O CINEMA JAPONES ESTUDADO EM
GRANDE ESTILO E NAOMI KAWASE GANHANDO O SEU MERECIDO RECONHECIMENTO.
Encerrou-se ontem, o curso Cinema
Japonês: Do clássico ao contemporâneo, criado pelo CENA UM e ministrado Francis Vogner dos Reis. Durante dois
dias, a pessoa que participou do evento, teve a oportunidade de conhecer um
pouco mais, não só dos principais filmes de cada cineasta japonês, como também
um pouco da cultura nipônica passada nas telas. É curioso observar, que embora
cada cineasta tenha a sua visão particular da criação de um filme, existem
elementos em comum nas obras. Temas como família, vida, morte, espiritismo e
dentre outros, estão na maioria desses filmes, que não só tiveram o grande
destaque merecido no país de origem, como também em outros países do mundo afora.
Embora esteja prometido, nas
próximas semanas um curso somente sobre Akira Kurosawa, não se podia deixar o
cineasta de fora deste, já que ele foi um dos primeiros diretores japonês a dar
um novo frescor ao cinema japonês “pôs guerra”, e seu desempenho em Veneza naquele
tempo, com o seu filme Rashomon, foi o ponto de ignição, não só para o seu
reconhecimento pessoal, como também do cinema oriental. Vieram então, Yazujiro
Ozu (Era uma vez em Tóquio), que soube criar uma abordagem única sobre o
cotidiano da família contemporânea da época. Kenji Mizoguchi(Contos de Lua Vaga),
que soube dosar elementos de luz e sombra, com tramas que remetem ás fábulas japonesas,
de uma maneira simples, porém, fantástica. hôhei Imamura (Segredos de uma
esposa); Seijun Suzuki(Tóquio Violenta) e Kiju Yoshida(Eros + Massacre), foram
os que mais fortaleceram a "Nouvelle Vague Japonesa", que embora tenha
ganhado esse nome graças ao movimento que mudou a forma de se fazer cinema na
frança, as comparações param por ai, já que o cinema japonês conseguiu (e por
vezes de uma forma mais ousada) uma linguagem cinematográfica bem diferente e
que falava por si.
Naomi Kawase(A Floresta dos Lamentos); Takeshi
Kitano(Zatoichi) e Kioshi Kurosawa (Pulse) foram os que tiveram o melhor
destaque, para representar o cinema japonês contemporâneo. Quem saiu ganhando
(pelo menos em minha opinião) foi Kawase, pois sua filmografia é pouco conhecida
em nosso país, mas graças ao curso e sua repercussão, Kawase ganhará então
novos adeptos, pois sua forma de filmar (com seqüências sem cortes e com a sensação
de estar sempre com a câmera tremula na mão) contagia aquele que assiste. Kioshi
Kurosawa (que não é parente de Akira Kurosawa) é um caso interessante, pois é um
diretor que se consagrou em seu país origem, ao fazer filmes de terror e que com
certeza foi o ponta pé inicial, para a avalanche de filmes japonês de terror e suas
refilmagens americanas pipocarem na primeira década do século 21. Muito embora,
Francis Vogner tenha deixado claro, que o cinema de terror japonês já estava lá
muito antes, principalmente se formos mais pra trás e pegarmos clássicos exemplos
como Godzilla, ou até mesmo alguns elementos vistos como sobrenaturais (ou não)
em Contos de lua Vaga.
Com toda essa viagem no
tempo, de ontem e hoje sobre o cinema japonês, o curso se encerrou com o saldo
mais do que positivo. Principalmente embalado pelo novo ambiente onde foi criado
o evento (Santander cultural), que foi muito bem vindo, principalmente para
aqueles que buscavam mais conhecimento sobre cinema e com um ambiente em que se
respira á cultura.
E que venha Akira Kurosawa
(aguardem minhas postagens sobre sua filmografia).
Nenhum comentário:
Postar um comentário