Documentário
O CASO DO HOMEM ERRADO estreia com debate no CineBancários
O CASO DO HOMEM
ERRADO tem sessão especial seguida de debate no dia 22 de março às 19 horas,
com a presença da advogada Karla Meura, da produtora executiva Mariani
Ferreira, do Major da Brigada Militar Dagoberto Albuquerque da Costa, do
coordenador do Coletivo Estadual de Igualdade Racial dos Bancários do RS Edison
Moura e a mediação do jornalista Airan Albino.
O CASO DO HOMEM
ERRADO conta a história do jovem operário negro Júlio César de Melo Pinto, que
foi executado pela Brigada Militar, em 1987, em Porto Alegre/RS. O crime ganhou
notoriedade após a imprensa divulgar fotos de Júlio sendo colocado com vida na
viatura e chegar, 37 minutos depois, morto a tiros no hospital. O filme traz o
depoimento de Ronaldo Bernardi, o fotógrafo que fez as imagens que tornaram o
caso conhecido, da viúva do operário, Juçara Pinto, e de nomes respeitados da
luta pelos direitos humanos e do movimento negro no Brasil. Além do caso que dá
título ao filme, a produção discute ainda as mortes de pessoas negras
provocadas pela polícia. A Anistia Internacional, inclusive, fala de genocídio
da juventude negra devido ao grande número de jovens negros assassinados pelas
forças de segurança no País. O filme também apresenta dados atuais sobre essa
violência contra a comunidade negra.
O longa-metragem
finalizado em maio de 2017 trilha um caminho de sucesso para uma produção
independente brasileira. Ainda em maio teve pré-estreia no Capitólio com uma
marcha do centro da cidade de Porto Alegre até ao cinema com o lema “Vidas
Negras Importam”. Em agosto, fez a sua estreia nacional no 45º Festival de Cinema
de Gramado. Em novembro, na sua primeira participação internacional em
festivais, ganhou o prêmio de melhor filme no 9º Festival Internacional de Cine
Latino, Uruguayo y Brasileiro, em Punta del Este. E para finalizar, em
dezembro, realizaram o lançamento do documentário na capital mais negra do
país, Salvador, na Sala Walter da Silveira, com lotação máxima.
Para seguir nessa
trajetória, CASO DO HOMEM ERRADO entra em cartaz dia 22 no CineBancários com a
intenção de ampliar o debate em torno do racismo, que mata uma parcela
significativa de indivíduos por conta da pigmentação de sua pele. Segundo dados
da CPI do Senado sobre o Assassinato de Jovens, 23.100 jovens negros de 15 a 29
anos são assassinados todos os anos. São 63 por dia. Um a cada 23 minutos. A
CPI toma por base os números do Mapa da Violência, realizado desde 1998 pelo
sociólogo Julio Jacobo Wasilfisz a partir de dados oficiais do Sistema de
Informações de Mortalidade do Ministério da Saúde. O último Mapa da Violência
contabilizou que cerca de 30 mil jovens são assassinados por ano no Brasil e
77% são negros. Ainda de acordo com o Mapa, a taxa de homicídios entre jovens
negros é quase quatro vezes maior que a entre os brancos, 36,9 a cada mil
habitantes, contra 9,6.
Ficha Técnica
Produtora: Praça de
Filmes
Diretora: Camila de
Moraes
Roteiro: Camila de
Moraes, Mariani Ferreira e Maurício Borges de Medeiros
Produção Executiva:
Camila de Moraes e Mariani Ferreira
Elenco: (Depoentes)
Juçara Pinto, Paulo Ricardo de Moraes, Ronaldo Bernardi, Luiz Francisco Corrêa
Barbosa, João Carlos Rodrigues, Jair Kirschke, Edilson Nabarro, Renato
Dornelles, Paulo Antônio Costa Corrêa, Waldemar Moura Lima, Vera Daisy
Barcellos, Romeu Karnikowski, Aline Gerber
Direção de Fotografia:
Maurício Borges de Medeiros
Trilha Sonora: Rick
Carvalho
Montagem: Maurício
Borges de Medeiros
Desenho de Som:
Guilherme Cássio dos Santos
Mulheres no Cinema
Realizado pela
produtora de cinema gaúcha Praça de Filmes, o documentário tem a coordenação de
duas jovens negras, Camila de Moraes que assina a direção e Mariani Ferreira
que faz a produção executiva, ambas jornalistas. Segundo dados apresentados no
final de janeiro deste ano pela Agência Nacional de Cinema (Ancine) no estudo
“Diversidade de Gênero e Raça nos lançamentos de 2016”, analizando 142 filmes
lançados comercialmente no respectivo ano concluiu que mesmo a população
brasileira tento 51% de mulheres e 54% de negros, os homens brancos dirigiram
75,4% dos longas-metragens e na outra ponta desta tabela as mulheres negras não
assinaram a direção, o roteiro ou a produção executiva de nenhum filme nacional
naquele ano.
O estudo mostra que
19,7% de mulheres brancas dirigiram longas. Os homens negros dirigiram 2,1%. O
roteiro desses filmes também foi escrito principalmente por homens brancos,
59,9%, mulheres brancas, 16,2%, e parcerias entre homens brancos e mulheres
brancas, 16,9%. Os homens negros foram roteiristas em 2,1% dos filmes e
estiveram em parcerias com homens brancos em 3,5%. Dados atualizados do Grupo
de Estudos Multidisciplinar da Ação Afirmativa (Gemaa), vinculado ao Instituto
de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, que
acompanha o tema, mostram que mulheres negras não dirigiram ou roteirizaram um
filme sequer entre os de maior bilheteria no período de 1995 a 2016. Na verdade
houve uma queda da presença feminina no audiovisual. Em 2015, mulheres
dirigiram e roteirizaram 19% e 23% das obras de espaço qualificado, números que
diminuíram para 17% e 21% em 2016. Nos últimos oito anos, conforme o balanço,
os índices flutuaram. Mulheres dirigiram 10% dos filmes em 2014, sem nunca
ultrapassar 24% de todas as produções, recorde observado em 2012.
“Diante desses dados
é preciso criar medidas específicas para garantir um olhar mais plural, pois
essas produções que temos são os olhares que vão construir o imaginário das
novas gerações, e essas produções são feitas, na maioria das vezes, por homens
brancos. As disparidades que vemos são o reflexo da sociedade. Então, nós
fizemos questão de ocupar o espaço de direção e produção executiva do
documentário ‘O Caso do Homem Errado’, pois é para demarcar espaço, é um ato
político, é que para os próximos estudos da Ancine sobre o ano de 2017 tenha
registrado, ao menos, uma produção de longa-metragem dirigida por uma mulher
negra e que entrou em circuito comercial. Estamos dando um passo de cada vez.
Sabemos que temos produções no audiovisual negras, que temos mulheres negras
nas mais diversas áreas produzindo e escrevendo uma nova história através desse
outro olhar, porém percebemos a dificuldade que é chegar nos registros e
regulamentações de toda uma obra audiovisual. No nosso caso tivemos uma
parceira com a produtora Praça de Filmes já registrada na Ancine, mas e as
produções negras que não tem produtoras como fazem para dar esse passo? O
registro é caro, as taxas, os documentos exigidos para exibir o filme em uma
sala de cinema ou em TV. É tudo pago. Como conseguir esses recursos
financeiros? Essas questões todas surgiram para nós na pós produção do
documentário, que está sendo mais difícil que imaginava, pois é um processo
executivo, burocrático, que demora, porém por mais exaustas que estejamos,
fizemos um acordo de não desistir, de nenhum passo atrás. Vamos ocupar todos os
espaços e a sala de cinema do CineBancários é só a primeira desse circuito
comercial que se inicia, podem ter certeza que em 2018 vamos fazer vários
rolezinhos no cinema com a nossa população negra”, desabafa da diretora Camila
de Moraes.
Grade de horários:
*Não abrimos
segundas-feiras
22 de março
(quinta-feira)
15h - A luta do
século
17h - A luta do
século
19h - O caso do homem
errado ( com a presença da advogada Karla Meura, da produtora executiva Mariani
Ferreira, do Major da Brigada Militar Dagoberto Albuquerque da Costa, do
coordenador do Coletivo Estadual de Igualdade Racial dos Bancários do RS Edison
Moura e a mediação do jornalista Airan Albino. )
23 de março
(sexta-feira)
15h - A luta do
século
17h - A luta do
século
19h - O caso do homem
errado
24 de março (sábado)
15h - A luta do
século
17h - A luta do
século
19h - O caso do homem
errado
25 de março (domingo)
15h - A luta do
século
17h - A luta do
século
19h - O caso do homem
errado
27 de março
(terça-feira)
15h - A luta do
século
17h - A luta do
século
19h - O caso do homem
errado
28 de março
(quarta-feira)
15h - A luta do
século
17h - A luta do
século
19h - O caso do homem
errado
29 de março
(quinta-feira)
15h - Zama
17h - O caso do homem
errado
19h – Zama
30 de março
(sexta-feira)
15h - Zama
17h - O caso do homem
errado
19h – Zama
31 de março (sábado)
15h - Zama
17h - O caso do homem
errado
19h - Zama
1 de abril (domingo)
15h - Zama
17h - O caso do homem
errado
19h - Zama
3 de abril
(terça-feira)
15h - Zama
17h - O caso do homem
errado
19h - Zama
4 de abril
(quarta-feira)
15h - Zama
17h - O caso do homem
errado
19h - Zama
C i n e B a n c á r i
o s
Rua General Câmara,
424, Centro
Porto Alegre - RS -
CEP 90010-230
Fone: (51) 34331204
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