Nota: Filme exibido para os associados no dia 01/03/25
Sinopse: O Cinecineasta Johan Grimonprez examina as maquinações políticas por trás do assassinato do líder congolês Patrice Lumumba em 1961.
Os erros do passado servem como exemplo para que os mesmos não se repitam em nosso presente. Infelizmente nas últimas décadas parece que de nada se aprendeu com relação a guerras, preconceito e o desejo das superpotências dominarem outros povos. "Trilha Sonora para um Golpe de Estado" (2024) é uma análise de como a Democracia se torna um mero sonho quando ela nasce como uma mera desculpa para um país começar a ser saqueado.
Dirigido por Johan Grimonprez, o documentário reconstitui os últimos meses antes de Patrice Lumumba, primeiro presidente eleito democraticamente do Congo, ser assassinado em 1961. Em protesto, os músicos Abbey Lincoln e Max Roach invadem o Conselho de Segurança da ONU. Ao mesmo tempo, Louis Armstrong é enviado para o país como uma cortina de fumaça dos planos norte-americanos de depor Patrice.
A Guerra Fria pode ser considerada uma espécie de 3ª Guerra Mundial silenciosa, já que muitos países sofreram com alterações ou até mesmo golpes de estado indiretos vindo das superpotências e usando a ONU como uma grande alavanca. Os países Africanos, por exemplo, foram locais severamente colonizados, mas dos quais chamaram atenção das potências como os EUA que se diziam os salvadores e que vendiam a ideia da Democracia para todos. O país do Congo foi uma espécie de laboratório do que se estenderia não somente para outros países daquele continente, como também dos demais pontos do mundo.
O cineasta Johan Grimonprez capricha em uma edição através de várias cenas de arquivos guardados há muito tempo, mas sendo o suficiente para construir um mosaico de informações que nos conduzem aos principais eventos políticos dos anos cinquenta e sessenta. Curiosamente, é notório o quanto tudo estava interligado, desde a revolução Cubana, como até mesmo os golpes de estados orquestrados contra os países Sul-americanos após Fidel Castro fazer a diferença em seu país como um todo. O documentário pode ser sobre tempos difíceis do Congo, mas não sendo muito diferente do que o próprio Brasil viveu nos tempos de Chumbo.
Porém, o ápice do longa se encontra através das figuras ilustres da música, mais precisamente no ramo do jazz e cujo os seus artistas usavam as suas obras musicais como uma espécie de discurso contra a opressão. Curiosamente, esses momentos emolduram o documentário como um todo, fazendo com que tudo se torne mais dinâmico e ao mesmo tempo sintetize o calor de tempos mais politizados e onde a música tinha um papel de grande peso. Infelizmente pessoas ilustres como Louis Armstrong somente serviram como uma espécie de cortina de fumaça para esconder os verdadeiros propósitos, seja dos poderes vindos dos EUA, como também da ONU diante do caso do Congo.
Em seu ato final, o documentário nos revela de uma forma nua e crua que a ideia da Democracia pode se tornar algo frágil quando há motivos escusos vindo de outros poderes, desde colonizar o estado para obter as suas riquezas, como também expandir essa ideia de forma camuflada e estendendo para os demais continentes. Uma vez assistindo ao documentário, logo percebemos que o papel da ONU pode se tornar, tanto primordial, como também uma grande piada de mal gosto e custando a vida de milhares de pessoas e do qual poderia ser evitado. Infelizmente a ideia da colonização e a execução de determinados líderes pelo globo se estende até os dias de hoje e nos dá a entender que nada foi aprendido em mais de meio século.
"Trilha Sonora para um Golpe de Estado" nos revela quando Democracia se torna um mero sonho enquanto houver potências colonizadoras pelo mundo.
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