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Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 10 de outubro de 2022

Cine Dica: Em Cartaz - '5 Casas'

Sinopse: Cinco casas e as pessoas que as habitam. Uma velha professora de francês, um jovem homossexual, um homem que vive em uma fazenda isolada, um grupo de freiras que conduz uma escola e um menino cujos pais morreram 20 anos atrás. 

Determinados diretores gostam de retornar ao seu passado através dos seus próprios filmes e revelando assim uma faceta antes desconhecida para os demais espectadores. Em "Belfast" (2021), por exemplo, o diretor Kenneth Branagh mergulha em sua infância e revelando elementos que o levaram a se tornar o que ele é hoje em dia. Em "5 Casas" (2022) segue por uma proposta parecida, porém, em forma documental e pelas mãos do diretor Bruno Gularte Barreto que decide revelar o seu verdadeiro eu.

O documentário se passa em uma cidadezinha no interior do Rio Grande do Sul chamada Dom Pedrito, onde há cinco casas com cinco histórias que se interligam. Uma velha professora lutando para manter sua casa de pé, um jovem que sofre agressões por se recusar a esconder sua natureza, uma freira sendo transferida da escola que regeu com punho de ferro por décadas, um velho capataz em uma fazenda mal assombrada e um menino cujos pais morreram 20 anos atrás e que é hoje o diretor que volta para buscar as memórias de sua infância perdida e dar voz a essas pessoas.

O principal elemento da obra está com relação a presença de diversas fotos que o realizador havia deixado em uma antiga casa. A sua foto como menino, por exemplo, se torna a imagem mais significativa em cena que, embora sintetize tempos mais inocentes, não esconde uma leve tristeza em seu olhar e do qual seria correspondido com a morte dos pais. Ao rever essas fotos em um baú abandonado o realizador não somente decide resgatar um pouco do seu passado, como também ir atrás de pessoas que fizeram parte de sua infância como um todo.

Aliás, é a partir desses personagens que a cidade de Dom Pedrito se revela um local conservador, preconceituoso e que vive do agronegócio sem ao menos pensar nas consequências da saúde das pessoas devido aos produtos tóxicos. Um retrato não muito diferente do Brasil de hoje que se encontra cada vez mais afundando através retrocessos e que cabe serem freados antes que se perca tudo. E se por um lado um rapaz sofre nas mãos deste preconceito unicamente pela sua opção sexual, por outro, vemos uma professora que luta para manter a sua casa em meio aos avanços capitalistas e que não medem esforços em construir os seus grandes edifícios em volta.

A partir do seu documentário, Bruno Gularte Barreto decide dar voz a essas pessoas, dando lhe luz e um pouco de esperança em meio as ruínas de um passado que não pode ser esquecido. Não tem como não se emocionar, por exemplo, da freira que não gosta da ideia de ser transferida, mas que obedece às ordens da igreja a duras penas. E se por lado nos soa interessante a história do capataz em uma fazenda mal assombrada, por outro, ficamos nos perguntando como seria a história de cada um daqueles cidadãos que o realizador os destaca em diversas cenas e revelando uma divisão de classes por demais explicita fazendo com que fiquemos com o coração na mão devido a situação de determinadas pessoas.

Coração esse que se parte ao meio quando constatamos que o tempo destrói tudo, seja devido avanço vicioso do progresso, como também o fato que os nossos entes queridos vão partindo no seu devido tempo. Portanto, o realizador aproveita para preservar cada uma dessas fotos encontradas em seu baú, pois cada uma tem uma história a ser contada, a ser ensinada e da qual jamais pode ser esquecida. As casas podem ser destruídas, mas as nossas memorias se manterão sempre intactas.

"5 Casas" é uma declaração de amor para aqueles que se foram, para aqueles que ainda se encontram vivos e que desejam que as memorias pessoais jamais pereçam. 

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