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Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 28 de março de 2018

Cine Especial: Clube de Cinema de Porto Alegre: O Insulto

Nota: Filme exibido para os associados do cineclube de Porto Alegre no dia 24/03/18.

O Insulto

Sinopse: Toni é um cristão libanês que rotineiramente rega as plantas de sua varanda. Certo dia, acidentalmente, ele acaba molhando Yasser, um refugiado palestino, iniciando um desacordo que evolui para julgamento e toma dimensão nacional.
 


A violência atual do qual o Brasil passa, onde há no fundo questões políticas, raciais, e crenças, não se limita somente em nosso país, como também é um problema global que está cada vez mais aumentando no mundo. Porém, determinadas situações, por vezes banais, poderiam ser evitadas através de um dialogo, mas às vezes o problema se encontra muito além de nossa visão. O Insulto é uma trama que se passa do outro lado do mundo, mas não tem como não se identificar com a história, pois os atos e consequências dentro da trama estão cada vez mais rotineiros do outro lado da tela.
Dirigido por Ziad Doueiri (West Beyrouth), a trama se passa em Beirute, onde acompanhamos a rotina do Cristão Libanês Toni Hanna (Adel Karan), casado com uma bela esposa e aguardando a chegada de sua primeira filha. Certo dia, ele acidentalmente acaba molhando um trabalhador chamado Yasser (Kamel El Basha), um refugiado palestino. Entre insultos e agressões físicas, ambos iniciam uma disputa na justiça, onde o julgamento pode proporcionar dimensões imprevisíveis.
Se criando então o ato e a consequência, o cineasta Ziad Doueiri procura apresentar os personagens de uma forma humana, mas fazendo a gente se perguntar por que eles agem assim de uma forma tão inconsequente. Claro que, aos poucos, se percebe que ambos os lados carregam cicatrizes emocionais, onde as guerras e os preconceitos de décadas os fizeram serem moldados de uma forma que, talvez, desejassem terem sido outros tipos de pessoas ao longo da vida.  Mas por mais fortes que tenham sido nunca é fácil esconder a dor e o ódio que vive crescendo no decorrer do tempo.
Tecnicamente o filme é dinâmico, onde uma situação iniciada em uma varanda toma proporções que ninguém acredita e fazendo com que não nos desviemos o olhar da tela. Hábil como ninguém, Ziad Doueiri ainda insere pequenos elementos que se tornam dinamites para despertar a raiva de seus protagonistas. Quando a gente acha que haverá uma trégua, eis que o papel da mídia vinda da TV, por exemplo, se torna uma fonte, não só parcial, como também semeando o ódio de uma forma inconsequente.
Mas é no cenário do tribunal que o filme nos brinda com os seus melhores momentos, pois além de fazer nos lembrar de grandes clássicos do cinema dentro do subgênero tribunal, os advogados de ambos os lados roubam a cena. Se a advogada Nadine (Diamand Bou Abboud) transmite total virtude em defesa de Yasser, o advogado de Toni, interpretado com intensidade pelo ator Camille Salamé, nos surpreende por momentos dos quais nos faz a gente se dividir sobre ele, pois nunca sabemos, até certo ponto, até onde ele irá para ganhar a causa. O ápice do enfrentamento entre os dois advogados se encontra nos momentos em que ambos tentam encontrar uma lógica em meio a uma situação que periga a qualquer momento declinar para o ódio e a insanidade.
Porém, o ato final nos brinda com momentos emocionantes, onde a ficção transita em uma realidade, mais especificamente na guerra Civil Libanesa, conflito que aconteceu entre 1975 e 1990. É aí que o passado e o presente então se cruzam e fazendo com que os personagens principais parem e reflitam sobre quem é realmente o culpado pela semente de ódio que germinou e que pode então cessa-la por um pequeno gesto humano e solidário. Não há como apagar o passado, mas não significa que se deve sempre carregá-lo. 
O Insulto é sobre a humanidade atual em conflito, onde cada vez mais se encontra se afundando em discursos fascistas e preconceituosos, mas não significa que não aja uma luz no fim túnel e o filme sintetiza muito bem isso.    
    
 
 Nota: O filme segue em cartaz na casa de Cultura Mario Quintana de Porto Alegre as 19h.


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