Manco (Clint Eastwood) é um caçador de recompensas que é surpreendido pela presença na cidade de White Rocks de um segundo bounty hunter, o desconhecido, para ele, Coronel Douglas Mortimer (Lee Van Cleef). Ambos tomam conhecimento que o temido bandido El Índio (Gian Maria Volonté) fugira da cadeia e uma recompensa de 10 mil dólares foi fixada por sua captura vivo ou morto. E a recompensa poderia ser ainda maior se somados os prêmios pelo bando de treze homens comandado por El Índio. Manco e Mortimer concluem que precisam juntar forças para enfrentar tantos bandidos sanguinários e fortemente armados. Mortimer tem uma razão especial para caçar El Índio pois este matara seu cunhado e estuprara sua irmã que comete suicídio durante o estupro. Manco se faz passar por fora-da-lei e consegue ser aceito no bando de El Índio que tenciona assaltar o fortemente guarnecido banco de El Paso. Após o bem sucedido assalto o bando se refugia em Água Caliente, onde é descoberto que Manco é um caçador de recompensas. Novamente reunidos, Mortimer e Manco dizimam a numerosa quadrilha, com Mortimer concretizando a vingança pessoal e matando El Índio.
Segundo filme (e meu preferido) da trilogia de Leone e Eastwood, com todos os elementos narrativos, temáticos e visuais que o principal diretor do faroeste espaguete consolidou posteriormente em "Era Uma Vez no Oeste" (1967). Guarda ainda o antigo charme das antigas matines de antigamente. Embora possa parecer que Clint Eastwood seja o protagonista, ele acaba por se tornar coadjuvante, perante a presença magnética de Lee Van Cleef, que faz um veterano caçador de recompensa em busca de vingança.
Mas quem dá um verdadeiro show de interpretação, é mesmo Gian Maria Volonté com seu personagem El Indio, um bandido completamente enlouquecido e cheio de carisma. As cenas em que ele desafia seus oponentes, embalado pelo relógio musical de bolso (cortesia do mestre Ennio Morricone) estão entre as melhores partes do filme. Se em “Por um Punhado de Dólares”, realizado um ano antes (1964), Sergio Leone havia indicado os caminhos renovadores da linguagem do faroeste, com “Por uns Dólares a Mais” ficou evidente o talento criativo do diretor ao contar, com estilo personalíssimo, uma história que a cada situação mais surpreende o espectador.
A simplicidade do roteiro se torna nas mãos de Leone uma inesgotável fonte de acontecimentos inusitados e muitas vezes revestidos de humor cáustico. O Coronel Mortimer acendendo o fósforo na corcunda do bandido Wild (Klaus Kinski) sem que este, no limite extremo do ódio, possa reagir; o flashback do estupro que culmina com a moça pegando o revólver de El Índio e cometendo suicídio enquanto o bandido satisfaz seu desejo sexual; Mortimer e Manco exibindo suas habilidades com armas, tendo seus chapéus alvejados voando. num jogo de quase infantil intimidação; o inexpugnável banco de Yuma, lembrando a arquitetura de Fort Knox (fortificação norte-americana edificada em 1861 e que abriga grande parte do ouro do país); El Índio comentando que Água Caliente se assemelhava a um necrotério, anunciando assim o confronto entre os caçadores de recompensa e o bando que ocorreria em seguida; Manco contando os corpos inertes e calculando a soma das recompensas a receber pelas tantas mortes; a carroça conduzida por Manco carregada com os bandidos amontoados uns sobre os outros.
A morbidez de algumas das sequências de “Por uns Dólares a Mais” delinearam para sempre o western spaghetti.
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