Ambientado na Grécia, Swimming Home entrou na fase final de produção e pode gerar lucro a brasileiros. Modelo é exemplo para crescimento do cinema nacional
Carente de recursos e, muitas vezes, vítima de discussões acaloradas por parte daqueles que são contra políticas públicas de apoio à cultura como aconteceu com a Lei Rouanet nos últimos anos, o cinema brasileiro precisa encontrar novas fontes de financiamento que o afastem de embates políticos e ao mesmo tempo fortaleça essa indústria. Parte da solução já existe e é capaz de fomentar produções nacionais e internacionais como o filme Swimming Home.
Ambientado na Grécia, Swimming Home é baseado em obra literária homônima da escritora britânica Deborah Levy, finalista do Man Booker Prize de 2012, o mais importante prêmio literário da Grã-Bretanha. O filme conta com a participação de artistas de renome como o ator estadunidense Christopher Abbot (The Sinner, da Netflix), a atriz canadense Mackenzie Davis (Blade Runner 2049) e a atriz greco-francesa Ariane Labed, que participou da produção francesa Fidelio: A odisséia de Alice (2014). A produção é dirigida pelo roteirista e diretor de cinema Justin Anderson.
Curiosamente, apesar de ser uma produção internacional, o filme em questão contou com uma parcela de financiamento proveniente do Brasil. A obra começou a ser gravada no ano passado apoiada pela brasileira Hurst, por meio da MUV, seu braço voltado à cultura. A cota financiada pela fintech foi transformada em ativo de investimento, com a promessa de retorno na forma de juros. Na época, o investimento mínimo era de R$ 10 mil.
Praticamente concluído e entrando na fase de distribuição, Swimming Home, volta agora a ser objeto de uma segunda fase de captação pela Hurst. Recursos necessários para a promoção do filme no mercado internacional. O fato de já estar todo gravado e em fase final de edição é um fator positivo porque reduz risco, já que os prazos e custos determinados para a produção foram cumpridos à risca.
Em 2024, Swimming Home vai entrar no mercado por meio dos principais festivais internacionais de cinema, entre eles o Sundance Film Festival e o Festival de Berlim. A participação nestes eventos tem como objetivo atrair compradores, ou seja, as distribuidoras, que podem pagar pelo direito de exploração do filme em determinados territórios ou globalmente.
A exploração em questão é a exibição em diversas ou em todas as janelas existentes como cinemas, streamings ou TVs. E essas possibilidades aumentam o poder de barganha junto aos distribuidores, valorizando a produção e aumentando a rentabilidade da obra.
A iniciativa da Hurst é pioneira no Brasil. A vantagem não se limita ao financiamento em si, essencial para a conclusão da produção, mas se estende à imagem do cinema que hoje é visto como deficitário e dependente de apoio governamental ou da “bondade” de doadores. “Ao transformarmos a produção cinematográfica em ativo de investimento, há uma troca com o objetivo do ganha-ganha. O cinema recebe o dinheiro de que precisa para concluir a produção e os investidores, ao final, recebem de volta o dinheiro acrescido da rentabilidade. Ninguém deve favor a ninguém, é um formato absolutamente profissional e independente”, comenta Arthur Farache, CEO da Hurst.
O modelo desenvolvido pela Hurst é simples de ser entendido e quase qualquer um pode investir. O aporte mínimo é de R$ 10 mil. A operação terá duração de 12 meses, e a expectativa é de rentabilidade de 28,24% ao ano dentro do cenário base. O filme conta com a participação de atores e atrizes de renome e está sob responsabilidade de produtoras premiadas internacionalmente. Isso ajuda a produção a ter boa aceitação no mercado.
“Entendemos que se trata de um bom investimento porque o audiovisual é descorrelacionado da bolsa de valores, o que o torna interessante para diversificação da carteira. A rentabilidade prevista é muito boa porque o filme, produzido lá fora, visa o mercado internacional, que é muito grande e lucrativo”, explica Ana Gabriela Pereira Mathias, diretora responsável pela operação.
Para se ter ideia, somente o mercado global de streaming movimentou em 2022 US$ 445,45 bilhões. A previsão é que neste ano chegue a US$ 554,33 bilhões e, em 2030, atinja US$ 1,9 trilhão, o que equivale a um CAGR de 19,3% durante o período previsto. Os interessados em investir podem obter informações essenciais da oferta no próprio site da Hurst. (clique aqui).
Uma vantagem dos tempos atuais é que os filmes não precisam apenas de um lançamento nos cinemas para ser considerado um sucesso. A pandemia de Covid-19 levou a um aumento de 10% no streaming de vídeo online, resultando em crescimento expressivo para plataformas como YouTube, Amazon Prime, Netflix e Disney +. “Após a crise sanitária o crescimento dessas plataformas continuou levando-as a ter uma participação de 44,5% nas receitas das produções audiovisuais”, explica Farache.
O filme
Swimming Home é uma jornada surreal e sombriamente cômica aos traumas não resolvidos que espreitam nas sombras de todas as nossas vidas. Ele combina um fascínio de férias mediterrâneas com manifestações freudianas de morte e desejo. Seu enredo é baseado no casal Joe e Isabel, cujo casamento está em fase terminal.
É quando Kitti, uma estranha, é encontrada nadando nua na piscina de sua casa de férias e é convidada a ficar. Kitti coleta e come plantas venenosas, e Nina, a filha adolescente do casal, fica encantada com ela. Que tipo de alívio Kitti pode oferecer para esta crise familiar? Trata-se de um filme cuja originalidade tem tudo para cativar o público em todo o mundo. E o investidor pode ganhar com isso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário