Sinopse: Na Sicília, o
adolescente Giuseppe desaparece de uma pequena vila próxima à floresta. Sua
amiga Luna recusa-se a aceitar seu misterioso desaparecimento e tenta
encontrá-lo através de um portal para o mundo sombrio que o tragou. Uma
história verdadeira envolvendo um seqüestro cometido pela máfia siciliana,
porém, contada como se fosse uma fábula gótica.
Adaptar fatos verídicos é
sempre uma faca de dois rumes, pois às vezes se tem interesse em ser fiel aos
fatos, mas acaba com que o filme perca a sua personalidade cinematograficamente
falando. Porém, as vezes a criatividade de cineastas e roteiristas contorna
esse dilema, sendo fiel aos fatos, mas romanceando e tornando o projeto mais
receptivo. O Fantasma da Sicília é puro cinema, mas que respeita os fatos verídicos
dos quais se baseou e ao mesmo tempo criando um fio de esperança mesmo dentro
de uma realidade nua e crua retratada na tela.
Na Sicília dos anos 90, Luna
(Julia Jedlikowska) e Giuseppe (Gaetano Fernandez) são grandes amigos, cuja
essa amizade começa a florescer algo a mais. Porém, Giuseppe desaparece e
fazendo com que Luna se desespere em sua procura. Não demora muito para que ela
tenha que lidar com a dura realidade de sua perda e que somente com sua persistência
e amor pelo amigo é o que poderá fazê-la com que se torne mais forte perante a
situação.
Começando como cineastas de curtas
metragens, Fabio Grassadonia e Antonio Piazza demonstram habilidade na direção,
principalmente na forma como eles apresentam a trama. Sem os já costumeiros
créditos de abertura dizendo que a trama é baseada em fatos verídicos, o filme
acaba nos surpreendendo pela forma na construção da narrativa, onde não fica
claro num primeiro momento o que realmente aconteceu a Giuseppe. A primeira
vista parece que estamos vendo um filme sobre um fantasma, ou que tudo não passa
de uma imaginação fértil vinda de Luna e assim quebrando com a nossa compreensão
com relação sobre o que está realmente acontecendo.
Só iremos nos dar conta dos verdadeiros
fatos ao término do primeiro ato e é onde Luna começa sua real obsessão pela
busca de seu amigo. Julia Jedlikowska dá um verdadeiro show de interpretação,
sendo que ela consegue transmitir através de sua personagem uma aura de
confusão mental, mas contida e da qual lhe faz seguir em frente até o fim. Ao
mesmo tempo presenciamos os dias fatídicos de Giuseppe como prisioneiro num
porão qualquer da Sicília e Gaetano Fernandez nos passa uma interpretação singela
e até mesmo conseguindo amenizar os doloridos dias que o seu jovem personagem passa.
Mas se no primeiro ato os
cineastas nos surpreendem, do segundo em diante tudo o que é visto deve ser
apreciado com desconfiança, já que realidade e fantasia se fundem a todo o
momento. Aliás, o clima da produção nos passa uma sensação de fábula gótica,
como se a jovem protagonista tentasse se prender a uma realidade da qual
houvesse esperança em reencontrar o seu amigo. Uma vez que esse fio de
esperança se rompe ao dar de encontro com o mundo real, há então um rompimento
brusco e do qual testemunhamos a trágica verdade.
Porém, os minutos finais nos
reservam múltiplas emoções, das quais nos trás um frescor de esperança, Pode
parecer pouco corajoso, ou que não faça nenhum sentido com que até ali havia
sido apresentado, mas talvez os realizadores tenham optado em dar um pouco mais
de luz e mantendo a força da esperança como principal virtude contra os males
que vem de nossa própria realidade. É aquele filme em que você ama-o ou deixe-o,
mas que ficará pensando sobre ele por um bom tempo.
O Fantasma da Sicília é uma
bela fábula gótica, onde o amor e esperança prevalecem perante as dores vindas
do nosso mundo.
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