Sinopse: Por mais de uma década, Jeffrey Dahmer conseguiu matar 17 jovens rapazes sem levantar suspeitas da polícia. Descubra como ele conseguiu evitar a prisão por tanto tempo.
A primeira vez que eu tive conhecimento sobre o serial killer Jefferey Dahmer foi pelo lançamento da premiada Graphic novel "Meu Amigo Dahmer" (2017) que recontava adolescência do mesmo nos tempos de escola e sobre os seus primeiros passos para ao que ele viria a se tornar um dia. Com um caprichado texto do jornalista Ticiano Osório pelo jornal zero hora, eu logo fui comprar o volume e fiquei perplexo sobre a construção gradual de um ser humano para uma entidade fora do normal e que até hoje não se tem uma explicação clara sobre o que levava o mesmo a cometer tais atrocidades. Porém, a minissérie " Dahmer: O Canibal Americano” (2022) traz uma nova luz sobre os fatos, muito embora cada um levante a sua própria interpretação sobre a verdadeira origem do mal vinda de dentro de Dahmer.
Dirigido por Ryan Murphy e Ian Brennan, acompanhamos na minissérie a trajetória do infame serial killer Jeffrey Dahmer (Evan Peters). A produção explora a juventude do assassino até sua vida adulta e traz um retrato complexo da mente por trás do monstro que tirou a vida de 17 homens e meninos. Nascido na cidade de Milwaukee, Dahmer aterrorizou o estado de Wisconsin na década de 1980. Além dos brutais assassinatos, Jeffrey também cometia violência sexual e tortura contra suas vítimas. Seus crimes hediondos o tornaram um dos seriais killers mais conhecidos e temidos dos Estados Unidos.
Sinceramente eu nunca tinha ouvido falar sobre esse terrível caso que abalou os EUA no início dos anos 90, pois não havia filmes ou documentários sobre o assunto na época. Porém, após a poeira baixar, era inevitável que houvesse alguma adaptação sobre os fatos, sendo que "Meu Amigo Dahmer" teve a sua adaptação para o cinema em 2019. Contudo, essa minissérie da Netflix vai mais longe, ao retratar um pouco da infância de Dahmer, assim como a desajustada vida de seus pais e sendo cada um responsável em parte pela formação do seu filho para se tornar em um futuro assassino. Ao chegar na adolescência, constatamos que Dahmer age de forma estranha, mas ao mesmo tempo compreendemos que é uma pessoa solitária, da qual não queria ficar só, mas tornando isso uma obsessão e o levando aos desejos nada convencionais para dizer o mínimo.
Vale destacar a incrível direção de cada um dos episódios, sendo que o primeiro é disparado o melhor deles, onde vemos Dahmer em seu apartamento e se preparando para cometer mais uma atrocidade contra uma vítima. A tensão é tamanha nas cenas que sentimos uma sensação claustrofóbica, como se estivéssemos naquele local ao lado da vítima e nascendo em nós o desejo para que ele pudesse fugir dali o quanto antes. Os desdobramentos desse primeiro episódio são imprevisíveis e abrindo um leque de situações inimagináveis.
A minissérie também escancara o desleixo da policial local onde ocorria os assassinatos, sendo que dois oficiais tiveram a capacidade de não fazerem nada para ajudar uma vítima que estava drogada na frente do prédio e permitindo que Dahmer o levasse para de volta ao seu apartamento. Dahmer somente conseguiu ser capturado, não somente pelo fato de a última vítima ter se salvado, como também da persistência da sua vizinha em tentar denuncia-lo. Niecy Nash está ótima como a vizinha que sente o horrível cheiro que vem do apartamento ao lado e sendo uma das primeiras a descobrir o que realmente Dahmer estava fazendo.
Curiosamente, a produção toca em assuntos espinhosos e que perduram até nos dias de hoje, sobre a discriminação contra os imigrantes, contra os negros e a comunidade LGBT, sendo que esses eram os principais alvos do assassino e cuja a justiça não se preocupava com os seus desaparecimentos. Acredito eu que os familiares das vítimas atualmente não tenham gostado de novamente reverem seus entes queridos na tela serem mortos pelo assassino, mas acredito também que a produção sirva como uma denúncia contra o preconceito e cuja as vozes que se calaram devido ao desleixo das autoridades locais não devam se calar tão cedo. Em um momento em que vivemos diversos retrocessos em inúmeros locais pelo mundo cabe nos lembrarmos que houve tempos piores, mas que não devem retornar em hipótese alguma.
Com um conteúdo tão pesado e polêmico como esse era preciso ter um ator que se entregasse de corpo e alma para o lado sombrio da mente humana e coube a Evan Peters a pesada tarefa. Conhecido mundialmente como o velocista Peter da segunda trilogia de X-Men, Evan Peters tem se destacado nos mais diversos papeis, tanto para o cinema como para a tv e provando cada vez mais o seu lado versátil e não temendo pelas suas escolhas ao longo do percurso. Ao interpretar Jeffrey Dahmer, o interprete simplesmente se transforma no assassino, ao criar um tom de voz completamente semelhante e passando para nós uma imagem que transita entre a lucidez e a loucura e da qual a mesma explode toda vez que tudo foge do seu controle.
Ao final, concluímos que a história de Jeffrey Dahmer é triste e cujo o seu final é previsivelmente chocante. Infelizmente a sua busca pela satisfação do seu modo de viver acabou gerando dor e tristeza para diversas pessoas e cuja essa saga sangrenta poderia ter sido evitada, desde que Dahmer tivesse tido uma melhor orientação com relação aos passos em falsos da vida. Resta somente torcer para que atualmente tipos como ele sejam identificados o mais breve possível, para que não haja mais perdas e sofrimento.
" Dahmer: O Canibal Americano" é pesado, complexo, reflexivo e que fala sobre o que leva um ser humano em tonar um verdadeiro monstro.
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