Sinopse:
Preso há oito anos, Ivan Silva ganhou o direito de sair da cadeia em regime
semiaberto, mas pena para se adaptar à nova rotina. Apesar de estar livre da
superlotação carcerária, continua preso a uma tornozeleira eletrônica e
compartilha entre quatro paredes seu incômodo com amigos e familiares,
impossibilitado de sair às ruas e fazer o que realmente deseja sem ter os
passos vigiados pela polícia.
Num país como o Brasil, em que
os presídios se tornaram conhecidos pelo mundo devido a sua super lotação, a
tornozeleira eletrônica acabou sendo no
princípio uma boa opção. Porém, além do
detido sofrer com o preconceito por ter estado preso, o aparelho eletrônico o
faz com que fique limitado perante o mundo e não podendo desfrutar muito longe
dos prazeres dos quais almeja obter. Corpo
de Delito explora esse entrave na vida do apenado, do qual busca ao menos um mínimo
de prazer, mas a realidade sempre acaba por bater na sua porta.
Dirigido pelo cineasta Pedro
Rocha, o filme acompanha o dia a dia de Ivan Silva, apenado que ganha o direito
de regime semiaberto, mas se vê obrigado a ter que usar uma tornozeleira eletrônica.
No decorrer do tempo conhecemos a sua família, amigos e seus prazeres, mas dos
quais não pode usufruir completamente. O protagonista então se vê numa corda
bamba, pois não importa de que lado irá cair, pois em ambos os casos irá
perder.
Assim como no recente Meu Corpo
é Político, o filme explora ás pessoas que vivem na periferia, mais
precisamente nos bairros pobres e que tentam viver com o que possuem. Seguindo
a tendência do cinema brasileiro independente, como Branco sai, Preto fica como
um dos melhores exemplos dessa leva, o filme é uma espécie de “cinema verdade”,
ou uma espécie de documentário que transita com a ficção, mas que soa real a
todo momento. Corpo Delito é um documentário de observação,
pois evita comentários em off, não conta com nenhuma voz exterior que dê
significado às cenas, pois o sentido vem dessas cenas e apenas delas.
Ao
vermos o protagonista retornando ao convívio com a família, presenciamos um
incomodo vindo dele, mesmo que silencioso, pois há o desejo em querer ser livre
e realizar diversos sonhos que não se encontram ao seu alcance. A liberdade
vigiada, como sempre houvesse um grande olho em sua volta, é o que mais
incomoda Ivam. Monitorado pelo aparelho eletrônico, ele só pode fazer o trajeto
que o leva de casa ao trabalho e criando assim uma falta de perspectiva com
relação ao que irá fazer posteriormente em seu futuro.
É
claro que o marinheiro de primeira viagem, do qual nunca ficou numa situação
parecida, irá logicamente preferir o monitoramento a conviver num inferno dos presídios
super lotados. Porém, o documentário
deixa claro que sempre há um “porém’, principalmente quando se desvencilha de
algo ruim, mas tendo que conviver com um preço que, por vezes, é muito alto
para se pagar. O Ivan visto na tela é um jovem gente como a gente, arrependido
dos seus crimes, querendo ao mínimo cair na balada, mas sabendo que o pequeno empecilho
grudado em seu tornozelo pode lhe custar muito alto se der um sequer passo em
falso. A pulsão da juventude tenta Ivam a cometer algo que ele sabe ser um
desatino, mas que prefere abraçar o risco a ter que conviver numa pálida vida
que poderia ter sido melhor um dia.
Corpo
de Delito é um documentário que destrincha a realidade dessas pessoas comuns
que vivem nas já citadas periferias e que, infelizmente, vivemos num Brasil em
que ainda teima a desconhecer.
Assista o trailer clicando aqui.
Onde
assistir: CineBancários. Rua General da Câmara 424, centro de Porto Alegre.
Horários: de terça a domingo, às 17h.
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