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Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 24 de outubro de 2022

Cine Especial: Clube de Cinema de Porto Alegre - 'Mulheres'

 Nota: Filme exibido para os associados no último Domingo (23/10/2022).

Sinopse: Três ex-colegas de classe, agora na casa dos trinta, que se encontram em uma reunião escolar. Depois de uma noitada de bebedeira, elas tomam a decisão repentina de fugir de suas famílias e responsabilidades. 

É sempre interessante quando conhecemos um cinema quase desconhecido vindo de outros países, pois na maioria dos casos somos sempre mal acostumados com o cinema norte americano e fazendo a gente não aproveitar um novo cenário. Pouco conhecido para o olhar do cinéfilo, o cinema Norueguês talvez não seja muito diferente de um cinema mais autoral sueco do qual nós testemunhamos nas mãos de Ingmar Bergman, ou do que viria a se tornar o movimento Dogma 95. Assistindo "Mulheres" (1975) é um filme que você se encanta não somente pelas personagens, como também do modo em que foi filmado e despertando em nós o desejo de conhecermos mais a fundo aquele universo cinematográfico quase desconhecido.

Esse é o segundo longa-metragem de Anja Breien e surgiu como resposta a “Maridos” de John Cassavetes, que conta a história de três ex-colegas de classe, agora na casa dos trinta, que se encontram em uma reunião escolar. Depois de uma noitada de bebedeira, elas tomam a decisão repentina de fugir de suas famílias e responsabilidades. Vagando por Oslo, elas discutem sexo, feminilidade e responsabilidades familiares.

Segundo o crítico Peter Cowie ele descreveu Breien como uma pioneira do Dogma 95, 20 anos à frente do movimento de von Trier e Vinterberg, o que corresponde com o meu pensamento no início deste texto. Na abertura, por exemplo, vemos diversas mulheres se reunindo em uma mesa para comemorar a sua reunião após vários anos não terem se visto. Repare que a câmera segue um movimento continuo, como se fosse quase um documentário, pois uma vez que é apresentado as personagens vemos também retratos das próprias atrizes quando ainda eram meninas. Essa improvisação inicial me lembrou rapidamente do filme "Festa em Família" (1998) de Thomas Vinterberg e fazendo me preparar por alguma situação imprevisível que poderia acontecer.

Após esse prólogo, três personagens decidem não retornar as suas rotinas e decidem passar um dia juntas e desfrutarem um pouco da vida. É nesta mudança de curso que as três praticam que o filme nos conquista como um todo, principalmente pelo fato da câmera da diretora se tornar uma representação do nosso olhar, como estivéssemos acompanhando o trio central neste dia em que elas tomam novos rumos juntas e fazendo a gente se perguntar o que virá logo em seguida. Reparem, por exemplo, nas cenas em que elas começam a parar determinadas pessoas nas ruas, provocando em nós uma sensação de que tudo aquilo é bem espontâneo e fazendo a gente crer que aqueles cidadãos não faziam ideia do que estava acontecendo.

Durante a jornada, logicamente, elas começam a questionar as suas vidas, seja pelo fato delas estarem envolvidas ou não com os seus respectivos maridos, ou pelo fato se vale mesmo a pena seguirem a vida rotineira de casada e viver somente dentro de casa e cuidando dos seus filhos. É a metade da década de setenta, onde o feminismo está mais do que aflorado dentro da sociedade e o filme se encarrega de sintetizar o calor desse momento de questionamento a todo momento. Curiosamente, esse movimento dá de encontro com uma ala mais conservadora da própria Noruega e a Anja Breien consegue nos passar isso em momentos em que as três protagonistas ficam frente a frente com os "tais bons costumes" daquele país e que não aceitam determinadas mudanças na curva.

Na reta final, ficamos apreensivos quando as discussões começam aflorar mais seguidamente, pois desejamos que elas não se separem e que sigam com esse dia, mesmo que para algumas isso possa custar caro. Neste último caso, por exemplo, uma delas perde o emprego por ter faltado no dia, revelando não somente o cenário trabalhista da mulher naqueles tempos, como também preconceitos que ainda hoje nós enfrentamos. Tudo isso moldado em um filme que nos faz refletir o quanto é bom saímos da rotina, revisitar velhos amigos(a) e questionar sobre os rumos que tomaram e quais deveriam a ser seguidos dali em diante.

"Mulheres" é um filme que nos conquista ao não nos apresentar algo convencional, mas sim algo que nos faz pensar sobre o papel da mulher dentro da sociedade de ontem e hoje e de como é bom saímos do sistema rotineiro e abraçarmos de vez em quando o mundo real que quase sempre ignoramos. 

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