Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte.
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Do dia 13, até o dia
24 desse mês, o Cinebancários de Porto Alegre exibe (entrada franca), uma
mostra de grandes clássicos e filmes recentes, onde as tramas acontecem na
estrada, ou mais precisamente, o gênero
road movies.
Terra Estrangeira
Sinopse: Paço
(Fernando Alves Pinto) deseja conhecer Portugal, a terra de sua mãe, e o faz
após sua morte. Ele aceita entregar um pacote misterioso em troca da viagem. É
quando se encontra com Alex (Fernanda Torres), brasileira que trabalha como
garçonete em Portugal e que vive com Miguel (Alexandre Borges), um músico
contrabandista viciado em heroína.
Segundo filme de Walter
Salles Jr, depois do razoável A Grande Arte. Aliando uma irresistível estética
em preto e branco á polemica problemática dos imigrantes brasileiros em
Portugal, ele realizou um trabalho que foi escolhido pelos críticos de São
Paulo como a melhor produção nacional de 1995. Como em seu primeiro trabalho, a
trama também se encaminha para o thriller policial. O filme começa no dia do
confisco do Plano Collor. É um retrato maduro que mistura ficção e realidade em
doses iguais.
Sinopse:
Whip (Denzel Washington) está separado de sua esposa e filho, é um experiente
piloto da aviação comercial, mas tem sérios problemas com bebidas e drogas.
Certo dia, ele acabou salvando a vida de diversas pessoas quando a aeronave que
pilotava apresentou uma pane, mas sua frieza e conhecimento permitiu que uma
aterrisagem, praticamente, impossível acontecesse. Agora, apesar de ser
considerado um herói por muitos e contar com o apoio de amigos, ele se vê
diante do jogo de empurra na busca pelos culpados da queda e das mortes
ocorridas. É quando seus erros e escolhas do passado passam a ser decisivos
para definir o que ele irá fazer de seu futuro.
Assim como
Steven Spielberg,Robert Zemeckis começou a carreira dirigindo grandes espetáculos
do entretenimento no cinema (vide a trilogia De Volta para o Futuro), mas
quando criou Forest Gump: O contador de historias parecia que ele seguiria um
rumo com o teor mais maduro, mas não se esquecendo de entreter o publico. Após três
filmes de animação (Expresso Polar, A Lenda de Beowulf e Os Fantasmas de Scrooge) Zemeckis volta a
dirigir da forma tradicional em
O Vôoe para a surpresa de todos, o primeiro filme com um
teor bem adulto da carreira, com personagens humanos e falhos, liderados pelo Whip
(Denzel Washington espetacular), que terá de enfrentar os seus demônios interiores.
Após ter conseguido escapar da morte e ter salvado boa parte dos passageiros de
um avião que pilotava (numa seqüência espetacular), o protagonista terá que
enfrentar o fato de que estava com uma quantidade de álcool elevada no sangue
durante a viagem.
Não é
segredo para ninguém que Denzel Washington é que comanda o show, pois afinal de
contas é o típico ator que já interpretou de tudo um pouco, sendo que cada um dos
seus papeis foi um desafio, principalmente ao interpretar um personagem como
esse: um viciado em bebida e que não admite que tenha problemas para ninguém,
nem para com ele mesmo. Do inicio até o ato final, nos simpatizamos com o
personagem, mas o condenamos pelas suas ações e fraquezas, nas quais poderia se
livrar delas, mas que será somente de uma forma gradual no decorrer do filme,
até se dar conta que se tornará a salvo, quando admitir para ele mesmo os seus
erros que cometeu. Graças à câmera de Zemeckis que segue o ator a todo o
momento, sentimos o personagem se descascando e se tornando uma pálida imagem
se comparado ao que ele foi ao inicio da trama.
Mas embora
o veterano ator comande o espetáculo, os coadjuvantes também têm seu lugar ao sol:
Nicole (Kelly Reilly,de Sherlock Holmes) é uma espécie de imagem espelhada do
protagonista, sendo que ele vê nela uma oportunidade de começar a vida do zero,
muito embora as armações do destino possua outros planos para ambos. Mas de
todo o elenco secundário, quem rouba a cena mesmo é John Goodman, que
interpreta um divertidíssimo fornecedor de drogas para o protagonista, com o
direito de até mesmo o salvar de certas enrascadas. E embora todos nos tenhamos
certa sensação de já sabermos como terminara tudo isso, O Vôo cumpre o que
promete, de não só nos fazer uma reflexão sobre os perigos que nossas fraquezas
podem nos levar como também prova que um drama criado de uma forma bem
redondinha pode sim nos entreter positivamente.
Sinopse: Laguna
Beach, Califórnia. Ben (Aaron Johnson) e Chon (Taylor Kitsch) são grandes
amigos que dividem a mesma namorada, Ophelia (Blake Lively), e cuidam de um
negócio próprio de plantio e distribuição de maconha. A vida do trio segue de
vento em popa até o surgimento de um perigoso cartel mexicano, que lhes oferece
sociedade. Como Ben e Chon não aceitam a proposta, Ophelia é sequestrada. O
resgate equivale a toda a grana que eles ganharam nos últimos cinco anos. Os
amigos aceitam pagar a quantia, mas elaboram um plano alternativo para que
possam ficar com Ophelia e o dinheiro.
Mesmo tendo no currículo obras
premiadas como Nascido em 4 de Julho, Platoon e dentre outros, Oliver Stone
começou a dar umas escorregadas de uns anos para cá, se preocupando mais em
soltar opiniões próprias com relação ao governo Americano, Venezuelano e com
isso gerando polemicas. Talvez com o tempo, ele tenha se esquecido do que é
mais importante na sua vida: fazer cinema de verdade, mas pelo menos, Selvagens
parece ser um pequeno sinal de esperança de que possa voltar aos trilhos.
Aqui, o filme mistura
elementos de humor negro com filme policial, ao explorar dois lados da mesma
moeda, que é o universo das drogas. Embora Ben (Aaron Johnson) e Chon (Taylor
Kitsch) sejam pessoas bacanas, irão descobrir aos poucos que o crime não
compensa ao investir no mundo das drogas. Principalmente quando a namorada
deles (Blake Lively) é seqüestrada pela rainha do trafico (uma Salma Hayek madura),
que ao lado do seu braço direito (Benicio Del Toro, espetacular), irão
infernizar o triangulo amoroso. Neste tipo de filme, não há heróis e vilões,
tão pouco há redenção para ambos os lados, sendo que para o bem ou para o mal,
todos irão sofrer conseqüências na reta final desse submundo. De quebra, é bom
ver John Travolta interpretando um agente (corrupto) antidrogas, no qual acaba
sempre ajudando os dois lados para se dar bem, mas que no fim terá que tomar
uma decisão drástica, mesmo que para isso perca a confiança de todos.
Em meio a esse turbilhão de
revelações, traições e reviravoltas, Oliver Stone demonstra total controle na
direção, ao injetar uma edição estilosa que fala muito por si. Isso sem contar a
contagiante trilha sonora, na qual estão inseridas sucessos como Peter Tosh
("Legalize It") e versões interessantes de "Here Comes the
Sun" (Beatles) e "Psycho Killer" (Talking Heads). Com um final
surpreendente e que nos engana facilmente com um verdadeiro “pega ratão”,
Selvagens é tensão, diversão e reflexão na medida certa.
Na retomada após o carnaval, eis
que somente temos duas estréias para esse final de semana. Mas existe uma lógica para nisso, pois afinal de contas todos os cinemas estão ocupados, exibindo
praticamente todos os indicados ao Oscar de melhor filme. Portanto para aqueles
que ainda não assistiram a todos, eis a grande oportunidade em ficar em dia e
não ficar boiando na noite da cerimônia. Confiram as estréias.
A Hora mais Escura
Sinopse:Os ataques
terroristas sofridos pelos Estados Unidos em 11 de setembro de 2001 deram
início a uma época de medo e paranoia do povo americano em relação ao inimigo,
onde todos os esforços foram realizados na busca pelo líder da Al Qaeda, Osama
bin Laden. Maya (Jessica Chastain) é uma agente da CIA que está por trás dos
principais esforços em capturar Laden, por ter descoberto os interlocutores do
líder do grupo terrorista. Com isso ela participa da operação que levou
militares americanos a invadir o território paquistanês, com o objetivo de
capturar e matar bin Laden.
As Sessões
Sinopse:Mark O'Brien (John Hawkes) é
um escritor e poeta que, ainda criança, contraiu poliomielite. Devido à doença
ele perdeu os movimentos do corpo, com exceção da cabeça, e precisa passar boa
parte do dia dentro de um aparelho apelidado de "pulmão de aço". Mark
passa os dias entre o trabalho e as visitas à igreja, onde conversa com o padre
Brendan (William H. Macy), seu amigo pessoal. Sentindo-se incompleto por
desconhecer o sexo, Mark passa a frequentar uma terapeuta sexual. Ela lhe
indica os serviços de Cheryl Cohen Greene (Helen Hunt), uma especialista em
exercícios de consciência corporal, que o inicia no sexo.
Sinopse: Kansas City, 2044. Viagens no
tempo são uma realidade, mas estão apenas disponíveis no mercado negro. Seu
principal cliente é a máfia, que costuma enviar ao passado pessoas que deseja
que sejam eliminadas, já que é bastante complicado se livrar dos corpos no
futuro. Os responsáveis por estes assassinatos são os loopers, organização a
qual Joe (Joseph Gordon-Levitt) faz parte. Um dia, ao realizar mais um serviço
corriqueiro, ele descobre que seu alvo é a versão mais velha de si mesmo (Bruce
Willis), trazida em viagem no tempo por ter se tornado uma séria ameaça à máfia
no futuro.
Looper - Assassinos
do Futuro é aquele típico filme que estréia no cinema de uma forma discreta,
mas graças ao bate boca vai ganhando inúmeros elogios e conquistando a maioria
do publico que assistiu. Mas não espere assistir uma trama convencional que
está tão acostumado a assistir por ai, sendo que se você não prestar atenção no
primeiro ato, logo você vai ficar boiando e sem saber ao certo o que esta
acontecendo na tela. Mas depois de você compreender bem, a trama engrena na sua
cabeça e se torna um eletrizante filme sobre viagens no tempo, no qual se
determinado personagem der um passo em falso, irá mudar completamente os rumos
da historia.
Joseph Gordon-Levitt está
ótimo como agente incumbido de eliminar pessoas vindas do futuro. Mas as coisas
complicam quando a versão mais velha dele (interpretado por Bruce Willis) é
enviado do futuro para ser eliminado por ele próprio. Porém, a versão mais
velha veio de propósito ao presente para tentar mudar a historia.
Confuso? Então espere para ver os rumos que a trama chega ao ponto de entrar em
território de filmes como X-men, Akira e o recente Poder Sem Limites.
Fora o fato dessa imensa
montanha russa de possibilidades sobre as viagens do tempo, é divertido
assistir Joseph Gordon-Levitt caracterizado e imitando Bruce Willis a todo o
momento. Sendo que quando ambos estão sentados frente a frente numa cena dentro
de um bar, eles nos convencem que eles são realmente a mesma pessoa. Dirigido pelo
cineasta Rian Johson (Os Vigaristas), Looper - Assassinos do Futuro possui um
final que foge bastante do convencional e ao mesmo tempo nos abre inúmeras
possibilidades sobre até onde a trama poderia ter ido, se caso ela tomasse
outros rumos.
Do dia 13, até o dia 24 desse mês, o
Cinebancários de Porto Alegre exibe (entrada franca), uma mostra de grandes
clássicos e filmes recentes, onde as tramas acontecem na estrada, ou mais
precisamente, o gênero road movies.
A Última Estrada da Praia
Sinopse: Leo, Norberto e Paula são
muito mais que amigos. No início de uma viagem para o litoral, conhecem um
estranho que não fala. Os quatro partem em uma aventura em que o percurso é
vivenciado sem pressa.
Primeiro longa
metragem do diretor Gaúcho Fabiano Souza, depois da passagem em curtas como Um
Estrangeiro em Porto Alegre (1999) e Cinco Naipes (2004). Aqui, demonstra total
controle neste longa, com uma trama simples, mas que tem muito a dizer, mesmo
com um dos protagonistas que surge mudo e sai calado, mas que se torna o melhor
personagem de toda a trama, que é interpretado com excelência pelo ator Rafael
Sieg. Esse surge do nada e sem querer, se une ao trio de amigos “coloridos”
(Marcos Contreras, Miriã Possani e Marcelo Adams) e partem para uma viagem, bem
ao estilo "road movie" e durante o percurso, curtem ao máximo os
lugares que passam, embalado com muita azararão, sexo e bebida.
O passado do quarteto
pouco é explorado, principalmente do personagem de Rafael Seg, mesmo tendo
afinidade com o personagem de Contreras. Tudo que sabemos é que tem medo de
ambulância e seja o que for algo de muito ruim deve ter acontecido, mas as
perguntas jamais são respondidas e é ai que o filme ganha pontos, ao fazer o
espectador tirar suas próprias conclusões.
O melhor fica no
terceiro ato do final da trama, onde o foco fica em torno somente de Sieg e
Contreras, e como cenário é somente a praia, da à sensação de que chegaram ao
nada, e tudo que resta é somente os dois juntos, para preencherem o vazio que
ambos sentem perante a solidão que existe no lugar, que pode ser interpretado
em muitos sentidos, como o fim do mundo ou o começo de uma nova vida para
ambos, mesmo que isso leve a dupla para caminhos diferentes.
Com o resultado tão
positivo, Sousa já esta sendo convidado para dirigir novos projetos, e se
colocar essa mesma vitalidade e o desejo de criar algo no mínimo original, assim
como esse longa, podemos esperar ótimos filmes futuros desse ótimo cineasta. Mais informações e horários das sessões da mostra, vocês conferem na pagina do site clicandoaqui,