consequências do seu próprio criador. O filme de Gareth Edwards (V) procura não meramente nos entreter, mas também fazendo com que a gente se questione em que posição ficaríamos diante de um conflito entre a raça humana e seres cibernéticos.
De original o roteiro não traz nada em termos de novidade, mas nem por isso diminui a sua proposta em fazer com que a plateia pense ao invés de somente encher os olhos com relação aquele universo criado. Neste último caso, "Resistência" nos traz de volta algo que fazia tempo que não vemos em uma superprodução, onde os efeitos visuais são usados para corresponder com as situações colocadas em prática na tela e jamais poluir a história. Curiosamente, o fundo verde quase nunca é usado, sendo que muitos cenários vistos na tela foram rodados em locações reais e fazendo fortalecer ainda mais a sua verossimilhança.
Ao mesmo tempo, Gareth Edwards (V) nos brinda com um verdadeiro filme de guerra mesmo quando a mesma é pura ficção, mas nos passando a sensação de que ela poderia ser real. A cena em que o exército norte americano ataca uma vila oriental para pegar a personagem central da trama é desde já uma das melhores cenas de ação filmadas neste ano. Nada mal para um filme que custou somente R$ 80 milhões de dólares, mas sendo bem investidos ao saber cruzar ação com uma boa trama que possui ecos com os dilemas de nossa própria realidade.
Do elenco se destaca John David Washington, cujo seu personagem se vê dividido entre o dever e o desejo em obter a sua redenção devido a perda de um grande amor no passado. A sua química com a pequena intérprete Madeleine Yuna Voyles, que faz a jovem inteligência artificial Alphie, é o coração pulsante do filme e fazendo com que ambos obtenham a nossa simpatia. E como é bom rever Ken Watanabe novamente atuando e provando que mesmo em meio a pirotecnia visual não lhe atrapalha quando nos brinda com uma bela atuação.
Como um todo, o filme faz um paralelo não somente com relação a esse dilema sobre a questão da inteligência artificial atual, como também é uma metáfora sobre as tantas guerras inúteis que a civilização vem sofrendo ao longo dos anos e da qual tem o dedo de grandes potências como no caso dos EUA. Já vimos esse filme antes outro lugar, mas tudo feito com estilo e ao mesmo tempo reflexivo. É uma pena, portanto, que Hollywood não se arrisque mais e nos dê algo que nos faça pensar e ao mesmo tempo nos entreter.
“Resistência” é um filme que possui as velhas fórmulas de sucesso, mas todas moldadas com criatividade, momentos reflexivos e com um visual deslumbrante para dizer o mínimo.
Faça parte:
Facebook: www.facebook.com/ccpa1948
Nenhum comentário:
Postar um comentário