Sinopse: Um homem e sua filha embarcam numa
viagem que tem como destino um deserto localizado no fim do mundo. Esta é uma
empreitada na qual muitos já se aventuraram, mas poucos conseguiram concluir
com sucesso.
Quando o cinema nasceu, era
praticamente uma espécie de quadros em movimento, aonde o espectador
simplesmente apreciava as imagens que soltavam na tela, mas quase ou sem nada
de tramas para contar. Claro que ao longo do tempo isso mudou, graças aos
pioneiros da sétima arte (como Georges Méliès) que introduziram tramas e
fizeram com que o cinema evoluísse e se tornasse o que é hoje.
Porém, existe atualmente uma
tendência de retrocesso, mas no bom sentido, onde cada vez mais se percebe que
há filmes que usam velhos recursos para se contar uma história. Até a pouco
tempo George Miller apresentou a sua obra prima Mad Max: Estrada Perdida, aonde
o seu prólogo possui um movimento de imagem de alta velocidade, cuja intenção
era remeter os primeiros filmes filmados do final do século 19. O Espanhol
Branca de Neve, o francês O Artista e até o nosso filme gaúcho A Festa de
Margarette, foram rodados em preto e branco, e mudo, fazendo a gente relembrar as
primeiras décadas do cinema no século 20.
Velhos recursos, mas aonde
se consegue criar uma história, mesmo quando ela fica por vezes em segundo
plano e dando destaque a parte técnica. Na co-produção de vários países
(incluindo até mesmo o Brasil), Jauja, do diretor argentino Lisandro Alonso, a
trama, sobre a cruzada de um pai (Viggo Mortensen) em busca de sua filha
desaparecida (Viilbjørk Malling Agger) é o que faz a trama se movimentar.
Contudo, essa cruzada se encaminha para o segundo plano, pois o que nos distrai
enquanto estamos assistindo é a sua forma de ter sido filmada.
Filmado em belas paisagens
do país dos nossos hermanos, o filme tem assinatura do fotografo Timo Salminen,
aonde ele criou cada cena, para que se parecesse com um quadro pintado, mas em movimento.
Mas diferente dos formatos de hoje, o filme não possui tela larga, mas sim uma imagem
quadrada, remetendo os primeiros filmes do final do século 19 e imitando até
mesmo as limitações dos movimentos daquelas câmeras de antigamente. Com isso,
há muitas cenas paradas, aonde somente vemos os personagens dialogando ou se
misturando com a natureza em volta.
Isso exige é claro um
esforço ou até mesmo paciência do cinéfilo que assiste, mas comprando a idéia,
irá apreciar um filme diferente do convencional, cuja suas imagens têm mais á
dizer do que as próprias palavras ditas dos personagens principais. Falando em
imagem, vale lembrar que o filme é carregado de simbolismo, aonde cada um deles
possui algum significado, por vezes não decifrado. Esses símbolos reaparecem
nos minutos finais da trama e esclarecem (ou não) o que ocorreu na verdade nas
quase duas horas de projeção.
Falando no seu final, ele me
fez relembrar de imediato dos minutos finais do clássico A Idade do Ouro, do
cineasta Luis Buñuel. Mas que, embora sejam finais (aparentemente) diferentes,
eles possuem uma quebra na trama, da qual ficamos nos perguntando pelos quais
motivos levaram para acontecer isso. Como eu disse acima, o que nos foi
apresentado no decorrer da trama é o que nos pode dar as respostas para o seu
final, mesmo quando os seus inúmeros símbolos levantam mais perguntas do que
respostas para nós.
Independente de a pessoa
gostar ou não, Jauja é uma pequena experiência cinematográfica, da qual nos faz
voltar no tempo, e observar como velhas fórmulas de filmagens ainda não são
obsoletas, mas sim frescas para os novos olhos.
Me sigam no Facebook, twitter e Google+
Nenhum comentário:
Postar um comentário