A maneira como eu conheci determinados clássicos rende grandes histórias e das quais eu guardo para mim com muito carinho. Nunca me esqueço, por exemplo, quando tive o primeiro vislumbre do clássico “ET” (1982), do qual eu não assisti ao filme no cinema na época, mas testemunhei o trailer antes da exibição do filme “A Filha dos Trapalhões” (1984) quando os meus pais me levaram no saudoso Cine Imperial da rua das Andradas de Porto Alegre. Porém, muitos clássicos eu tive a minha primeira experiência através da tv e essa foi bastante curiosa que eu direi a seguir.
No final dos anos 80 e começo dos anos 90 eu assistia ao desenho chamado "Muppet Babies", que mostrava os clássicos personagens dos Muppets em versões crianças e onde viviam em um berçário. Curiosamente, os personagens passavam por inúmeras aventuras dentro do local, mas isso era somente possível graças às suas imaginações férteis e surpreendentes. Quando isso acontecia, os realizadores do programa eram engenhosos em cruzar os desenhos com cenas de filmes e seriados da época e tornando a atração ainda mais interessante ao ser vista.
Quando eu olho pra trás me surpreendo pelo fato de que muitos clássicos do cinema eu tive o primeiro contato através deste desenho. Há, por exemplo, um episódio interessante quando o personagem Scooter ficou doente e foi então que Caco e os demais decidiram adentrar dentro do corpo dele para combater o vírus da gripe. O que se vê a seguir são cenas reutilizadas do clássico "Viagem Fantástica" (1966) e que somente fui assistir anos mais tarde. Nunca me esqueço que foi em uma tarde chuvosa, sem poder brincar na rua, mas foi então que a saudosa "Sessão da Tarde" passou esse clássico e o resto é história.
Em "Viagem Fantástica" temos uma obra original e divertida de SyFy que tem como pano de fundo a "Guerra Fria" dos anos 60, quando o mundo ainda era dividido politicamente pela “Cortina de Ferro”, os Estados Unidos e a União Soviética também se enfrentaram no campo científico. Nesta aventura temos o corpo humano como palco de uma espécie de zona de guerra. O filme em si foi produzido especialmente para a exploração ao máximo dos efeitos visuais que podiam ser alcançados na época e é válido lembrar que este tipo de temática estava fazendo muito sucesso junto ao público americano, tanto que o período é marcado pelo surgimento das séries SyFy de TV, que vai desde "Viagem ao Fundo do Mar", "Terra de Gigantes" e "Túnel do Tempo" e muitos outros títulos que encantam o público até nos dias de hoje.
Dirigido por Richard Fleischer o mesmo de "Conan o destruidor" (1984). o filme nos brinda com uma inédita viagem ao corpo humano, que devido às formas de células e tecidos, pode muito bem ser comparado ao cosmos, até porque somos uma parte ínfima do mesmo. É interessante ver como o pensamento cartesiano influencia o mundo, com a questão de que se podemos entender uma pequena parte do todo, podemos explicar esse todo. Um grupo de cientistas militares são miniaturizados juntamente com a nave proteus para em seguida serem injetados no corpo de um cientista que sofreu um dano cerebral. Acontece que esse cientista detém o conhecimento de controlar o tal processo de miniaturização, que até então só dura 60 minutos, e os objetos ou pessoas voltam ao tamanho normal.
De forma merecida, o filme levou o Oscar de efeitos especiais de 1966 e se tornando um grande sucesso de público e crítica. Curiosamente, a Fox jamais deu sinal verde para uma possível continuação, porém, anos mais tarde Steven Spielberg produziu uma produção similar intitulada "Viagem Insólita" (1987), mais com uma temática mais divertida para a época. "Viagem Fantástica" é uma ficção científica sobrevivente ao teste do tempo e cuja sua aventura dentro do corpo humano surpreende até nos dias de hoje.
Faça parte:
Facebook: www.facebook.com/ccpa1948
Nenhum comentário:
Postar um comentário