Sinopse: Um colunista do Los Angeles Times precisa dar um rumo à sua vida. Seu casamento não anda bem e ele não está feliz com seu trabalho. Um dia, andando pelas ruas de LA, ele encontra um mendigo talentoso tocando um violino de apenas duas cordas e se interessa por sua história.
Joe Wright estreou na direção de um longa-metragem em 2005 e, com o ótimo "Orgulho e Preconceito" e já demonstrando que pretendia fazer o que muitos cineastas não conseguem que é trazer um pouco de frescor do cinema norte americano que anda precisando. Após o sucesso "Desejo e Reparação" (2009), Wright volta-se a uma história em tempos atuais, seguindo mostrando que ainda há bons conteúdo a serem apresentados e analisados e "O Solista é uma prova disso.
O filme conta a história de Steve Lopez (Robert Downey Jr.) é um colunista famoso do Los Angeles Times e vive em busca de uma história incomum. Em um dia como outro qualquer, não exatamente em sua busca por uma matéria, ele ouve na rua uma música e descobre Nathaniel, tocando muito bem num violino de apenas duas cordas. Seu nome é Nathaniel Ayers (Jamie Foxx), um dos milhares de sem teto das ruas de Los Angeles, ex-músico que sofre de esquizofrenia, sonha em tocar num grande concerto e é um eterno apaixonado por Beethoven. Lopez prepara uma coluna sobre sua descoberta e recebe de um leitor, como doação, um instrumento para o músico.
As reportagens de Lopez despertam a atenção da comunidade numa época em que o jornalismo impresso começa a entrar em crise com a crescente popularização da internet. Mas esta não é a principal proposta de "O Solista", mas sim a forma também de mostrar a forma degradante e miserável que os sem-tetos vivem nas ruas de uma metrópole na proporção de Los Angeles, mas que poderia ser em São Paulo. Ou seja, qualquer semelhança com a nossa Cracks Orlândia não é mera coincidência.
Da mesma forma que Ayers tira beleza de seu miserável violino, Wright é capaz de encontrá-la numa história triste como esta. Fugindo da armadilha de abusar do tom piegas ao explorar esta história, da qual poderia cair facilmente, o filme aborda essa amizade improvável desenvolvida entre os dois protagonistas, ao mesmo tempo em que desenvolve um drama conduzido pelo problema mental de Ayers que, como tantos outros sem-teto reais que surgem no decorrer do filme, é incapacitado de seguir com seus planos de ser músico profissional, ou mesmo viver em sociedade, por conta da esquizofrenia não-medicada, comprometendo qualquer tipo de relação, até com seus familiares. Mas ainda é capaz de se relacionar com a música. Aliás, uma das mais belas cenas do filme se encontra no momento quando Ayers assiste ao ensaio de uma orquestra. O coração acelera e, por meio de luzes coloridas, Wright traduz em imagens o que o protagonista poderia estar visualizando com os olhos fechados e o estímulo da poderosa música que ouve.
Mesmo abordando a beleza da arte e a forma como ela tem impacto na vida dos protagonistas, "O Solista" também não tem receio em mostrar a crueldade da vida miserável nas ruas de Los Angeles, mais precisamente no Skid Row, que, além de nomear banda de hard rock que costumava ser liderada por Sebastian Bach e fez sucesso no início dos anos 90, também é o bairro onde os sem-teto vivem na cidade. As filmagens, aliás, realmente ocorreram por lá.
"O Solista" é aquele típico filme para concorrer as premiações do Oscar, mas que foge muito bem do lado piegas e nos brindando com uma interessante lição de vida.
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