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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

Cine Especial: Próximo Cine Debate: ‘Forrest Gump’

"A gente deve deixar o passado para trás antes de continuar em frente." 

O cineasta Robert Zemeckis vinha criando uma carreira respeitável entre a virada dos anos oitenta para os noventa, pois basta nos lembrarmos da trilogia "De Volta Para o Futuro" (1985 - 1989) e "Uma Cilada Para Roger Rabbit" (1989) para termos uma vaga ideia. Em ambos os casos foram filmes revolucionários em termos de efeitos visuais, sendo que o último citado até hoje é considerado o melhor filme ao unir desenhos animados com seres humanos em cena. Curiosamente, são efeitos visuais que o cineasta criou, não para somente entreter as plateias, como também criar um alto grau de verossimilhança.

Quando "Jurassic Park" (1993) foi lançado nos cinemas se abriu uma janela com relação ao futuro, onde fantasia e a realidade poderiam, enfim, andar de mãos dadas e sem a gente perceber onde começa e onde termina o efeito visual criado para determinadas cenas. Mas, se lá no fundo algo nos dizia que os dinossauros já se encontravam extintos, por outro lado, é muito mais chocante vermos um protagonista de determinado filme contracenar com uma celebridade que não se encontra mais entre os vivos. "Forrest Gump – O Contador de Histórias" (1994) é revolucionário em vários aspectos, tanto tecnológicos como também fazer de sua história algo surpreendente e verossímil.

Baseado no romance homônimo de Winston Groom, a trama cobre quarenta anos da história dos Estados Unidos que são vistos pelos olhos de Forrest Gump (Tom Hanks), um rapaz com QI abaixo da média e boas intenções. Por obra do acaso, ele consegue participar de momentos cruciais, como a Guerra do Vietnã e Watergate, mas continua pensando no seu amor de infância, Jenny Curran. Acima de tudo, ele corre em busca do seu real destino.

Até hoje o filme é lembrado por diversas cenas simbólicas, mas a cena da pena voando na abertura é sem sombra de dúvida a mais conhecida dentre elas. Feita em CGI, a pena fica perambulando por diversos pontos de uma cidade, até que em um determinado momento ela para aos pés do protagonista. A Jornada da pena nesta abertura seria uma espécie de representação do que seria mostrado a seguir sobre a vida de Gump, do qual cresce com certas dificuldades de saúde, porém, não impedindo de seguir em frente e se jogando ao vento sem nenhum controle.

Cada um tem a sua interpretação com relação ao que o filme quer nos passar, sendo que alguns o tacham negativamente ao dizer que a obra abraça a teoria que a ignorância é uma benção e que só assim poderá obter o caminho para a felicidade. No meu entendimento, Forrest seria a representação perfeita do cidadão norte americano, do qual participa dos principais eventos que moldaram o país ao longo do tempo, mas quase nunca protestando contra os poderosos. Porém, não é um personagem que se vende ao sistema, sendo que o próprio mal sabe quem realmente controla as engrenagens da grande nação que o próprio convive no dia a dia.

O personagem tem um único foco, de seguir em frente, seja correndo, participando Guerra do Vietnã ou cumprindo a promessa do falecido amigo Buba. Porém, acima de tudo, seu maior desejo é rever a sua amada Jennifer, interpretada na época pela atriz Robin Wright. Aliás, o casal central seria uma representação dos dois lados da mesma moeda com relação a sociedade norte americana. Enquanto Forrest embarca em sua jornada em meio aos eventos do país, Jennifer, por sua vez, vai na contracultura, se envolvendo com bebidas, drogas, viagens, protestos e quase nunca alcançando o seu verdadeiro sonho.

Ambos se mantem separados em boa parte do filme, porém, quando se reencontram pelo caminho sempre existe aquela fagulha de esperança para que Jennifer compreenda que a única felicidade que ela obterá será ao lado do seu amado. Curiosamente, Forrest procura sempre ajudar a levantar a moral daqueles que ele sente respeito e carinho, como no caso do inesquecível personagem Tenente Dan e do qual é interpretado com intensidade máxima pelo ator Gary Sinise. Aliás, a figura do tenente é uma de várias que foram mastigadas servindo ao poderio norte americano, mas ganhando uma segunda chance através das virtudes de Forrest.

Como se trata de personagens que participam de diversos pontos da história, Robert Zemeckis foi mais além em termos de efeitos visuais. De forma inédita para a época vemos atores contracenando com pessoas já falecidas, como no caso dos Kennedy, Richard Nixon e John Lennon. O cineasta usou diversas cenas de arquivos que, alinhados com o CGI da época, fez com que as cenas se tornassem assustadoramente realistas. Se hoje estamos acostumados com os mais diversos tipos de fake news visuais espalhadas pela internet, pode-se dizer que, tecnicamente, o filme previu o que viria nos anos seguintes.

Por conta disso, os realizadores foram engenhosos ao colocar o protagonista participando, mesmo de forma indireta, de alguns momentos que entraram para a história, como no caso do escândalo de Watergate. Ao mesmo tempo, a figura de Forrest se mistura com a de pessoas que realmente existiram, desde a corredores que percorreram todos os EUA, como também do seu nome ter ligação com Nathan Bedford Forrest que realmente existiu e era do exército dos Estados Unidos. Ele foi acusado de assassinar muitos negros durante a Guerra Civil e foi uma das pessoas que criou a Ku Klux Klan.

Polêmicas a parte, Forrest Gump é um personagem que vive intensamente sem se preocupar com amanhã, mas cujo o seu maior sonho é encontrar o seu destino do qual foi tanto falado pela sua mãe. Ao meu ver, o filme cruza na possibilidade sobre o destino ou de criarmos a nossa própria história independente do que aconteça. Forrest, portanto, é uma pena flutuante sem rumo, onde cada parada pode vir a se tornar uma grande aventura e podendo até mesmo mudar os rumos de determinada pessoa.

Quase trinta anos se passaram, mas "Forrest Gump – O Contador de Histórias" continua sendo um grande clássico amado por muitos e que nunca é demais poder revisita-lo por ser um bom e velho amigo.  



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2 comentários:

Emília disse...

Marcelo eu amo este filme ela me diz tanto sobre nós mesmos. A simplicidade é complexa. Abraços com carinho.

Marcelo Castro Moraes disse...

Bom dia Emilia e até a próxima live. Bjsss