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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 26 de março de 2018

Cine Dica: Em Cartaz: A Luta do Século



Sinopse: O documentário conta a lendária rivalidade entre os boxeadores nordestinos Luciano “Todo Duro” Torres e Reginaldo “Holyfield” Andrade, dois ídolos do esporte na década de 90, que hoje vivem fragilizados pela extrema pobreza após toda uma era de estrelato.A Luta do Século narra a trajetória dos pugilistas Reginaldo Holyfield e Luciano Todo Duro, que encontraram no boxe uma maneira de escapar da miséria e tornaram-se dois dos maiores ídolos do esporte nordestino. A rivalidade entre eles colocou em pé de guerra Bahia e Pernambuco nos anos 90. 

Se em tempos romanos o povo adorava os gladiadores se matando, em tempos atuais no esporte, independente de qual categoria esportiva que seja esse desejo pela disputa entre os mais fortes continua mais viva do que nunca. No Brasil, por exemplo, há uma rivalidade, por vezes, de vida ou morte entre torcedores do futebol, mas não se limitando somente a essa categoria esportiva. Em A Luta do Século, testemunhamos não somente a rivalidade de dois boxeadores profissionais, como também a que ponto a torcida de ambos os lados levam ao extremo essa obsessão em torcer pelos seus ídolos.
Dirigido por Sérgio Machado (roteirista de Abril Despedaçado), o documentário transita entre a era de ouro, decadência e redenção de dois grandes lutadores de boxe do Brasil. Luciano Todo Duro Torres e Reginaldo Holyfield, foram colecionando inúmeros títulos ao longo da carreira, mas tendo um contra o outro uma rivalidade que contagiava as suas torcidas. Muitos anos depois, onde ambos se encontram aposentados, decidem duelar numa luta especial para decidirem quem ainda é o melhor.
Ao assistir ao documentário, é claro que todo cinéfilo que se preze, irá logo se relembrar de clássicos do cinema como Touro Indomável, Rocky e Menina de Ouro. Porém, a obra vai para algo, propositalmente, bem amador, ao sintetizar um período em que o brasileiro só dependia da televisão como entretenimento e testemunhamos então inúmeras imagens de arquivos. O resultado é um documentário cru, do qual nos apresenta tempos muito mais selvagens, em que o esporte era o único meio em que o povo colocava para fora a sua raiva interna e se esquecia um pouco dos seus problemas do seu dia a dia.
É claro que quem se beneficiava com isso eram os próprios lutadores, dos quais viviam sempre disso, ao ponto de criarem momentos imprevisíveis, ao se digladiarem um contra o outro em determinadas entrevistas na TV ao vivo. Nitidamente, se percebe que há textos feitos para cada um dos lutadores, como se eles tivessem combinado anteriormente antes de ambos entrarem ao vivo em determinadas entrevistas. Porém, diferente de filmes como O Lutador, por exemplo, onde retratava os bastidores da luta livre, aqui nunca fica explicitamente se há uma combinação ou não entre os protagonistas, mas ficando aquela sensação no ar.
Embora com métodos diferentes no combate, ambos tiveram carreiras de sucesso semelhantes, ao ponto de cada um ter três esposas. Contudo, do auge vem à decadência, ao ponto de que ambos tiveram que administrar o pouco que a vida ainda oferecia a eles. Holyfield, por exemplo, acabou sendo o mais afetado, pois sofreu sérias queimaduras durante um incêndio.
O documentário então se envereda para a redenção, onde ambos tentam se reerguer na vida, nem que para isso tenham que depender um do outro. A obra fecha então um circulo, onde começamos vê-los em seus anos dourados e sendo finalizado em momentos em que o termo “nostalgia” faz todo o sentido. Embora não fique explicitamente, ambos reconhecem que vivem somente disso e é o que fazem para então continuarem vivos. 
A Luta do Século é uma pequena síntese sobre o auge e a decadência de dois grandes esportistas e de como eles contagiaram uma geração inteira que curtia tempos mais crus e selvagens do mundo do boxe.



Em cartaz: Cinebancários. Rua General da Câmara 424, Centro de Porto Alegre. Horários: 15h e 17h.   



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