Sinopse: Um jovem cineasta que visita sua cidade natal é surpreendido pelo rápido avanço da pandemia e precisa encontrar seu pai, com quem não fala há mais de dez anos. Depois do primeiro encontro, coisas estranhas começam a acontecer.
Guto Parente é um cineasta brasileiro que gosta de fazer filmes experimentais e que já desde cedo tem chamado a minha atenção. Nunca me esquecerei da sessão do filme "Os Monstros" (2011), assim como o ótimo "Inferninho" (2018) e "O Clube dos Canibais" (2018) e dos quais surpreenderam o público e a crítica antes dos tempos de pandemia do Covid-19. Com relação a isso, "Estranho Caminho" (2023) fala justamente sobre esses tempos nebulosos, além de explorar laços familiares que merecem ser reatados.
Na trama, David (Lucas Limeira) é um jovem cineasta que retorna à sua cidade natal em meio à crescente crise da pandemia de Covid-19. O retorno inesperado é impulsionado pela necessidade urgente de se reconectar com seu pai Geraldo (Carlos Francisco), com quem está em silêncio há mais de uma década. O encontro com o pai, marcado por um misto de tensão e esperança, inicialmente parece ser um passo positivo na reconciliação.
Tanto "Inferninho" como "O Clube dos Canibais" foi uma forma do realizador fazer uma análise pessoal com relação ao Brasil em tempos em que a Extrema Direita estava se vangloriando no poder e colocando em xeque o nosso futuro. Neste filme, porém, ele é um de muitos que irão vir a seguir ao fazer um retrato sobre aqueles tempos nebulosos em que todos nós viveram, mas que cada um tem uma história distinta para contar. No caso do realizador, eu acho que ele procurou exorcizar os seus temores e procurar reconciliar-se com o seu passado familiar.
No caso da ficção aqui, isso é muito bem realizado pelas ótimas atuações de Lucas Limeira e do veterano Carlos Francisco, que em cena são dois lados da mesma moeda, mas que precisam se reconciliar em meio a tensão crescente que ocorre em meio a eles. Contudo, mais do que reaproximação sendo explorada aqui, Guto Parente acrescenta tudo o que ele havia feito nos filmes anteriores e fazendo de o longa transitar entre o convencional e o experimental e fazendo com que algumas passagens da história nos provoque mais dúvidas do que respostas.
Isso acaba se casando perfeitamente com a desordem da época, onde não sabíamos ao certo como terminaria toda aquela situação de isolamento devido à pandemia e o filme nos provoca até mesmo lembranças que nós preferimos enterrar desde sempre. Embora não tenha o mesmo impacto cinematográfico que foi sentido nos longas anteriores, o filme pode facilmente se encaixar perfeitamente nesta pequena onda crescente que retrata esses tempos indefinidos e que pode facilmente ser revisitado. Acima de tudo, é um filme brinca com as nossas expectativas, nos surpreendendo em alguns momentos, mesmo em um curto espaço de tempo.
"Estranho Caminho" é sobre a busca pelo direito de resposta familiar em meio às incertezas dos tempos da Covid.
Onde Assistir: Mubi
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