nota: filme exibido para associados no último sabado (26/01/19)
Sinopse: Cantor veterano costumava ser um apresentador de TV de sucesso, mas sua fama fica no passado. Quando sua produtora, Nathalie, se muda para o interior, ele vai à festa de abertura da casa e encontra sua ex-mulher, além de outros excêntricos convidados.
Não importa qual país, pois atualmente existe um conflito de classes perceptível, principalmente nos tempos de internet em que as pessoas destilam as mais diversas opiniões sobre os outros como se fosse terra de ninguém. Em “Praça Pública”, diferentes classes e pensamentos de sociedade se colidem, não de forma avassaladora, mas através de uma comédia refinada em que se revela costumes de pessoas de diversas classes e expondo suas fraquezas e opiniões errôneas.
Com experiência vasta na direção, atuação e roteiro, Agnès Jaoui coloca na mesa essas funções em um único projeto. Na trama, são investigadas de maneira sutil as diferenças entre burgueses e a classe trabalhadora, pais, filhos, a moral, interior, cidade, juventude, velhice, astros e desconhecidos. Essa, aliás, não é a primeira vez que Jaoui explora uma história como essa. “O Gosto dos Outros” (2000), por exemplo, estreia da artista como realizadora, trouxe tramas similares e que serviu de laboratório para esse filme.
A história se concentra na presença de Castro (Jean-Pierre Bacri), um apresentador de TV que participa do open house de sua produtora, Nathalie (Léa Drucker), que se mudou para uma casa de campo "a 35 minutos de Paris" apenas, como repete a anfitriã. Enquanto tenta manter a garçonete Samantha (Sarah Suco) trabalhando e não deslumbrada com os astros que são vistos na festa, Nathalie também recebe sua irmã, Hélène (Jaoui), que é a ex esposa de Castro e deseja levar conteúdos politicamente para o programa de seu ex. A lista de convidados conta ainda com a filha de Castro e Hélène, Nina (Nina Meurisse), que acabou de lancar um livro com personagens inspirados em sua vida pessoal, os atuais cônjuges do ex-casal (Héléna Noguerra e Eric Viellard), o esposo imigrante e levemente xenófobo de Nathalie (Miglen Mirtchev) e o narcisista jovem youtuber Biggistar (Yvick Letexier).
Em mais uma parceria de roteiro entre Jaoui e Bacri, que também foram casados na vida real, algo que adiciona uma camada deveras irônica aos seus papéis na trama. O filme traz um elenco que parece curtir bastante e encenando todos aqueles desencontros e desavenças que vão acontecendo. A narrativa, entretanto, é um pouco confusa e alguns personagens apresentados tem pouco espaço de tempo para serem melhores desenvolvidos.
Ainda assim, o lado natural e cínico vindo dos diálogos se torna ideal ao mostrar a festa um sintoma de conflitos mais amplos presentes na sociedade de hoje, principalmente em um momento que pensamentos do passado que deveriam ser esquecidos voltam à tona. De uma tarde fresca na França para a noite de chuva e confusão, "Praça Pública" cobre é um bom recorte que ajuda a inserir o cinéfilo naquelas situações. Por mais que invista em alguns comentários previsíveis, como a batida noção de futilidade associada ao uso de redes sociais, há bastante virtude nas palavras elaboradas pelo roteiro de Jaoui e Bacri. Nem todas as cicatrizes desaparecem, nem sempre é possível haver paz em ambas partes, mas rir das próprias tragédias para ser o primeiro passo para refletir sobre elas.
Sinopse: Cantor veterano costumava ser um apresentador de TV de sucesso, mas sua fama fica no passado. Quando sua produtora, Nathalie, se muda para o interior, ele vai à festa de abertura da casa e encontra sua ex-mulher, além de outros excêntricos convidados.
Com experiência vasta na direção, atuação e roteiro, Agnès Jaoui coloca na mesa essas funções em um único projeto. Na trama, são investigadas de maneira sutil as diferenças entre burgueses e a classe trabalhadora, pais, filhos, a moral, interior, cidade, juventude, velhice, astros e desconhecidos. Essa, aliás, não é a primeira vez que Jaoui explora uma história como essa. “O Gosto dos Outros” (2000), por exemplo, estreia da artista como realizadora, trouxe tramas similares e que serviu de laboratório para esse filme.
A história se concentra na presença de Castro (Jean-Pierre Bacri), um apresentador de TV que participa do open house de sua produtora, Nathalie (Léa Drucker), que se mudou para uma casa de campo "a 35 minutos de Paris" apenas, como repete a anfitriã. Enquanto tenta manter a garçonete Samantha (Sarah Suco) trabalhando e não deslumbrada com os astros que são vistos na festa, Nathalie também recebe sua irmã, Hélène (Jaoui), que é a ex esposa de Castro e deseja levar conteúdos politicamente para o programa de seu ex. A lista de convidados conta ainda com a filha de Castro e Hélène, Nina (Nina Meurisse), que acabou de lancar um livro com personagens inspirados em sua vida pessoal, os atuais cônjuges do ex-casal (Héléna Noguerra e Eric Viellard), o esposo imigrante e levemente xenófobo de Nathalie (Miglen Mirtchev) e o narcisista jovem youtuber Biggistar (Yvick Letexier).
Em mais uma parceria de roteiro entre Jaoui e Bacri, que também foram casados na vida real, algo que adiciona uma camada deveras irônica aos seus papéis na trama. O filme traz um elenco que parece curtir bastante e encenando todos aqueles desencontros e desavenças que vão acontecendo. A narrativa, entretanto, é um pouco confusa e alguns personagens apresentados tem pouco espaço de tempo para serem melhores desenvolvidos.
Ainda assim, o lado natural e cínico vindo dos diálogos se torna ideal ao mostrar a festa um sintoma de conflitos mais amplos presentes na sociedade de hoje, principalmente em um momento que pensamentos do passado que deveriam ser esquecidos voltam à tona. De uma tarde fresca na França para a noite de chuva e confusão, "Praça Pública" cobre é um bom recorte que ajuda a inserir o cinéfilo naquelas situações. Por mais que invista em alguns comentários previsíveis, como a batida noção de futilidade associada ao uso de redes sociais, há bastante virtude nas palavras elaboradas pelo roteiro de Jaoui e Bacri. Nem todas as cicatrizes desaparecem, nem sempre é possível haver paz em ambas partes, mas rir das próprias tragédias para ser o primeiro passo para refletir sobre elas.
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