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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

Cine Dica: Em Cartaz: 'Madres Paralelas'

Sinopse: Duas mulheres, Janis e Ana, dividem o quarto de hospital onde vão dar à luz. As duas são solteiras e ficaram grávidas acidentalmente.  

Pedro Almodóvar possui uma sensibilidade descomunal ao criar uma visão pessoal sobre o universo feminino e ao mesmo entrelaça-lo com a sua vida pessoal em vários aspectos. No meu entendimento, os últimos filmes do realizador que inclui "Julieta" (2016) e "Dor e Glória" (2019) procuram se enveredar até mesmo por questões políticas que o realizador testemunhou ao longo de sua vida, mesmo tendo ficado somente nas entrelinhas. "Madres Paralelas" (2021) talvez seja o filme mais político do cineasta, mesmo quando o tema fica em segundo plano, pois a questão fica explicitamente quando se é destacado.

Em "Madres Paralelas", duas mulheres dão à luz no mesmo dia e no mesmo hospital. Uma delas Janis, de meia idade, não teve a gravidez planejada, mas já se sente preparada para ser mãe. A outra que se chama Ana, adolescente, engravidou por acidente e sente medo do que está por vir. A partir de suas experiências, as duas criam um forte laço unido pela maternidade.

O tema central da trama já é algo visto a bastante tempo por outras mídias, sendo que não é novidade nenhuma para os brasileiros que acompanharam novelas que se explora dilemas semelhantes vistos na trama de Almodóvar. Porém, logo de cara vemos que o drama é todo pincelado com as fórmulas de sucesso do cineasta que faz os cinéfilos reconhecerem de forma imediata, desde a fotografia de cores quentes, como também a tão conhecida cidade de Madri e que sempre foi o cenário preferido para as principais obras do cineasta. E como não poderia ser diferente, Penélope Cruz se encontra novamente em cena, ao se entregar para a sua personagem Janis uma complexidade estupenda e cujo os seus pensamentos são revelados através do seu olhar e cujo o mesmo tem muito a dizer.

O filme fala sobre o que faz de a mulher ser mãe, principalmente em tempos atuais em que cada vez mais as pessoas não querem compromissos uma com a outra, mas cuja algumas mulheres não desejam deixar esse mundo sem ao menos manter ainda vivo as suas raízes familiares. É exatamente nisso em que o filme toca, ao não se desprender do passado, mas sim mantê-lo vivo e para que assim os entes queridos sejam lembrados através das fotos ou na visita dos túmulos onde se encontram. É neste ponto, aliás, que o cineasta adentra as questões políticas, desde ao fato sobre a Guerra Civil Espanhola e cuja muitas vítimas foram enterradas para serem esquecidas.

Acima de tudo, o filme fala que a mentira pode ser colocada sempre em prática, mas que a mesma jamais será infinita e cabe a verdade sempre vir à tona. Esse exemplo não é somente posto à prova na questão política explorada em segundo plano dentro da trama, como também no dilema em que a personagem Janis convive a partir do momento em que ela descobre a dura realidade sobre a sua filha. A situação se torna ainda mais complexa quando a mesma se reencontra com Ana e ao descobrir que ela perdeu a sua filha de uma forma inesperada.

Vale destacar o ótimo desempenho da novata Milena Smit como Ana e cuja a sua interpretação até mesmo se sobressai se formos comparar com a musa veterana de Almodóvar. Os laços fortes de amizade de ambas as personagens vão ainda mais além, mas a partir do momento em que é revelado um grande segredo é então que o filme se torna cada vez mais sufocante e até mesmo fazendo a gente temer pelo destino de uma das personagens. Curiosamente, o filme não se envereda para um suspense, mas é curioso como o cineasta nos conduz para obtermos essa sensação, principalmente graças a sua trilha sonora que remete aos clássicos do mestre Alfred Hitchcock e cujo esse artificio já havia sido usado em "Julieta".

Em seu terceiro ato final, o cineasta nos leva ao lado das protagonistas para testemunharmos que a verdade precisa ser prevalecida. Isso não somente acontece após ser revelado sobre a questão de suas filhas, como também sobre a dura verdade de como o governo Espanhol conduziu de uma maneira tão horrenda a forma de ocultar as vítimas de uma guerra antiga, porém, que jamais deve ser esquecida, pois as vozes dos falecidos clamam por justiça. Uma questão que fica em segundo plano no decorrer da trama, mas se sobressaindo na reta final de uma maneira poderosa.

"Madres Paralelas" fala sobre laços familiares sendo fortalecidos pela força do universo feminino e cujo nenhum poder conseguirá impedi-lo. 

Nota: O filme estará também disponível na Netflix a partir do dia 18 de Fevereiro.  

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sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

Cine Especial: Próximo Cine Debate: ‘Forrest Gump’

"A gente deve deixar o passado para trás antes de continuar em frente." 

O cineasta Robert Zemeckis vinha criando uma carreira respeitável entre a virada dos anos oitenta para os noventa, pois basta nos lembrarmos da trilogia "De Volta Para o Futuro" (1985 - 1989) e "Uma Cilada Para Roger Rabbit" (1989) para termos uma vaga ideia. Em ambos os casos foram filmes revolucionários em termos de efeitos visuais, sendo que o último citado até hoje é considerado o melhor filme ao unir desenhos animados com seres humanos em cena. Curiosamente, são efeitos visuais que o cineasta criou, não para somente entreter as plateias, como também criar um alto grau de verossimilhança.

Quando "Jurassic Park" (1993) foi lançado nos cinemas se abriu uma janela com relação ao futuro, onde fantasia e a realidade poderiam, enfim, andar de mãos dadas e sem a gente perceber onde começa e onde termina o efeito visual criado para determinadas cenas. Mas, se lá no fundo algo nos dizia que os dinossauros já se encontravam extintos, por outro lado, é muito mais chocante vermos um protagonista de determinado filme contracenar com uma celebridade que não se encontra mais entre os vivos. "Forrest Gump – O Contador de Histórias" (1994) é revolucionário em vários aspectos, tanto tecnológicos como também fazer de sua história algo surpreendente e verossímil.

Baseado no romance homônimo de Winston Groom, a trama cobre quarenta anos da história dos Estados Unidos que são vistos pelos olhos de Forrest Gump (Tom Hanks), um rapaz com QI abaixo da média e boas intenções. Por obra do acaso, ele consegue participar de momentos cruciais, como a Guerra do Vietnã e Watergate, mas continua pensando no seu amor de infância, Jenny Curran. Acima de tudo, ele corre em busca do seu real destino.

Até hoje o filme é lembrado por diversas cenas simbólicas, mas a cena da pena voando na abertura é sem sombra de dúvida a mais conhecida dentre elas. Feita em CGI, a pena fica perambulando por diversos pontos de uma cidade, até que em um determinado momento ela para aos pés do protagonista. A Jornada da pena nesta abertura seria uma espécie de representação do que seria mostrado a seguir sobre a vida de Gump, do qual cresce com certas dificuldades de saúde, porém, não impedindo de seguir em frente e se jogando ao vento sem nenhum controle.

Cada um tem a sua interpretação com relação ao que o filme quer nos passar, sendo que alguns o tacham negativamente ao dizer que a obra abraça a teoria que a ignorância é uma benção e que só assim poderá obter o caminho para a felicidade. No meu entendimento, Forrest seria a representação perfeita do cidadão norte americano, do qual participa dos principais eventos que moldaram o país ao longo do tempo, mas quase nunca protestando contra os poderosos. Porém, não é um personagem que se vende ao sistema, sendo que o próprio mal sabe quem realmente controla as engrenagens da grande nação que o próprio convive no dia a dia.

O personagem tem um único foco, de seguir em frente, seja correndo, participando Guerra do Vietnã ou cumprindo a promessa do falecido amigo Buba. Porém, acima de tudo, seu maior desejo é rever a sua amada Jennifer, interpretada na época pela atriz Robin Wright. Aliás, o casal central seria uma representação dos dois lados da mesma moeda com relação a sociedade norte americana. Enquanto Forrest embarca em sua jornada em meio aos eventos do país, Jennifer, por sua vez, vai na contracultura, se envolvendo com bebidas, drogas, viagens, protestos e quase nunca alcançando o seu verdadeiro sonho.

Ambos se mantem separados em boa parte do filme, porém, quando se reencontram pelo caminho sempre existe aquela fagulha de esperança para que Jennifer compreenda que a única felicidade que ela obterá será ao lado do seu amado. Curiosamente, Forrest procura sempre ajudar a levantar a moral daqueles que ele sente respeito e carinho, como no caso do inesquecível personagem Tenente Dan e do qual é interpretado com intensidade máxima pelo ator Gary Sinise. Aliás, a figura do tenente é uma de várias que foram mastigadas servindo ao poderio norte americano, mas ganhando uma segunda chance através das virtudes de Forrest.

Como se trata de personagens que participam de diversos pontos da história, Robert Zemeckis foi mais além em termos de efeitos visuais. De forma inédita para a época vemos atores contracenando com pessoas já falecidas, como no caso dos Kennedy, Richard Nixon e John Lennon. O cineasta usou diversas cenas de arquivos que, alinhados com o CGI da época, fez com que as cenas se tornassem assustadoramente realistas. Se hoje estamos acostumados com os mais diversos tipos de fake news visuais espalhadas pela internet, pode-se dizer que, tecnicamente, o filme previu o que viria nos anos seguintes.

Por conta disso, os realizadores foram engenhosos ao colocar o protagonista participando, mesmo de forma indireta, de alguns momentos que entraram para a história, como no caso do escândalo de Watergate. Ao mesmo tempo, a figura de Forrest se mistura com a de pessoas que realmente existiram, desde a corredores que percorreram todos os EUA, como também do seu nome ter ligação com Nathan Bedford Forrest que realmente existiu e era do exército dos Estados Unidos. Ele foi acusado de assassinar muitos negros durante a Guerra Civil e foi uma das pessoas que criou a Ku Klux Klan.

Polêmicas a parte, Forrest Gump é um personagem que vive intensamente sem se preocupar com amanhã, mas cujo o seu maior sonho é encontrar o seu destino do qual foi tanto falado pela sua mãe. Ao meu ver, o filme cruza na possibilidade sobre o destino ou de criarmos a nossa própria história independente do que aconteça. Forrest, portanto, é uma pena flutuante sem rumo, onde cada parada pode vir a se tornar uma grande aventura e podendo até mesmo mudar os rumos de determinada pessoa.

Quase trinta anos se passaram, mas "Forrest Gump – O Contador de Histórias" continua sendo um grande clássico amado por muitos e que nunca é demais poder revisita-lo por ser um bom e velho amigo.  



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Cine Dica: Próxima Sessão do Clube de Cinema de Porto Alegre: 'Benedetta'

Local: Sala Paulo Amorim, Casa de Cultura Mario Quintana

Data: 05/02/2022, sábado, às 10:15 da manhã


"Benedetta"

França/ Bélgica/ Holanda, 2021, 125 min, 18 anos.

Direção: Paul Verhoeven

Elenco: Virginie Efira, Daphné Patakia, Charlotte Rampling, Lambert Wilson

Sinopse: Benedetta Carlini é uma freira italiana que vive em um convento desde a infância, em fins do século XVII. A jovem diz que tem visões religiosas e eróticas ligadas a Cristo e outros símbolos da Igreja, o que divide as opiniões de quem convive com ela. Tudo fica ainda mais perigoso quando o convento acolhe uma jovem agredida pelo pai e ambas, Benedetta e Bartolomea, dão início a um romance conturbado. O filme é baseado no livro “Immodest Acts: The Life of a Lesbian Nun in Renaissance Italy”, de Judith C. Brown, e inspirado em uma história real.

Confira a minha crítica sobre o filme já publicada clicando aqui. 

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

Cine Dicas: Estreias do Final de Semana (03/02/2022)

 MÃES PARALELAS

Sinopse: Prestes a dar a luz, Janis e Ana dividem um quarto de hospital. Ambas são solteiras e engravidaram inesperadamente. No entanto, elas têm expectativas muito diferentes sobre a maternidade.



MOONFALL – AMEAÇA LUNAR

Sinopse: Uma força misteriosa tira a Lua de sua órbita e a coloca em rota de colisão com a Terra. Poucas semanas antes do impacto e com a humanidade à beira da aniquilação, a ex-astronauta da NASA Jo Fowler (Halle Berry) está convencida de que tem a resposta para salvar o planeta.



A FELICIDADE DAS PEQUENAS COISAS

Sinopse: Ugyen Dorji (Sherab Dorji) tem 20 e poucos anos, e é professor, embora sonhe em se mudar para a Austrália e ser um cantor famoso. Em seu último ano de contrato com o governo, é mandado para Lunana, uma das regiões mais isoladas do mundo, onde deverá assumir uma escola infantil.



AS AVENTURAS DE GULLIVER

Sinopse: O maior aventureiro de todos os tempos está de volta! Ao retornar à cidade de Lilliput, Gulliver descobre que muita coisa mudou desde a sua partida e que os moradores estão enfrentando a ameaça de um general com sede de vingança. Gulliver é a última esperança para salvar a cidade e terá que se esforçar para vencer esse desafio gigante.



TÔ RYCA! 2

Sinopse: Em Tô Ryca 2, Selminha (Samantha Schmütz) está de volta e paga mais caro em tudo que quer. Porém, tudo isso é colocado a prova quando uma estranha de mesmo nome se diz herdeira legitima da fortuna. 


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Cine Dica: PROGRAMAÇÃO DE 03 A 09 DE FEVEREIRO DE 2022 na Cinemateca Paulo Amorim

 SEGUNDAS-FEIRAS NÃO HÁ SESSÕES

O Poderoso Chefão. 


SALA 1 / PAULO AMORIM

15h – MADRE Assista o trailer aqui.

NÃO HAVERÁ SESSÃO NO DIA 06 (DOMINGO).

(Espanha/França, 2021, 130min). Direção de Rodrigo Sorogoyen, com Marta Nieto, Jules Porier, Alex Brendemühl. Imovision, 14 anos. Drama.

Sinopse: Faz dez anos que o filho de Elena desapareceu em uma praia da França. Desde então, ela mora no lugar e tenta se recuperar do sofrimento do passado. Mas tudo muda quando ela conhece um adolescente francês de 16 anos que lembra muito o seu filho e faz todo o possível para se aproximar do garoto.


SESSÃO ESPECIAL O PODEROSO CHEFÃO 50 ANOS


15h – O PODEROSO CHEFÃO – PARTE 1

(The Godfather - EUA, 1972, 170min). Direção de Francis Ford Coppola, com Marlon Brando, Al Pacino.

Sinopse: Considerado um dos grandes títulos do cinema norte-americano, o roteiro é baseado no livro de Mario Puzzo e completa, neste mês, 50 anos de sua estreia nos cinemas. A história de uma família de mafiosos italianos que se estabelece nos Estados Unidos depois da Segunda Guerra Mundial gira em torno do “chefão” Don Vito Corleone. O líder poderoso tem três filhos que deverão, no futuro, assumir os negócios da família.


17h30 – BENEDETTA Assista o trailer aqui.

NO DOMINGO, DIA 6, A SESSÃO COMEÇA ÀS 18h.

(França/Bélgica/Holanda, 2021, 125min). Direção de Paul Verhoeven, com Virginie Efira, Daphné Patakia, Charlotte Rampling, Lambert Wilson. Imovision, 18 anos. Drama.

Sinopse: Benedetta Carlini é uma freira italiana que vive em um convento desde a infância, em fins do século XVII. A jovem diz que tem visões religiosas e eróticas ligadas a Cristo e outros símbolos da Igreja, o que divide as opiniões de quem convive com ela. Tudo fica ainda mais perigoso quando o convento acolhe uma jovem agredida pelo pai e ambas, Benedetta e Bartolomea, dão início a um romance conturbado. O filme é baseado no livro “Immodest Acts: The Life of a Lesbian Nun in Renaissance Italy”, de Judith C. Brown, e inspirado em uma história real.

SALA 2 / EDUARDO HIRTZ


14h30 – FORTALEZA HOTEL Assista o trailer aqui.

(Brasil, 2021, 75min). Direção de Armando Praça, com Clébia Sousa, Lee Young-Lan, Larissa Góes, Demick Lopes. Vitrine Lopes, 14 anos. Drama.

Sinopse: Pilar, uma jovem camareira do Fortaleza Hotel, vai sair do Brasil logo depois do ano novo. Mas seu caminho cruza com o de Shin, uma sul-coreana de meia idade que precisa repatriar o corpo do falecido marido de volta à Seul. Quando os planos de ambas começam a dar errado, as duas mulheres acabam se aproximando e se apoiam para resolver seus problemas.


16h – MARIGHELLA Assista o trailer aqui.

(Brasil, 2021, 155min). Direção de Wagner Moura, com Seu Jorge, Adriana Esteves, Bruno Gagliasso. Paris Filmes, 16 anos. Drama/Ação.

Sinopse: A cinebiografia recupera a trajetória do ex-deputado e guerrilheiro Carlos Marighella (1911 – 1969), que comandou um grupo de jovens na luta contra a ditadura que governava o Brasil. Ele foi um dos fundadores da Ação Libertadora Nacional, que pregava a revolução armada, e chegou a ser considerado o inimigo número 1 do Brasil. Sua morte aconteceu em uma emboscada em São Paulo, por agentes do DOPS. O filme é uma adaptação do livro "Marighella - O Guerrilheiro Que Incendiou o Mundo", de Mário Magalhães.


19h – A FELICIDADE DAS PEQUENAS COISAS Assista o trailer aqui.

(Lunana: A Yak in the Classroom - Butão/China, 2019, 110min). Direção de Pawo Choyning Dorji, com Sherab Dorji, Kelden Lhamo Gurung. Pandora Filmes, 12 anos. Comédia dramática.

Sinopse: Cansado da vida em seu pequeno país, um jovem professor butanês resolve tentar a sorte como cantor na Austrália. Mas ele precisa cumprir um último ano de trabalho e é enviado a uma escola distante, em uma aldeia glacial chamada Lunana. Sem conforto algum, o professor começa a ensinar as crianças da aldeia e, aos poucos, descobre os encantos do lugar. O longa é um dos 15 títulos pré-indicados ao Oscar de filme internacional.


PREÇOS DOS INGRESSOS:

TERÇAS, QUARTAS e QUINTAS-FEIRAS: R$ 12,00 (R$ 6,00 – ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS). SEXTAS, SÁBADOS, DOMINGOS, FERIADOS: R$ 14,00 (R$ 7,00 - ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS).

CLIENTES DO BANRISUL: 50% DE DESCONTO EM TODAS AS SESSÕES. 

Professores têm direito a meia-entrada mediante apresentação de identificação profissional.

Estudantes devem apresentar carteira de identidade estudantil. Outros casos: conforme Lei Federal nº 12.933/2013. Brigadianos e Policiais Civis Estaduais tem direito a entrada franca mediante apresentação de carteirinha de identificação profissional.


*Quantidades estão limitadas à disponibilidade de vagas na sala.

A meia-entrada não é válida em festivais, mostras e projetos que tenham ingresso promocional. Os descontos não são cumulativos. Tenha vantagens nos preços dos ingressos ao se tornar sócio da Cinemateca Paulo Amorim. Entre em contato por este e-mail ou pelos telefones: (51) 3136-5233, (51) 3226-5787.

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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

Cine Dica: Streaming: 'Titane'

Sinopse: Vencedor da Palma de Ouro no último Festival de Cinema de Cannes. Após uma série de crimes sem explicação, um pai reúne-se ao seu filho que estava desaparecido há 10 anos. 


David Cronenberg escandalizou o mundo com "Crash - Estranhos Prazeres" (1996) onde retratava uma sociedade que sentia prazer através de acidentes de carro e praticavam o sexo em meio aos escombros. Embora polêmico para época o filme levou o prêmio Especial do Júri no festival de Cannes daquele ano onde passou a se tornar cultuado ao redor do mundo. "Titane" (2021) é um filme similar ao tema, mas se enveredando ainda mais na questão do prazer através da dor, pois pelo lado humano não se encontra mais nenhum.
Dirigido por Julia Ducournau, o filme conta a história de Titane, que sofreu um violento acidente de carro e deixou longos e duradouros efeitos colaterais. Carrega para si uma placa de titânio em seu crânio. Crescida se torna uma modelo de showroom de carros e começa a ter atração sexual por seus produtos; depois de um tempo uma gravidez inesperada se transforma em um massacre aterrorizante; e um bombeiro se reencontra com um homem brutalmente queimado que diz ser seu filho perdido.
Julia Ducournau usa da história absurda e violenta para falar de uma história de amor que começa através da mentira e da qual antes a protagonista não conseguia, seja através de homens e mulheres. Antes disso, pela falta de tato e carinho pelo próximo, ela acaba tendo mais atração pelos próprios carros, ao ponto de uma cena em que ela prática sexo com o seu próprio carro pode ser interpretada de múltiplas formas. Antes disso, vemos a mesma assassinar pessoas, desde um rapaz abusivo, como também mulheres das quais ela tentou, porém, não conseguiu obter os seus desejos.
Com planos-sequências caprichados, a cineasta usa e abusa de cenas fortes, ao ponto que ficamos nos perguntando qual a saída que a protagonista irá tomar, pois estamos falando do início do filme onde tudo de pior já acontece. A solução surge quando ela decide se disfarçar de rapaz e dizendo que é o filho desaparecido de um chefe de bombeiros, interpretado pelo ator Vincent Lindon. É neste ponto que o filme toma um outro rumo, como se estivéssemos sido jogados em uma outra trama, mesmo quando a protagonista sempre nos lembra que está fugindo dos seus crimes praticados.
Curiosamente, o filme me fez lembrar também do título "Estrada Perdida" (1997), do diretor David Lynch, onde o protagonista se transforma em outro personagem para assim fugir do seu crime. Mas se lá Lynch usava a sua mente criativa para criar essa situação, por vezes, absurda, aqui a situação é um tanto que mais verossímil, mesmo quando a protagonista esconde uma gravidez indesejada e fora dos padrões da lógica. Na medida em que a gravidez avança fica cada vez mais difícil da personagem esconder a verdade, porém, essa questão se torna um mero detalhe.
Julia Ducournau cria uma trama em que os personagens procuram de todas as formas uma forma de obter carinho, nem que para isso tenha que se curvar nas piores provações possíveis. O chefe dos bombeiros, por exemplo, busca o corpo perfeito através das drogas, mas fazendo com que os seus métodos se tornem o seu pior inimigo. Ao encontrar o possível filho perdido ele vê ali a chance de obter o amor que nunca havia adquirido, mesmo quando esse não seja realmente verossímil.
Garance Marillier, por sua vez, entrega uma atuação complexa, desafiadora e que exige um apelo, tanto emocional, como também físico e fazendo a gente se perguntar até que ponto a sua personagem irá fingir ser uma coisa que não é. Porém, Julia Ducournau cria uma fábula transgressora, onde os personagens se veem perdidos em suas vidas e cuja a mentira acaba se tornando a única forma para obter o amor que tanto desejam. Neste caso, aliás, ele é obtido na reta final da trama, mas de uma forma que cabe cada um tirar as suas próprias conclusões com relação ao que irão testemunhar nos derradeiros minutos finais.
"Titane" é um filme provocante, selvagem e onde mostra uma sociedade que se perde através da busca de um amor raro e quase inalcançável.  

Onde Assistir: MUBI 

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terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

Cine Dica: Streaming: 'Pig'

Sinopse: Rob, um homem que vive isolado na floresta, colhendo cogumelos. Um dia, sua única companhia, uma porca especialista em encontrar trufas valiosíssimas e extremamente saborosas, desaparece. 

Nicolas Cage aprendeu da melhor e pior maneira possível sobre como funcionam as engrenagens de Hollywood. Ganhador do Oscar por "Despedida em Las Vegas" (1995), o interprete decidiu aproveitar o prestigio e relaxar atuando em filmes de ação como "A Rocha" (1996), "Con Air - A Rota da Fuga" (1997) e "A Outra Face" (1997). A partir dos anos 2000 a coisa deslanchou de vez, onde o ator começou a errar nas escolhas de determinados projetos e resultando em filmes cada vez mais sofríveis.

"Adaptação" (2002) foi um filme que deu até esperança para os fãs, mas não foi o suficiente para livra-lo do estigma de atuar em filmes ruins. O problema é que, talvez, a fama tenha subido a sua cabeça, além de problemas pessoas e financeiros que fizeram o ator ser obrigado em atuar em filmes cada vez mais ruins unicamente para pagar as contas. Ou seja, um talento sendo mastigado pela verdadeira face do que é essa indústria de cinema norte americana.

Porém, nem tudo está perdido e o ator nos surpreende com "Pig" (2021), do qual talvez venha se tornar no filme mais importante de sua carreira tão sofrida. Dirigido pelo estreante Michael Sarnoski,  Cage interpreta Rob, um homem que vive isolado na floresta, colhendo trufas, sua única companhia, uma porca especialista em encontrar trufas valiosíssimas e extremamente saborosas, desaparece. Este episódio faz com que o ermitão parta em busca do seu animal de estimação, retornando à vida que deixou para trás quando ainda era um chef de cozinha conceituado.

Pela premissa a gente até imagina que o protagonista irá partir para a vingança e bem ao estilo "John Wick". Porém, esse pensamento é natural, já que a maioria dos cinéfilos do mundo está acostumado pelo lado previsível deste gênero vindo do território americano e, portanto, sempre vem o obvio em nossos pensamentos. Porém, não é isso o que acontece.

O filme está mais pelo lado existencialista, onde gradualmente vamos conhecendo o personagem e as motivações que o levaram a desistir da civilização. Tudo é apresentado de uma forma lenta, mas que nos prende atenção graças ao seu visual, pois uma vez o protagonista adentrando novamente a selva de pedra se percebe que ele não perdeu muito ao deixa-la para atrás. Se percebe, por exemplo, que há um jogo pelo poder dentro do universo da culinária, mas ao mesmo tempo é analise pessimista de como esse sistema os suga e me lembrando até mesmo o já clássico "Clube da Luta" (1999).

Nicolas Cage, por sua vez, nos brinda com a melhor atuação de sua carreira, já que em sua interpretação podemos enxergar os piores e os melhores momentos de seus trabalhos de atuação. O seu personagem Rob seria uma espécie de metáfora de sua pessoa do mundo real, onde se encontra cada vez mais cansado perante ao mundo cheio de regras e cuja as mesmas é o dinheiro que comanda. Trocamos o universo dos filmes pela culinária e se tem a mesma coisa sobre o que o ator quer nos dizer com relação ao seu estado de espirito de agora.

Porém, Alex Wolff, que vem cada vez crescendo mais desde ao impressionante "Hereditário" (2018) não fica muito atrás com relação em termos de atuação e surpreende novamente em cena. Ao interpretar um jovem rico que tenta ganhar fortuna através do talento de Rob, o mesmo não esconde certa inocência perante a realidade que convive e conhecendo, enfim, uma nova realidade que antes desconhecia através de Rob. O final irá dividir a opinião de muitos, mas com certeza fará com que saiam da sala pensativos.

"Pig" é uma grata surpresa deste ano ao nos apresentar um Nicolas Cage farto das regras do cinemão hollywoodiano e nos brindando com algo no mínimo significativo. 

Onde Assistir: GloboPlay 

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