Sinopse: O cotidiano de
quatro militantes LGBT que vivem na periferia de São Paulo. A partir da
intimidade e do contexto social dos personagens, o documentário levanta
questões contemporâneas sobre a população trans e suas disputas políticas.
Uma coisa é saber que existe
a comunidade LGBT, mas outra coisa é debater sobre o assunto para que então
todos nós possamos assim compreendê-lo. Infelizmente num país como o nosso,
principalmente no “pós-golpe 2016”, vivemos em uma realidade em que esse
governo ilegítimo cada vez mais tenta esconder essas pessoas das demais, ou
então criando propostas conservadoras e das quais somente tornariam a vida delas
cada vez mais complicada. Em Meu Corpo é Político, testemunhamos uma realidade
crua, do dia a dia de algumas dessas pessoas que vivem na luta contra o preconceito
e no direito de obter um lugar ao sol.
Dirigido pela cineasta Alice
Riff (Casa Vazia), acompanhamos o dia a dia de quatro militantes LGBT, que
tentam viver o seu dia a dia através dos seus afazeres, trabalho e na luta pelo
reconhecimento. Fernando Ribeiro é um homem transgênero batalhando para ter
direito a utilizar o nome masculino em seus documentos. Giu Nonato, mulher
trans, tem um importante trabalho fotográfico, feito na base da raça, que visa
incentivar a valorização dos corpos. Paula Beatriz é a primeira trans diretora
de escola do estado de São Paulo. E, por fim, Linn Santos é uma funkeira quer,
ou “bicha lacradora”, como a própria provavelmente gostaria de ser chamada, em
alusão às letras fortes de suas músicas.
Além dos quatro personagens
centrais terem algo em comum, eles também vivem na periferia, região que, infelizmente,
não é bem vista com bons olhos pelos poderosos, corruptos e conservadores.
Esses últimos, aliás, dos quais são formados por políticos evangélicos, tem
sido normalmente os principais responsáveis pela maioria da comunidade LGBT
viver às vezes num verdadeiro calvário. Linn Santos, por exemplo, usa a sua
musica do funk como uma espécie de protesto contra o presente e de um passado
opressor, do qual se vivia preso nas mãos de pastores, mas que a partir do
momento que largou dessa vida se sentiu livre para obter então o seu voo mais
alto.
Seguindo a nova onda do
cinema independente, dos quais esses filmes são uma espécie de ficção/documentário,
ou simplesmente “cinema verdade”, o filme serve de plataforma para cada uma
dessas pessoas falarem sobre suas vidas e, logicamente, soltar a voz numa forma
de protesto e desabafo. Fernando Ribeiro, por exemplo, bota pra fora com um
atendente sobre o fato de ainda não conseguir o direito de obter o seu nome
masculino em seus documentos. É nesse momento em que a realidade transborda
como um todo, não havendo nenhum resquício para que aquele momento soasse como
artificial, mas sim uma espécie de desabafo sincero e do qual pudéssemos melhor
apreciá-lo e compreende-lo.
Infelizmente o filme somente
peca um pouco por não dar um espaço maior para alguns dos seus protagonistas. Paula
Beatriz, por exemplo, é a que menos tem tempo em cena, mas que, toda vez que
surge, ficamos nos perguntando como deve ter sido árdua a sua cruzada para ter
chegado aonde chegou como diretora de uma escola. Em tempos em que os conservadores
querem proibir assuntos de gênero dentro das escolas, Paula Beatriz seria uma
voz forte contra esses retrocessos e que, pensando assim, um filme
protagonizado somente pela própria seria muito bem vindo.
Com pouco mais de uma hora
de duração, Meu Corpo é Político, é um manifesto contra esses tempos
conservadores e que cada vez mais tornam o futuro do nosso país nebuloso e
indefinido.
Assista o trailer clicando aqui.
Onde assistir:
Cinebancários. Rua General da Câmara 424, Porto Alegre. Horários: 15h e 19h.
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