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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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domingo, 9 de março de 2025

Cine Especial: Próximo Cine Debate -'O Trem Italiano Para a Felicidade'

Sinopse: conta a história de Amerigo, um menino de sete anos que deixa Nápoles para morar no norte da Itália. 

O neorrealismo italiano foi um dos principais movimentos do cinema do país, onde cineastas decidiram criar tramas em meio aos escombros da guerra e retratar as suas histórias da forma mais realista possível. Esse momento não somente serviu de inspiração para outros países, como também provou que aquela nação prosseguiu diante de um novo conflito que foi perante a fome e a miséria. "O Trem Italiano Para a Felicidade" (2024) herda um pouco desse realismo, mas ao mesmo tempo nos transmitindo certa esperança e da qual a própria Itália acabou obtendo no seu devido tempo.

Dirigido por Cristina Comencini, o longa é uma adaptação do romance best-seller de Viola Ardone, sendo que a história se situa em 1946, cidade de Nápoles, logo após a Segunda Guerra Mundial. Amerigo Speranza (Stefano Accorsi) é um menino de sete anos que nunca saiu de Nápoles, onde mora com sua mãe, Antonietta (Serena Rossi). Em meio a falta de esperança, Antonietta decide enviar o seu filho para o norte da Itália, onde há um movimento Comunista para ajudar os necessitados e fazendo o jovem obter uma nova perspectiva com relação ao seu próprio mundo.

Ao assistir ao filme não tinha como evitar de me relembrar dos principais títulos do neorrealismo italiano, que vai desde amado "Ladrões de Bicicletas" (1948) como também o magistral "Roma, Cidade Aberta" (1945). Isso se deve principalmente à sua reconstituição de época, onde vemos uma Nápoles procurando se reerguer, mesmo que para isso a inocência de algumas crianças seja extinta de forma precoce. Porém, diferente desses clássicos, o filme procura sempre nos passar um fio de esperança através do olhar do pequeno protagonista.

Curiosamente, o filme brinca com as mais diversas teorias de conspiração com relação ao Comunismo em solo italiano pós guerra, o que não deixa de ser uma crítica acida ao que o ocidente pensava e ainda pensa hoje em dia. Embora essa observação fique em grande destaque em boa parte do primeiro ato, é através da relação complexa entre mãe e filho que o filme nos conquista e fazendo com que obtenhamos diversos sentimentos durante a projeção. Em certo momento podemos até mesmo sentir raiva da mãe do protagonista, e com razão, mas tudo o que ela faz é para ambos sobreviverem, nem que para isso perca um pouco de sua própria humanidade.

Serena Rossi se sai muito bem ao interpretar uma mulher que perdeu tudo, mas que busca uma forma para que ao menos o seu filho saia vivo dessa realidade sombria e opressora do pós guerra. Porém, o filme pertence ao jovem Stefano Accorsi, ao saber construir, tanto fisicamente como também psicologicamente, uma criança que procura sobreviver perante os obstáculos, mesmo quando o universo dos adultos possa parecer opressor em alguns momentos. Ao conhecer os dois lados da mesma moeda de uma Itália que busca se reerguer,  Speranza se dá conta que a cultura e a prática do bem podem lhe abrir novas portas, mesmo quando há certos sacríficos durante a jornada.

Neste último caso, por exemplo, a questão maternal é colocada a prova, que vai desde a questão do abandono, como também saber quando devemos deixar que os nossos filhos deem o seu voo mais alto. No caso da trama, a boa oportunidade para obter novas chances na vida deve ser abraçada, mesmo quando o protagonista acha que foi abandonado durante a sua cruzada. Ao final, constatamos que nunca saberemos ao certo sobre o que molda realmente uma pessoa, mas basta a suas pequenas ações para obtermos uma vaga ideia.

Curiosamente, o filme me relembrou de outro clássico italiano que foi “Cinema Paradiso” (1988), já que ambos os protagonistas retornam para as suas raízes e para que só assim possam descobrir uma peça importante de suas vidas e que havia ficado para trás. Se o final não chega a ser tão emocionante se for comparado ao clássico de Giuseppe Tornatore, ao menos faz com que a sessão termine de forma satisfatória e os nossos sentimentos com relação ao papel da mãe e filho se torne mais esclarecedores para dizer o mínimo. Pode não se tornar um novo clássico italiano, mas nos emociona na medida do possível.

"O Trem Italiano Para a Felicidade" transita entre o cinema mais pessimista para o mais esperançoso do cinema italiano e é por isso mesmo que vale a pena ser descoberto. 

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