Sinopse: A trama acompanha a pequena Cleo, de seis anos, uma menina completamente apaixonada por Gloria, sua babá, desde que perdeu sua mãe.
Os nossos primeiros anos de infância são momentos mágicos e dos quais enxergamos como tempos cada vez mais dourados. Porém, por mais precoce que seja, o amadurecimento acaba surgindo perante as dores emocionais que precisamos enfrentar logo cedo e para que assim estejamos mais preparados perante o mundo. "Meu Verão Com Glória" (2023) fala sobre o amor que nós sentimos pelos nossos entes queridos quando éramos crianças, mas que precisamos aceitar enfrentar a realidade mesmo quando eles não se encontram mais presentes.
Dirigido por Marie Amachoukeli, a história é sobre amor e amizade entre uma criança e sua cuidadora. Aos seis anos, Cleo é apaixonada por sua babá Glória, que a cria e cuida desde seu nascimento. Um dia, após uma notícia trágica, Gloria precisa retornar urgentemente ao seu país natal Cabo Verde, onde vivem sua família e seus filhos. Não demora muito para que Cleo tenha a chance de visitá-la, mas conhecendo um outro lado da vida de Glória do qual desconhecia.
O filme gira quase 90% sobre a perspectiva de Cleo, onde pelo seu olhar inocente observa cada detalhe de sua realidade e fazendo com que compreendêssemos os seus sentimentos em determinados momentos. Vale destacar as passagens em que testemunhamos as suas lembranças, sendo elas emolduradas em animação feita a mão e sintetizando o seu lado infantil com relação a como ela enxerga esse mundo ao lado de Glória. São passagens como essa que faz do filme se tornar mais rico, pois é sempre interessante o protagonismo de uma criança e da forma como ela enxerga a sua própria vida como um todo.
A relação de Cleo e Glória é a força matriz do filme. onde cada gesto e olhar simbolizam essa relação quase de mãe e filha e da qual dificilmente é desvencilhada. A separação das duas, por exemplo, serve como catalisador para que ambas revelem suas reais naturezas, seja com relação ao que ambas escondiam uma para outra, como também as suas perspectivas com relação a própria vida. Do segundo ato em diante vemos uma Cléo tentando compreender as verdadeiras raízes de Glória e criando-se assim um mosaico de informações com relação à própria.
Se por um lado Glória é uma pessoa vivida perante os obstáculos que a fizeram tornar a mulher que ela é, por outro lado, Cléo se encontra ainda na superfície e que será preciso nadar de forma mais persistente para compreender sobre a realidade adulta ainda desconhecida. Ao mesmo tempo, a sua inocência faz com que revele o seu lado mais inconsequente, mas tendo que desvencilhá-lo antes que seja tarde. Portanto, a sua cena em que ela quase comete um ato horrível, logo dá lugar a sua redenção como um todo e sabendo lidar com o fato que nem sempre podemos ter o que mais desejamos.
Tanto a pequena Louise Mauroy-Panzani como a veterana Ilça Moreno Zego estão ótimas em seus respectivos papéis, onde cada olhar que elas constroem para as suas respectivas personagens simboliza uma doçura verossímil e da qual não esqueceremos tão cedo. Portanto, a cena final entre ambas as personagens é de cortar o coração, pois o amor ali é real e simboliza o fechamento de um ciclo entre elas. Um filme que facilmente nos identificamos, já que todos nós fomos um dia inocentes e que deseja ter os nossos entes queridos com a gente desde sempre.
"Meu Verão Com Glória" é sobre a inocência perante os dilemas em que a vida nos traz e de como é difícil amadurecer.
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