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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Cine Dica: PROGRAMAÇÃO CINEBANCÁRIOS DE 29 DE FEVEREIRO A 06 DE MARÇO:

 ESTREIA:

AMANHÃ

Brasil/Documentário/2023/103min.

Direção: Marcos Pimentel

Sinopse: Crianças de universos sociais completamente diferentes se cruzaram em 2002 em Belo Horizonte, na Barragem Santa Lúcia, que separa um conjunto de favelas de um bairro de classe média alta. Mesmo morando tão perto, sempre foram tão distantes. Vinte anos depois, o que aconteceu com cada uma delas? Entre 2002 e 2022, o Brasil foi virado pelo avesso. E suas vidas também. Um filme sobre os encontros e desencontros da sociedade brasileira contemporânea.



EM CARTAZ:

SERVIDÃO

Brasil/Documentário/82min

Direção: Renato Barbieri

Servidão foi premiado como “Melhor Longa Metragem Documental” no 15ª Trinidad+Tobago Film Festival de Port of Spain, em Trinidad and Tobago, e “Grande Prêmio Juri Popular ” no 22º Rencontres du cinéma Sud-américain, de Marselha , França. O filme tem a participação de Leonardo Sakamoto e narração de Negra Li

Sinopse:  Longa documental sobre o trabalho escravo contemporâneo com foco na Amazônia brasileira. Foram ouvidos trabalhadores rurais que foram escravizados em frentes de desmatamento no Norte do Brasil e abolicionistas contemporâneos de diferentes vertentes. Embora as condições de trabalho análogas à de escravo sejam consideradas crime previsto pelo Código Penal Brasileiro, o regime da servidão é praticado no Brasil desde sempre, há cinco séculos. A Lei Áurea aboliu a escravidão clássica, mas não transformou as relações de trabalho no Brasil, que perduraram. Com narração de Negra Li, o documentário é um contundente registro sobre uma das maiores mazelas do Brasil.

Elenco: Marinaldo Soares Santos, Negra Li, Dodô Azevedo, Rafael Sanzio dos Anjos, Alberto da Costa e Silva, Ana Maria Gonçalves, Marcelo Gonçalves Campos, Victor Leonardi, Leonardo Sakamoto, Gladyson Pereira, Luis Camargo de Melo, Ricardo Rezende Figueira, Ela Wiecko, João Roberto Ripper, Fabrícia Carvalho, Cláudio Secchin, Binka Le Breton, Gildásio Silva Meireles, Sebastião Gonçalves, Aldemir Pereira, Xavier Plassat, Carlos Haddas, Lelio Bentes, Antônio Mello, Valderez Monte, Calisto Torres, Rachel Cunha, André Roston, Bené Florindo, Jônatas Andrade, José Marcelino, Caio Magri, Kailash Satyarthi e Paulo Paim.


LEVANTE

Brasil, França e Uruguai/Ficção/ 2022/92min.

Direção: Lillah Halla

 Exibido no Festival de Cannes em 2023, onde foi premiado com Melhor Filme de Estreia nas mostras paralelas do Festival de Cannes 2023, LEVANTE também recebeu o Prêmio WIP Paradiso, Prêmio Canal+, Prêmio CICAE no Cine en Construcción – Cinelatino Toulouse 2023, além da participação em inúmeros festivais internacionais. O filme é estrelado por Domenica Dias, filha do rapper Mano Brown.

Sinopse: Às vésperas do campeonato de vôlei decisivo para seu futuro como atleta, Sofía (17), descobre uma gravidez indesejada. Na tentativa de interrompê-la clandestinamente, ela acaba se convertendo em alvo de um grupo fundamentalista decidido a detê-la a qualquer preço, mas nem Sofía nem aqueles que a amam estão dispostos a se render ante o fervor cego da manada.

Elenco: Ayomi Domenica, Loro Bardot, Grace Passô


Horários de 29 de fevereiro  a 06 de março(não há sessões nas segundas-feiras):


15h: SERVIDÃO

17h: LEVANTE

19h: AMANHÃ


Ingressos

Os ingressos podem ser adquiridos a R$ 12 na bilheteria do CineBancários. Idosos (as), estudantes, bancários (as), jornalistas sindicalizados (as), portadores de ID Jovem e pessoas com deficiência pagam R$ 6. São aceitos cartões nas bandeiras Banricompras, Visa, MasterCard e Elo. Na quinta-feira, a meia-entrada é para todos e todas.

EM TODAS AS QUINTAS TEMOS A PROMOÇÃO QUE REDUZ O VALOR DO INGRESSO PARA TODOS E EM TODAS AS SESSÕES PARA R$ 6,00.


CineBancários

Rua General Câmara, 424 – Centro – Porto Alegre

Mais informações pelo telefone (51) 3030.9405 ou pelo e-mail cinebancarios@sindbancarios.org.br


C i n e B a n c á r i o s 

Rua General Câmara, 424, Centro 

Porto Alegre - RS - CEP 90010-230 

Fone: 51- 30309405

terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

Cine Especial: Clube de Cinema - 'Meu Amigo Robô'

 Nota: Filme exibido para os associados no último sábado (24/02/24).

Sinopse: Na cidade de Nova York dos anos 1980, Dog monta um robô para ser seu companheiro e eles se tornam melhores amigos. 

Nos tempos do cinema mudo os personagens nos passavam os seus sentimentos através de gestos e expressões que diziam muito mais do que meras palavras jogadas ao vento. Portanto, é raro um filme feito atualmente que consiga obter tamanho feito de como era realizado o cinema de antigamente, mas há casos a serem destacados como no caso do genial "O Artista" (2011). "Meu Amigo Robô" (2023) não é somente uma mera animação, como também uma obra que presta uma homenagem de como se fazia cinema antigamente e ao mesmo tempo nos ensinando o verdadeiro significado de uma bela amizade.

Dirigido por Pablo Berger, o filme é baseado em uma HQ de Sara Varon e cuja trama nós compreendemos mesmo com nenhuma palavra dita. O filme conta a história de Dog, um cachorrinho que mora em Manhattan, que ao se sentir cansado de ficar sozinho decide comprar um robô para ser seu companheiro. Ao ritmo da Nova York nos anos 80, a amizade se torna forte, mas um certo problema ocorrido em uma praia faz com que ambos tomem caminhos diferentes e fazendo a gente se perguntar se ambos irão se reencontrar um dia novamente.

O filme possui elementos familiares para aqueles que cresceram assistindo desenhos animados de antigamente, já que todos os personagens vistos na tela são retratados como animais, mas que nos passa humanidade de forma surpreendente. Dog, por exemplo, é o retrato do cidadão comum que se vê solitário perante uma cidade grande cheia de possibilidades, mas que encontra somente algum sentido na vida quando obtém uma amizade vinda justamente de um robô. Se por um lado o primeiro consegue enxergar os prazeres da vida a partir do novo companheiro, do outro, esse último é um recém-nascido e testemunha esse mundo com um olhar inocente e cheio de curiosidade.

Feito com desenho tradicional, o filme possui inúmeros detalhes de uma Nova York em movimento constante, como se os personagens vistos na tela não tivessem tempo para desfrutar dos minutos que vão escorrendo para os seus dedos, mas somente aqueles que conseguem compartilhar o tempo através do seu próximo é que tudo começa a fazer algum sentido. Porém, uma vez que a dupla central se separa a partir do cenário da praia, obtemos uma nova análise sobre o real papel sobre o amor da amizade. Conhecemos pessoas, nos apaixonamos por elas, mas a vida nos prega uma peça que faz com que nos distanciamos, mas jamais nos esquecemos de como fomos felizes naqueles tempos.

Dog, por exemplo, obtém mais coragem ao desfrutar de uma cidade em movimento e ao mesmo tempo tendo a chance maior de conhecer novas pessoas e compreendendo alguns novos significados sobre a vida e dos quais ele quase nunca enxergava. Já o robô, mesmo impossibilitado em uma determinada passagem da trama, obtém uma lição importante sobre a vida através do nascimento e aprendizado de simples pássaros, mas que se torna um dos momentos mais sublimes do filme como um todo. Nada mal para uma animação de traços simples, mas cuja mensagem poderosa possui muito mais peso do que qualquer superprodução de conteúdo vazio de hoje em dia.

Curiosamente, os destinos de ambos os personagens se encaminham por situações inusitadas, mas que fazem a gente somente se perguntar se ambos se reencontraram algum dia. A resposta vem para um ato final sublime, do qual fará muito marmanjo chorar, pois com certeza passamos por situações em que desejamos lá no fundo reatar aquele amor antigo que nos ensinou muito, mas cujo ensinamentos nos serviram para desfrutarmos melhor de nossas vidas. Sempre teremos novas oportunidades de conhecermos novas pessoas, mas sempre guardando lá no fundo a esperança de nos cruzarmos com aquela pessoa especial que nós conhecemos um dia e que nos ensinou a enxergar a realidade através de uma nova perspectiva.

Indicado ao Oscar de Melhor Longa de Animação de 2024, "Meu Amigo Robô" é uma história de amor e amizade de duas figuras incomuns, mas das quais nos identificamos e fazendo a gente relembrar sobre pessoas do passado e que ainda hoje nós amamos. 

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segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Cine Especial: Próximo Cine Debate - 'Amor Esquecido'

Sobre o Filme: 

Quando um longa é baseado em um livro de sucesso sempre poderá render um grande sucesso ou um grande fracasso. O problema sempre cai na questão em saber como levar a linguagem literária para o filme, pois basta pegarmos exemplos como adaptação de "O Código Da Vinci" (2006) para constatarmos que fidelidade ao extremo não é sinônimo de qualidade. "Amor Esquecido" (2023) é baseado em um livro que eu não li, mas se percebe que os realizadores quiseram transitar em ser fiel a sua fonte como também fazer cinema e o resultado tornasse parcial diga-se de passagem.

Dirigido por Michal Gazda, o filme é uma adaptação cinematográfica do romance de Tadeusz Dolega Mostowicz, publicado em 1937. A trama é sobre um médico renomado que perde a família e a memória e se transforma num andarilho sem perder princípios éticos e habilidades da medicina. Ao mesmo tempo, conhecemos pessoas importantes vindas do seu passado e das quais ele vai reencontrando.

Com mais de duas horas e vinte de duração se percebe que os realizadores se empenharam em ser fiel ao máximo ao livro, pois nota-se que os inúmeros desdobramentos da trama é algo corriqueiro quando se lê um volume, principalmente aqueles que se tornaram clássicos no seu devido tempo. Porém, se o já citado "O Código Da Vinci" foi falho neste quesito, ao menos aqui o diretor Michal Gazda não parece estar dirigindo no piloto automático, pois o mesmo procura obter a nossa atenção ao inserir um ritmo um tanto que dinâmico em algumas passagens da trama, mesmo quando elas se estendem por demais em algumas ocasiões. Neste último caso, o filme se alonga mais do que deveria, não somente pelas várias perguntas que o protagonista busca em sua jornada, como também devido as suas subtramas como no caso, por exemplo, da sua filha e de sua história de amor que, por vezes, é muito forçada.

O filme somente ganha maior atenção graças ao desempenho de Leszek Lichota, que aqui faz um protagonista confuso, mas que segue em frente em busca de saber sobre qual é o seu verdadeiro passado. Curiosamente, é um personagem construído para fazer com que nos identifiquemos com ele, pois embora não tenhamos amnesia ao longo da vida, sempre desejamos lá no fundo uma vez ou outra em viajar pelo mundo sem rumo e saber ao certo sobre qual é o seu verdadeiro papel nesta história. Pode ser um tanto que forçada essa minha observação, mas me veio ao concluir a sessão.

Mas assim como eu disse acima o filme falha ao se estender por demais, principalmente em sua uma hora final que por vezes me passou a sensação de que tudo poderia ser resolvido em menos de duas horas. A intenção pode parecer boa até certo ponto com relação a fidelidade na adaptação. Porém, em tempos em que séries e minisséries de qualidade se tornaram corriqueiras em nosso dia a dia, talvez a adaptação tivesse se tornado melhor neste formato ao invés de ser todo condensado em uma produção de mais de duas horas.

"Amor Esquecido" é um exemplo de produção em que a fidelidade a sua fonte não é sinônimo de qualidade, mesmo com alguns pontos positivos que lhe dão destaque. 

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Cine Dica: PROGRAMAÇÃO CINEMATECA CAPITÓLIO 29 DE FEVEREIRO A 6 DE MARÇO DE 2024

MIYAZAKI INAUGURA SESSÃO VAGALUME 2024

A Cinemateca Capitólio retoma no próximo final de semana a sua já tradicional Sessão Vagalume, projeto de formação de público ligado às ações do Programa de Alfabetização Audiovisual da instituição, desenvolvido em parceria com a UFRGS.

A atração programada para os dias 2 e 3 de março, às 15h,  é o muito aguardado O Menino e a Garça, novo filme do mestre japonês da animação Hayao Miyazaki. Filme de animação mais premiado da temporada, vencedor do Globo do Ouro, do Bafta e favorito ao Oscar na categoria, O Menino e a Garça marca o retorno de Miyazaki ao cinema, 10 anos após a realização de seu longa anterior, Vidas ao Vento, lançado em 2013. Embora os filmes de Miyazaki sejam muito apreciados pelo público infantil, é importante observar que devido a sua longa duração e complexidade narrativa, O Menino e a Garça pode não funcionar com crianças menores, cabendo aos acompanhantes responsáveis essa avaliação.


A Sessão Vagalume tem ingressos a R$ 4,00 e R$ 2,00.


O Menino e a Garça (Japão, 2023, 124 minutos)

Depois de perder a mãe durante a guerra, o menino Mahito muda-se para a propriedade de sua família no campo. Lá, uma série de eventos misteriosos o levam a uma torre antiga e isolada, lar de uma travessa garça cinzenta. Quando a nova madrasta de Mahito desaparece, ele segue a garça até a torre e entra num mundo fantástico partilhado pelos vivos e pelos mortos. Ao embarcar em uma jornada épica com a garça como guia, Mahito deve descobrir os segredos deste mundo e a verdade sobre si mesmo.


CINECLUBE ACADEMIA DAS MUSAS DEBATE FILME JAPONÊS

No domingo, 3 de março, às 17h30, o Cineclube Academia das Musas, coletivo dedicado ao estudo de filmes dirigido por mulheres, apresenta a sessão de A Estrada Distante, da diretora japonesa Sachiko Hidari. Após a sessão, ocorre um debate conduzido pela cineclubista Yasmin Borges. Entrada franca.


Mais informações:   https://www.capitolio.org.br/eventos/6982/cineclube-academia-das-musas-a-estrada-distante/


FILMES DE GUILLAUME BRAC E JOÃO CANIJO EM CARTAZ

A partir de quinta-feira, 29 de fevereiro, a Cinemateca Capitólio exibe Embarque!, longa-metragem do realizador francês Guillaume Brac, e Mal Viver, primeiro filme do díptico do diretor português João Canijo.


Mais informações: https://www.capitolio.org.br/programacao/ 


GRADE DE HORÁRIOS

29 de fevereiro a 6 de março de 2024


29 de fevereiro (quinta-feira)

15h – Esperando a Felicidade

17h – Mal Viver

19h15 – O Menino e a Garça


1º de março (sexta-feira)

15h – Embarque!

17h – Mal Viver

19h15 – O Menino e a Garça


2 de março (sábado)

15h – Sessão Vagalume: O Menino e a Garça

17h20 – Embarque!

19h – Mal Viver


3 de março (domingo)

15h – Sessão Vagalume: O Menino e a Garça

17h30 – Cineclube Academia das Musas: A Estrada Distante


5 de março (terça-feira)

15h – Embarque!

17h – Mal Viver

19h15 – O Menino e a Garça


6 de março (quarta-feira)

15h – Embarque!

17h – Mal Viver

19h30– Sessão do curso Jovem Produtor Audiovisual

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Cine Especial: Conhecendo 'A Morte e a Donzela'

Roman Polanski é um cineasta autoral, porém, o mesmo procura não ficar preso exatamente a um gênero. Ao mesmo tempo, eu acredito que em suas obras ele fale um pouco sobre a sua pessoa, ou simplesmente uma forma de enfrentar os seus medos e arrependimentos que guarda para si ao longo dos anos. "O Pianista"(2002), por exemplo, talvez tenha sido uma forma de exorcizar um passado traumático, já que o realizador perdeu os seus pais logo cedo nos campos de concentração. Ao mesmo tempo, é um diretor experimental, ao conseguir alinhar a linguagem cinematográfica com a teatral e realizando obras como "Deus da Carnificina" (2012).

Porém, tem alguns filmes que eu fui conhecer posteriormente, como no caso deste agora "A Morte e a Donzela" (1994) e que fez com que eu percebesse que esse namoro pelo universo teatral não havia começado no início desse século. O roteiro é baseado em uma peça de teatro de Ariel Dorfman, um chileno exilado que escapou do regime de Augusto Pinochet. Portanto, a trama gira em um país sul-americano após a queda da ditadura, onde Paulina Escobar (Sigourney Weaver), a mulher de Gerardo Escobar (Stuart Wilson), um famoso advogado, fica sabendo no rádio que Gerardo deverá chefiar as investigações das mortes ocorridas no regime militar. Quando Gerardo a chega o vê acompanhado de um estranho que o socorreu na estrada, mas quando o desconhecido retorna à casa ela o identifica pela voz como sendo Roberto Miranda (Ben Kingsley), o homem que a torturou e a estuprou quando ela fazia militância política.

Pode-se dizer que a obra é uma crítica ferrenha contra todas as ditaduras militares que ocorreram na América do Sul nos anos sessenta, setenta até os anos oitenta. A informação de que o filme é baseado em uma peça escrita por um dramaturgo Chileno faz com que o cinéfilo se localize melhor com relação aquele lugar em que a trama se passa, muito embora isso pouco importa, pois o que vale é o fato de a história representar inúmeras que ocorram nos tempos de chumbo. Sigourney Weaver nos brinda com uma atuação poderosa, pois já nos primeiros minutos observamos todos os sinais de alguém que sofreu nas mãos de torturadores e cuja cena em que ela vai jantar dentro de um armário simboliza o fato que ela não desvencilhou de situações em que ela não tinha nada, a não ser o objetivo de continuar viva.

Pelo fato do filme se passar em um único cenário, ou seja, dentro da casa do casal central, o filme ganha ares de suspense psicológico, dos quais se tornam cada vez mais sufocantes na medida que a personagem de Weaver transita entre a lógica e o desiquilíbrio, principalmente a partir do momento em que ela encara o que ela acredita ser o seu algoz vindo do passado. Já Stuart Wilson cria para o seu personagem uma espécie de equilíbrio com relação aos fatos, mas que aos poucos começa a se deteriorar quando não sabe mais em que direção tomar, se acredita em sua esposa, ou na inocência do homem em que ela acredita ser um verdadeiro monstro. Já Ben Kingsley nos brinda com uma atuação ambígua, já que quase nunca sabemos ao certo se ele é culpado ou inocente com relação aos fatos, mas aos poucos tiramos nossas próprias conclusões a partir de suas próprias palavras e ações ao longo do percurso.

Na medida em que o tempo avança o clima fica cada vez mais sufocante, cuja fotografia que transita entre as cores quentes e a escuridão de uma noite chuvosa alimentam ainda mais essa sensação. Assim como Brian De Palma, o realizador também é um grande adorador de Alfred Hitchcock e não me surpreenderia se o mesmo tivesse buscado inspiração no que o mestre do suspense havia feito. Vale destacar o ótimo trabalho do compositor Wojciech Kilar e cuja sua trilha aqui nos lembra os melhores momentos dos filmes de Hitchcock.

Falando nisso, o longa presta uma bela homenagem a Schubert com a sua clássica música "A Morte e a Donzela", que dá título ao filme e se torna peça fundamental dentro da trama. Aos poucos, nota-se que o desequilíbrio entre os personagens, assim como o ambiente dentro da casa, que começa a desmoronar e tudo que resta é uma confissão, mesmo na possiblidade dela soar falsa. A meu ver não há falso testemunho quando ocorre no limiar da trama, pois talvez o próprio realizador esteja usando os seus personagens como avatares para confessar sobre a sua verdadeira pessoa.

No passado, após a sua esposa Sharon Tate ter sido brutalmente assassinada de forma brutal em 09 de agosto de 1969 por Charles Manson e integrantes do culto o qual liderava, anos depois, o diretor foi condenado por estupro de uma garota chamada Samantha Geimer e que tinha apenas 13 anos de idade em 1978 e cujo crime ocorreu na mansão do ator Jack Nicholson. Desde então Roman Polanski viveu na Europa, para não ser preso. Em outubro de 2013, Samantha Geimer afirmou, durante a apresentação do seu livro de memórias, "The Girl: A Life in the Shadow of Roman Polanski" ("A menina: Uma vida na sombra de Roman Polanski"), em Paris, que há "muito tempo" perdoou o cineasta.

Porém, na minha opinião, talvez o próprio cineasta não tenha se perdoado pelo que cometeu e neste filme eu percebo que ele assume isso através do personagem de Ben Kingsley. No ápice da trama, quando o mesmo não vê saída, ele decidiu assumir as atrocidades que ele havia cometido no passado contra a personagem de Sigourney Weaver, mas sinto que o personagem de Kingley sai de cena e entra as palavras de Polanski e assumindo, enfim, a culpa. É como se o cenário que ele descreveu através do personagem foi a forma como ele viu na mansão do ator Jack Nicholson e fazendo com que cometesse tal ato.

Quem for ler esse texto e logo em seguida assistir ao filme cabe cada um irá tirar as suas próprias conclusões. Roman Polanski é um artista, porém, falho como ser humano e cabe a justiça julgá-lo, mas antes disso talvez fosse realmente necessário ele assumir, não com palavras, mas sim através da sétima arte da qual alavancou a sua carreira. Em tempos de cancelamento, principalmente como a internet que torna tudo isso mais fácil, cabe não julgarmos o artista e a sua obra, mas sim a sua pessoa e do qual os seus filmes talvez tenham-lhe dado uma saída.

"A Morte e a Donzela" é mais do que um belo suspense, como também uma confissão camuflada do diretor Roman Polanski. 

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Cine Dicas: Estreias do Final de Semana (23/02/24)

 FERRARI

Sinopse: Em 1957, nos bastidores da Fórmula 1, o ex-piloto Enzo Ferrari (Adam Driver) está em crise. A falência assombra a empresa que ele e a esposa, Laura (Penélope Cruz), construíram uma década atrás. Seu casamento instável é ainda mais abalado pela perda do único filho do casal e o relacionamento com Lina Lardi (Shailene Woodley).



O JOGO DA MORTE

Sinopse: No longa, após a taxa de suicídios entre adolescentes disparar misteriosamente, as autoridades começam uma investigação para descobrir o que está por trás do caso, e as mortes acabam sendo ligadas a um macabro jogo de desafios na internet.



ZONA DE RISCO

Sinopse: Um piloto de drone das Forças Aéreas é a única esperança de uma força-tarefa presa em uma emboscada. Cercados pelo inimigo em um território remoto nas Filipinas, a única chance de sobreviverem está nas mãos de Reaper (Russell Crowe), um piloto de drone, e Kinney (Liam Hemsworth), um jovem oficial da aeronáutica. 

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quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Cine Dica: Miyazaki e Sissako em cartaz ( 22 a 28 de fevereiro)

 PROGRAMAÇÃO CINEMATECA CAPITÓLIO 22 a 28 de fevereiro de 2024

NOVO FILME DE MIYAZAKI EM CARTAZ

O Menino e a Garça, o mais novo filme de Hayao Miyazaki, grande mestre da animação japonesa, entra em cartaz na Cinemateca Capitólio na quinta-feira, 22 de fevereiro. O valor do ingresso é R$ 16,00.


http://www.capitolio.org.br/eventos/6966/o-menino-e-garca/


ABDERRAHMANE SISSAKO EM EXIBIÇÃO

A Cinemateca Capitólio exibe a partir de sexta-feira, 23 de fevereiro, Esperando a Felicidade (2002), obra aclamada do mauritano Abderrahmane Sissako, um dos grandes nomes do cinema contemporâneo. Apoio da Cinemateca da Embaixada da França e do Institut Français. O valor do ingresso é R$ 10,00.


Mais informações: http://www.capitolio.org.br/eventos/6968/esperando-a-felicidade/


GRADE DE HORÁRIOS

22 a 28 de fevereiro de 2024


22 de fevereiro (quinta-feira)

15h – Onde fica Esta Rua? ou Sem Antes nem Depois

19h – O Menino e a Garça


23 de fevereiro (sexta-feira)

15h – Fogo-Fátuo

17h – Esperando a Felicidade

19h – O Menino e a Garça


24 de fevereiro (sábado)

15h – Onde fica Esta Rua? ou Sem Antes nem Depois

17h – Esperando a Felicidade

19h – O Menino e a Garça


25 de fevereiro (domingo)

15h – Fogo-Fátuo

17h – Esperando a Felicidade

19h – O Menino e a Garça


27 de fevereiro (terça-feira)

15h – Onde fica Esta Rua? ou Sem Antes nem Depois

17h – Esperando a Felicidade

19h – O Menino e a Garça


28 de fevereiro (quarta-feira)

15h – O Ornitólogo

17h – Esperando a Felicidade

19h – O Menino e a Garça