Sinopse: As ruínas do
Cine Continental, abandonado em pleno sertão da Paraíba, servem como ponto de
partida para um ensaio sobre o cinema, com depoimentos de diversos
realizadores.
Nada melhor do que ir
ao cinema e assistir um filme do qual você sabia pouco sobre ele. Quando eu
soube de Um filme de Cinema de Walter Carvalho (Janela da Alma), eu achava que
o documentário iria explorar as origens do Cinema Continental, localizado no sertão
da Paraíba e que atualmente se encontra em ruínas. Porém, o cenário somente
serve de passaporte para o cinéfilo de carteirinha, já que Carvalho nos leva
para testemunharmos as opiniões de inúmeros cineastas consagrados com relação
ao cinema e do porque deles se dedicarem a essa arte até hoje.
Uma vez apresentado a
premissa do documentário, Carvalho logo coloca na tela entrevistas das quais
ele realizou no decorrer dos anos e as juntou para formar um verdadeiro mosaico
de informações com relação à sétima arte. Dos convidados temos os ilustres
cineastas como Ken Loach, Gus Van Sant, Héctor Babenco, Jose Padilha, Karim Ainouz,
Júlio Bressane, Giuseppe Tornatore e, para o meu espanto, Béla Tarr, do qual eu
conheci pelo filme Cavalo de Turim. Cada um possui uma opinião distinta com relação
aos motivos que os levaram a embarcarem nesse trabalho, do qual pode trazer,
tanto o sucesso, como também uma carreira de altos e baixos. Curiosamente,
alguns deles nem se imaginavam como cineastas, sendo que alguns, por exemplo,
pensavam que se tornariam somente escritores, mas que foi devido às sessões de
cinema de antigamente que fizeram muitos deles se tornarem o que são hoje. É
por essas sessões narradas por eles que o documentário ganha ainda mais brilho,
principalmente quando surgem do nada algumas cenas clássicas de inúmeros filmes,
que vai desde os clássicos O Demônio das Onze Horas, Banda a Parte (ambos de Jean
Luc Godard), aos filmes como Cinema Paradiso e Elefante.
O documentário não só
se propõe a buscar opiniões distintas de cada um desses cineastas, como também
elevar a importância do cinema ao longo da sua história. Um dos momentos mais
curiosos, por exemplo, é quando todos concordam com o fato de que, o cinema em
si, é a própria maquina do tempo, da qual possui começo (passado), meio (presente),
fim (futuro). Se isso pode soar meio que forçado, basta observar um dos cineastas
analisando o velho rolo de filme e nos darmos conta que esse pensamento não foge
muito da razão.
O ato final reserva
momentos importantes, pois Carvalho fez questão de ir até a Itália e visitar o cenário
que um dia pertenceu ao clássico Cinema Paradiso. Esse momento, aliás, acaba se
casando com os primeiros minutos do documentário, pois ambos os cinema, tanto o
nosso da Paraíba, como aquele do clássico italiano, não existem mais e ambos
tornando apenas boas lembranças de uma época mais dourada. Por mais triste que seja
não deixa de ser curioso como Carvalho presta uma bela homenagem a essas salas
escuras que, embora ainda sobrevivam entre shoppings e cinematecas, o seu passado
mais rico ficou para traz, mas ainda ecoando nos dias de hoje e sobrevivendo
como um verdadeiro ilustre da arte em movimento.
Com uma inesquecível cena
final do qual sintetiza o filme como um todo, Um Filme De Cinema é uma carta de
amor para aqueles que jamais abandonam o gosto de ir visitar a verdadeira casa
da sétima arte.
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