AVENTURA FUTURÍSTICA, ESTRÉIA NO CINEMA DE UMA FORMA CORRETA E SEM OFENDER A
INTELIGENCIA DE NINGUÉM!
Sinopse: Num futuro
distante, boa parte da população é controlada por um regime totalitário, que
relembra esse domínio realizando um evento anual - e mortal - entre os 12
distritos sob sua tutela. Para salvar sua irmã caçula, a jovem Katniss Everdeen
(Jennifer Lawrence) se oferece como voluntária para representar seu distrito na
competição e acaba contando , com a companhia de Peeta Melark (Josh
Hutcherson), desafiando não só o sistema dominante, mas também a força dos
outros oponentes.
O mais novo sucesso
do momento (mais de 200 milhões dólares nas duas primeiras semanas nos EUA),
Jogos Vorazes, é com certeza, o melhor sucessor (em termos de franquias), para
acolher os órfãos de Harry Potter, que acabaram amadurecendo ao longo dos anos,
junto com a saga do jovem bruxo, e que buscam algo mais criativo para se
assistir. Muito melhor do que aturar a saga Crepúsculo, que mais ofende a nossa
inteligência, do que passar algum significado. Mas o filme dirigido por Gary Ross
(Alma de Herói) entra num território já bem explorado, tanto na literatura,
como para o cinema (leia mais aqui), entretanto, em direções diferentes e que
se comunica com a realidade atual na qual vivemos.
Ao criar um futuro,
em que um regime totalitário, usa jovens de 12 distritos, para se digladiarem
em uma floresta artificial, o filme não só entra num território sobre os
direitos da liberdade de expressão, oprimida, por uma ditadura fascista, como
também faz uma critica a mania “big brother”, que se alastra em todo mundo, já
que na trama, as lutas são todas exibidas na TV, em um grande show de entretenimento.
Com isso, percebemos a total falta de bom senso nos dominantes daquele mundo,
ao tratarem jovens como gados e sem darem muita opção com relação ao futuro
para eles. Gary Ross é habilidoso ao retratar esse inquietante futuro. Há
primeira hora alias, é digna de nota, onde o cineasta retrata o dia a dia daquelas
pessoas, de uma forma bem gradual e sem pressa, fazendo da pessoa que assiste
já compreender, se sintonizar com aquele tipo de mundo e sem dar muitas explicações, apesar delas
existirem nos primeiros segundos do filme.
Ross também mostra ares
de diretor autoral, principalmente em momentos em que sua câmera esta sempre em
movimento, com ângulos muitas vezes impressionantes e até então inéditos,
principalmente para uma franquia que nasceu para conquistar jovens e que não estão
exatamente acostumados dessa forma de se ver um filme. Tecnicamente eficaz, o
filme também não falha com relação a sua protagonista Katniss, interpretada de
uma forma correta pela mais nova sensação jovem do momento, Jennifer Lawrence.
Indicada para o Oscar de Inverno da Alma e tendo surpreendido em X-Men:
Primeira Classe (como a jovem Mística), Lawrence nos convence em vários momentos
da trama, seja quando nos faz emocionar, quando parte para o sacrifício para
salvar a irmã (e na perda de uma companheira, num momento mais tocante da obra),
ou quando surpreende seus algozes com o arco e a flecha, demonstrando total controle
no que está fazendo. Até mesmo na previsível relação amorosa que nasce entre
ela e o personagem Peeta, ela nos agrada. E se ator Josh Hutcherson não convence
muito nestes momentos, pelo menos não atrapalha no desenvolvimento.
O filme ainda tem
tempo, de saber apresentar muito bem outros personagens secundários da trama,
como no caso do treinador dos protagonistas, Haymitch Abernathy, interpretado
de uma forma genial por Woody Harrelson (Assassinos por Natureza). Embora o ator
esteja numa super produção, sua forma de interpretar não é muito diferente se
comparada a outros momentos de atuação ao longo da carreira dele (como no caso
de seu desempenho de O Mensageiro). Sendo assim, Harrelson não se intimidou em
estar numa produção como essa, e com isso, criou mais um personagem inesquecível, para sua galeria de personagens translocados e geniais. Do resto, podemos citar Donald
Sutherland como coadjuvante de luxo e sem muito que acrescentar na trama, embora
tenhamos certeza, que seu personagem possa crescer ainda mais numa eventual seqüência.
Com um visual que lembra clássicos como Laranja Mecânica
e Brasil: O filme, Jogos Vorazes foi uma bem vinda surpresa neste inicio de temporada
de filmes norte americano. E se a intenção desde o inicio era para começar uma
franquia para gerar (novamente) um grande lucro, pelo menos, os engravatados
souberam ir para o caminho certo, que não seja para ofender a inteligência desta
nova geração de jovens, e sim, entretê-las com uma historia de qualidade e que
nos faz pensar!
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