Sinopse: Após os eventos de Fragmentado (2017), Kevin Crumb (James McAvoy), a pessoa com 23 personalidades diferentes, passa a ser observado por David Dunn (Bruce Willis), o herói de Corpo Fechado (2000). O duelo entre o homem inquebrável e a Fera é influenciado pela presença de Elijah Price (Samuel L. Jackson), que manipula os encontros entre eles e mantém segredos sobre os dois.
No ano de 2000 nós viviamos em outros tempos, onde o cinema não se sustentava por franquias de super-heróis, sendo que eles somente surgiam em algumas ocasiões na tela do cinema e que, na maioria dos casos, de uma forma desastrosa. Mas quando M. Night Shyamalan lançou “Corpo Fechado” naquele mesmo ano o filme mais parecia um estranho ninho, ao ponto de o público não reconhecer de imediato que estava diante de um filme de super-heróis, pois o teor adulto e verossímil era algo raro de se ver dentro do gênero. Atualmente, em meio a tantas franquias de heróis estabelecidas no cinema, “Corpo Fechado” é visto hoje com carinho por aqueles que apreciam um filme que vai de contramão das fórmulas de sucessos, mas que são, na maioria dos casos, previsíveis.
Nesse último caso, por exemplo, o próprio M. Night Shyamalan se tornou também um estranho no ninho nos primeiros anos do século 21, pois adaptações de HQ haviam tomado por assalto as salas dos cinemas. Em meio a isso, ele havia lançado títulos duvidosos, como no caso de "Fim dos Tempos" (2008) e "Depois da Terra"(2013). Mas se “A Visita” (2015) serviu para que ele colocasse a carreira de volta aos trilhos, “Fragmentado”(2016), por sua vez, provou que o Shyamalan de “O Sexto Sentido”(1999) ainda estava vivo. Porém, o que ninguém imaginava é que o suspense estrelado por James McAvoy (em sua melhor atuação na carreira) era justamente uma continuação de “Corpo Fechado” e cuja a história culminaria em uma trilogia encerrada agora com o filme “Vidro”.
Vistos hoje, tanto o “Corpo Fechado” como “Fragmentado” são filmes distintos um do outro, mas que o cineasta soube conduzi-los em uma única realidade e conecta-la com total facilidade. O início de “Vidro”, aliás, apresenta os personagens principais com total facilidade, tanto para aqueles que assistiram aos filmes anteriores, como também para o marinheiro de primeira viagem. Curiosamente, se percebe que o cineasta está usando fórmulas já manjadas dentro do gênero para que a gente identifique algo de familiar, mas também servindo como mera distração para o que está por vir.
Uma vez que David (Bruce Willis) e Kevin (James McAvoy) confrontam-se pela primeira vez, parece que iremos presenciar aquele velho embate do bem contra o mal. Porém, Shyamalan não cai na vala comum, pois além de criar uma luta em que a câmera mais parece estar no meio deles durante o conflito, a sequência termina de uma forma imprevisível e fazendo com que o cenário dos eventos tenha um novo rumo. Estamos agora em um manicômio, onde Ellie Staple (Sarah Paulson, vista recentemente em “Bird Box”) está não só tratando os novos pacientes, como cuida já alguns anos de Elijah (Samuel L. Jackson), codinome Senhor Vidro e que foi pivô de eventos trágicos vistos em “Corpo Fechado”.
Para Ellie Staple, esses pacientes não passam de doentes mentais que acreditam serem super-heróis para se sentirem especiais e que não aceitam a realidade em que vivem. Shyamalan solta a semente da dúvida com relação as origens e o destino do trio principal da trama, ao ponto de duvidarmos até mesmo dos eventos vistos até aqui. Em contrapartida, os personagens secundários vistos nos filmes anteriores servem para manter a possibilidade do “fantástico” ser verossímil dentro daquele mundo.
Se era óbvio que Joseph (Spencer Treat Clark) seria pupilo do seu próprio pai na luta contra o crime, Casey (Anya Taylor Joy), a personagem sobrevivente do filme “Fragmentado”, por sua vez, cria uma relação complexa com Kevin, o seu algoz. Porém, a química de ambos em cena é cativante, ao ponto de nos relembrarmos dos velhos clássicos da bela indefesa perante a sua fera. Em contrapartida, a presença da mãe Elijah é um tanto que apagada, porém, essencial para o fechamento de um círculo iniciado em “Corpo Fechado”.
Mas não estamos diante de uma mera adaptação de uma HQ, ou de um filme que esteja simplesmente se inspirando no gênero, mas sim tendo em suas entrelinhas a intenção de desconstrui-lo. Em tempos em que essas adaptações estão cada vez mais se aproximando do seu esgotamento, cabe um filme ou outro reinventa-lo, ou para se lançar a dúvida sobre qual será o próximo passo. Não que M. Night Shyamalan queira mudar os rumos das adaptações das HQ, mas também não está interessado no óbvio e tendo sempre o desejo de criar boas histórias para serem apresentadas ao público.
O final, aliás, não possui um peso como foi sentido em "O Sexto Sentido", mas sim ele fecha com satisfação e sem pontas soltas com relação ao que o cineasta havia começado em 2000. Se o primeiro julgamento negativo vindo do público impediu que Shyamalan concluísse sua visão sobre os super seres anos antes, ao menos, o tempo serviu para provar o quão ele estava à frente da ideia de heróis e vilões se interagem numa realidade mais pé no chão e próximos ao nosso mundo real. Em tempos em que as adaptações de HQ estão cada vez mais presas em suas velhas fórmulas, essa trilogia vem para nos dizer que essa fonte de ideias ainda pode render algo muito mais além do que mero entretenimento.
"Vidro" é a conclusão de uma visão pessoal vinda de um cineasta autoral, do qual não irá agradar a todos, mas que fará a gente pensar sobre essas pessoas extraordinárias e como elas se encaixariam no nosso mundo real.
Nesse último caso, por exemplo, o próprio M. Night Shyamalan se tornou também um estranho no ninho nos primeiros anos do século 21, pois adaptações de HQ haviam tomado por assalto as salas dos cinemas. Em meio a isso, ele havia lançado títulos duvidosos, como no caso de "Fim dos Tempos" (2008) e "Depois da Terra"(2013). Mas se “A Visita” (2015) serviu para que ele colocasse a carreira de volta aos trilhos, “Fragmentado”(2016), por sua vez, provou que o Shyamalan de “O Sexto Sentido”(1999) ainda estava vivo. Porém, o que ninguém imaginava é que o suspense estrelado por James McAvoy (em sua melhor atuação na carreira) era justamente uma continuação de “Corpo Fechado” e cuja a história culminaria em uma trilogia encerrada agora com o filme “Vidro”.
Vistos hoje, tanto o “Corpo Fechado” como “Fragmentado” são filmes distintos um do outro, mas que o cineasta soube conduzi-los em uma única realidade e conecta-la com total facilidade. O início de “Vidro”, aliás, apresenta os personagens principais com total facilidade, tanto para aqueles que assistiram aos filmes anteriores, como também para o marinheiro de primeira viagem. Curiosamente, se percebe que o cineasta está usando fórmulas já manjadas dentro do gênero para que a gente identifique algo de familiar, mas também servindo como mera distração para o que está por vir.
Uma vez que David (Bruce Willis) e Kevin (James McAvoy) confrontam-se pela primeira vez, parece que iremos presenciar aquele velho embate do bem contra o mal. Porém, Shyamalan não cai na vala comum, pois além de criar uma luta em que a câmera mais parece estar no meio deles durante o conflito, a sequência termina de uma forma imprevisível e fazendo com que o cenário dos eventos tenha um novo rumo. Estamos agora em um manicômio, onde Ellie Staple (Sarah Paulson, vista recentemente em “Bird Box”) está não só tratando os novos pacientes, como cuida já alguns anos de Elijah (Samuel L. Jackson), codinome Senhor Vidro e que foi pivô de eventos trágicos vistos em “Corpo Fechado”.
Para Ellie Staple, esses pacientes não passam de doentes mentais que acreditam serem super-heróis para se sentirem especiais e que não aceitam a realidade em que vivem. Shyamalan solta a semente da dúvida com relação as origens e o destino do trio principal da trama, ao ponto de duvidarmos até mesmo dos eventos vistos até aqui. Em contrapartida, os personagens secundários vistos nos filmes anteriores servem para manter a possibilidade do “fantástico” ser verossímil dentro daquele mundo.
Se era óbvio que Joseph (Spencer Treat Clark) seria pupilo do seu próprio pai na luta contra o crime, Casey (Anya Taylor Joy), a personagem sobrevivente do filme “Fragmentado”, por sua vez, cria uma relação complexa com Kevin, o seu algoz. Porém, a química de ambos em cena é cativante, ao ponto de nos relembrarmos dos velhos clássicos da bela indefesa perante a sua fera. Em contrapartida, a presença da mãe Elijah é um tanto que apagada, porém, essencial para o fechamento de um círculo iniciado em “Corpo Fechado”.
Mas não estamos diante de uma mera adaptação de uma HQ, ou de um filme que esteja simplesmente se inspirando no gênero, mas sim tendo em suas entrelinhas a intenção de desconstrui-lo. Em tempos em que essas adaptações estão cada vez mais se aproximando do seu esgotamento, cabe um filme ou outro reinventa-lo, ou para se lançar a dúvida sobre qual será o próximo passo. Não que M. Night Shyamalan queira mudar os rumos das adaptações das HQ, mas também não está interessado no óbvio e tendo sempre o desejo de criar boas histórias para serem apresentadas ao público.
O final, aliás, não possui um peso como foi sentido em "O Sexto Sentido", mas sim ele fecha com satisfação e sem pontas soltas com relação ao que o cineasta havia começado em 2000. Se o primeiro julgamento negativo vindo do público impediu que Shyamalan concluísse sua visão sobre os super seres anos antes, ao menos, o tempo serviu para provar o quão ele estava à frente da ideia de heróis e vilões se interagem numa realidade mais pé no chão e próximos ao nosso mundo real. Em tempos em que as adaptações de HQ estão cada vez mais presas em suas velhas fórmulas, essa trilogia vem para nos dizer que essa fonte de ideias ainda pode render algo muito mais além do que mero entretenimento.
"Vidro" é a conclusão de uma visão pessoal vinda de um cineasta autoral, do qual não irá agradar a todos, mas que fará a gente pensar sobre essas pessoas extraordinárias e como elas se encaixariam no nosso mundo real.
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