Sinopse: Enquanto um reconhecido escritor receberá o Prêmio Nobel de Literatura, sua esposa, porém, questiona suas escolhas de vida.
Se por um lado os meios políticos desejam retroceder ao passado, do outro, os meios artísticos preferem abrir a caixa de pandora sempre quando dá e revelar a história de mulheres talentosas e que lutaram para obter o seu lugar ao sol. No recente "Mary Shelley"(2017), por exemplo, descobrimos o quão essa escritora teve que lutar para se tornar a verdadeira autora de uma das maiores obras primas da literatura. "A Esposa" pode ser previsível em termos de história, mas nunca é demais quando se coloca o dedo na ferida.
Dirigido por Björn Runge, o filme acompanha a história de Joan Castleman (Glenn Close) e de seu marido e escritor Joe Castleman (Jonathan Pryce, de A Dama Dourada, 2015). Certo dia ambos recebem a notícia de que ele recebeu o prêmio Nobel de Literatura. Mas durante a viagem e a cerimonia da premiação, descobrimos aos poucos um segredo em que ambos guardam para si.
Baseado no livro escrito por Meg Wolitzer, o roteiro se concentra por completo nessas duas figuras curiosas que, aparentemente, parecem felizes na vida pessoal e profissional. Porém, A câmera de Björn Runge não desvia dos olhares e nos gestos de ambos, sendo que isso já é mais do que o suficiente para se revelar, aos poucos, a real natureza daquela relação, por vezes, duvidosa. Mas se isso acontece muito se deve ao desempenho do seu elenco principal, em especial a Glenn Close, que nos brinda com uma interpretação digna de nota.
Nos primeiros minutos, aliás, o grande segredo do filme já é revelado para nós, mas não por palavras, mas sim pelo olhar da atriz que já nos diz tudo em cena. Talvez esse seja também o maior ponto negativo do filme, pois os realizadores não se empenharam em guardar o segredo a sete chaves, mas dando total liberdade para que os atores dessem as cartas com relação a real natureza dos seus respectivos personagens. Não que isso enfraqueça o fim, mas quando o segredo finalmente é revelado perto do seu terceiro ato ele se torna previsível, pois o ótimo desempenho dos atores em cena já disse tudo.
Aliás, é um filme quase moldado por ações e consequências dos seus respectivos personagens, mas cuja ação vista no passado acaba se tornando mal elaborado. Nas cenas de flashback, por exemplo, vemos como o casal central se conheceu e revelando os motivos que os levaram a tomar decisões cujos caminhos não há retorno. O problema nestes momentos é que eles, infelizmente, foram mal desenvolvidos, não só pela má vontade dos realizadores, como também pela atuação apática de Annie Starke que faz a versão jovem da personagem de Glenn Close. Com isso, os flashbacks apresentados aqui se tornam dispensáveis e fazendo a gente querer com que a história retorne logo ao seu presente. Se não houvesse essas passagens da trama o filme se tornaria em si mais dinâmico, mesmo a gente já sabendo de antemão o grande segredo. É um filme em que não há mocinho ou bandido, mas sim seres humanos que pagam pelas suas ações, ao acreditar que através delas estavam adquirindo algum benefício próprio.
Com uma participação mais do que especial do ator Chistian Slaiter, "A Esposa" é um filme sobre atos e consequências, mas cuja a trama se sustenta devido a estupenda atuação da atriz veterana.
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