Sinopse: O documentário produzido por um coletivo palestino-israelense mostra a destruição de Masafer Yatta por soldados israelenses na Cisjordânia ocupada e a aliança que se desenvolve entre o ativista palestino Basel e o jornalista israelense Yuval.
O que é um Documentário?
Essa pergunta serviu como título para o curso do CIne Um que eu participei anos atrás e do qual era uma análise sobre os mais diversos tipos de documentários existentes. Talvez o meu tipo de documentário favorito seja aquele em que os documentaristas não somente registram os fatos, como também se tornam os próprios protagonistas do seu projeto e fazendo nos passar até mesmo a sensação de que estão atuando. Ao assistir o documentário "Sem Chão" (2024) senti no fundo que eu gostaria que as imagens vistas na tela não fossem reais, pois uma vez elas sendo realmente verdadeiras me faz crer que a humanidade se encontra perdida.
Co-dirigido pelo palestino Hamdan Ballal, a obra é um retrato sobre relações em choque entre Israel e Palestina a partir do olhar de cineastas e ativistas palestinos-israelenses. O documentário mostra a aliança entre Basel Adra, um jovem militante palestino, e Yuval Abraham, um jornalista israelense. O documentário filma as ruínas e a terra arrasada que se tornou Masafer Yatta, um conjunto de vilas palestinas localizadas na Cisjordânia ocupada, mas que aos poucos vai sendo destruído por Israel com a mera desculpa que o local se tornará uma base militar.
Desde os ataques de Hamas contra Israel ocorridos no dia 7 de outubro de 2023 me parece que há um esforço das partes das mídias tradicionais colocarem o país como os bons moços enquanto os de fora como o estado da Palestina são os verdadeiros terroristas. Porém, é somente para quem se encontra dentro deste conflito que perdura por décadas que temos então uma verdadeira noção dos fatos. Basel Adra e Yuval Abraham foram resistentes até os seus limites durante a desocupação de Masafer Yatta e fazendo do projeto um verdadeiro documentário denúncia que poucas vezes assistimos no cinema.
É como se nós estivéssemos em meio ao conflito, pois os realizadores fazem questão de registrar tudo. Com a edição de cenas feita às escondidas em uma das cavernas da região, os dois protagonistas registram cenas angustiantes das casas sendo destruídas pelos tratores, além dos moradores quase sempre sendo ameaçados pelos soldados Israelenses. Curiosamente, o documentário vem e volta no tempo em alguns momentos, já que o pai de Basel Adra foi alguém que também lutou pela não invasão e cuja cenas da época um Adra mais novo nos revela o quanto ainda perdura esse conflito e desinformação como um todo.
Cada vez mais que é registrado as cenas dos desmanches das casas a obra fica cada vez mais tensa, principalmente quando Basel Adra e seu parceiro jornalista se tornam conhecidos nas redes sociais ao divulgar os fatos e despertando a ira de determinados políticos. Porém, o documentário não esconde o quanto é árduo em manter a resistência contra aqueles que usam armas e que a qualquer momento irão atirar até mesmo em crianças indefesas. Se no passado era complicado a situação piorou ainda mais a partir de outubro de 2023 e fazendo com que aquele local se tornasse impossível de se viver.
Em um cenário em que faz com que a descrença se fortaleça, tudo o que resta é se manter vivo para continuar passando os verdadeiros registros da história. Portanto, a vitória de "Sem Chão" no Oscar de 2025 como melhor documentário é um exemplo de resistência e de, ao menos, um pingo de esperança para aqueles que ainda acreditam que a verdade pode ainda sim prevalecer nos dias de hoje. Infelizmente com advento das redes sociais, onde qualquer disseminador de fake news pode se intitular jornalista, pensar sobre o assunto cada vez mais desanima. Ao menos sempre existirá alguns para nos dizerem o quanto estamos errados em não nos importarmos com isso.
"Sem Chão" é um documentário de suma importância ao nos revelar os verdadeiros fatos sobre o conflito entre palestinos e israelenses que já perdura há muito tempo.
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