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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 26 de outubro de 2022

Cine Especial: Próxima Sessão do Clube de Cinema de Porto Alegre - 'Mudança'

Sessão Comentada Clube de Cinema

com a presença do diretor Fabiano de Souza

Local: Sala Eduardo Hirtz, Cinemateca Paulo Amorim, Casa de Cultura Mario Quintana

Data: 29/10/2022, sábado, às 10:15 da manhã


"Mudança"

Brasil, 2021, 88 min, 16 anos

Direção: Fabiano de Souza

Elenco: Gustavo Machado, Guili Arenzon, Rosanne Mulholland, Fernando Alves Pinto.  

Sinopse: Reinaldo (Gustavo Machado) e seu filho adolescente voltam do litoral para Porto Alegre a fim de comemorar o fim da ditadura militar. O pai espera uma promoção no trabalho e nutre grandes esperanças para o futuro, enquanto o garoto só deseja que o tempo passe logo.

Sobre o Filme:  

Fabiano de Souza tem despertado o interesse do cinéfilo gaúcho através dos seus dois títulos realizados que foram "A Última Estrada na Praia" (2011) e "Nós Duas Descendo a Escada" (2015). Em ambos os casos são obras que retratam o espirito de uma juventude brasileira ainda se perguntando em qual caminho irá trilhar antes dos eventos políticos que mudariam os rumos do país a partir de 2016. Com "Mudança" (2022) ele faz uma viagem no tempo, onde uma geração lutava pela democracia, mas fazendo se perguntar o que viria logo em seguida.

A trama se passa em 1985, onde o Congresso elege Tancredo Neves como presidente do Brasil por meio do voto indireto. Nesse contexto de mudança, Reinaldo (Gustavo Machado) e seu filho adolescente voltam do litoral para Porto Alegre a fim de comemorar o fim da ditadura militar. O pai espera uma promoção no trabalho e nutre grandes esperanças para o futuro, enquanto o garoto só deseja que o tempo passe logo. O país todo sonha com a mudança.

Por eu ter nascido no ano de 1980 eu tinha pouca ou nenhuma noção sobre o que era a política naquele momento e tão pouco sobre a transição em que o país estava passando. Ao ver o funeral de Tancredo Neves, por exemplo, mal tinha ideia dos novos rumos em que o país estava passando, sendo que as eleições diretas viriam posteriormente em alguns anos, mas o povo já queria uma mudança radical naquele momento. O filme sintetiza muito bem isso, onde os protagonistas principais buscam novas mudanças em suas vidas, enquanto o país se encontra em uma espécie de metamorfose, mas da qual ninguém previa o que viria.

Os protagonistas da trama, pai e filho, são dois lados da mesma moeda, porém, com expectativas diferentes mesmo que ambos se encontrem no mesmo cenário de incerteza. Mesmo com o roteiro não nos dando informações precisas é notório que Reinaldo enfrentou e viu de perto o lado negativo da Ditadura Militar e esperava de forma imediata uma forma de começar a trabalhar para os novos rumos do Brasil, nem que para isso possa correr o sério risco de ter que se vender para um novo sistema capitalista que irá dominar dentro de sua Democracia tão sonhada. Já o seu filho, muito bem interpretado pelo jovem ator Guili Arenzon, se encontra em uma fase de descobertas, tanto com relação aos desejos como também tentar enxergar essa nova utopia em que tanto o seu pai prega.

Fabiano de Souza surpreende na reconstituição de Porto Alegre do ano de 1985. Mesmo com poucos recursos ele consegue em pequenos planos sintetizar o calor daquele momento, sem muitos artifícios técnicos, mas sim com criatividade e belo empenho. Ao vermos os porto alegrenses daqueles tempos comemorando a vitória de Tancredo Neves com as suas bandeiras verde amarelo sentimos dentro de nós uma espécie de conflito interno, pois a pessoa atual de sintonia com o mundo real sabe muito bem o que esse desgoverno fez com a nossa bandeira e cujo o estrago é por demais complexo e criando assim um verdadeiro paradoxo.

Do segundo ao terceiro ato da trama, concluímos que ambos os protagonistas enfrentem as suas incertezas de uma forma distinta e individual. Se por um lado o pai consiga administrar o lado amargo de que nem tudo o que ele imaginava será concretizado, por outro lado, o seu filho irá trilhar um caminho ainda mais perigoso, do qual a sua ingenuidade é estilhaçada logo cedo, mas que talvez isso sirva como aprendizado e para esse futuro indefinido. Curiosamente, é simbólico o primeiro plano desse filme e do qual se alinha com o plano de encerramento.

No primeiro plano, por exemplo, vemos um casal de namorados na praia, escondidos dentro de uma guarita em um momento de intimidade enquanto o jovem protagonista testemunha o ato. Já no plano de encerramento vemos o jovem no mesmo local e observando os seus pais indo de encontro com as ondas da praia. Ao fundo vemos um letreiro dizendo "Brasil o País do Futuro".

Se no primeiro plano vemos um jovem ainda imaturo e curioso em descobrir sobre certas incertezas da vida, no plano final testemunhamos um jovem mais disposto em encarar os ventos da mudança, mesmo quando a mesma traga algo que não é bem o que o próprio esperava. Ao final, constatamos que aquela geração estava disposta em abraçar um novo futuro, mesmo quando o mesmo tenha decepcionado a maioria para dizer o mínimo. "Mudança" fala sobre uma geração brasileira que se encontrava em transição, mas cujo os ventos da mudança não corresponderam bem com as nossas expectativas. 


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