Sinopse:Andreia e
Leidiane são vizinhas na periferia de Belo Horizonte. Ambas têm filhos e tentam
evitar o envolvimento com o dia a dia da guerra do tráfico. Andreia sonha em
construir sua casa, enquanto Leidiane espera o marido sair da cadeia.
O cinema brasileiro
vive a sua melhor fase com relação ao “cinema verdade”, onde a percepção com
relação à transição de documentário para ficção se torna irrisória e dando
lugar ao mais puro cinema realista. Se títulos como, por exemplo, Branco Sai e
Preto fica ainda guardava resquícios de um cinema fantástico para se fazer um
filme denuncia, por outro lado, A Vizinha do Tigre havia somente uma linha fina
do qual separava a ficção e realidade e se tornando um prelúdio do melhor que o
cinema independente brasileiro iria oferecer daqui pra frente. O filme Baronesa
seque essa tendência, onde não se há uma história inventada, mas sim somente o
mundo real com suas mazelas que transborda na tela do cinema.
Dirigido Juliana
Antunes a obra nos apresenta o dia a dia de duas vizinhas e amigas que moram na
periferia de BH. De um lado, Andreia começa a construir sua casa para se mudar.
Do outro, Leid e os filhos estão à espera do marido, que está preso. Em comum,
a necessidade de se desviar dos perigos da guerra do tráfico e a estratégia
para evitar as tragédias trazidas como consequência.
Para se obter maior
aproximação com a dupla central da trama, a cineasta Juliana Antunes decidiu
alugar um barracão para ficar próxima a elas e tendo visitas semanais de sua
equipe de filmagem. Isso lhe garantiu a chance de observar diversas situações
do cotidiano de ambas, desde os percalços para se conseguir dinheiro para
sobreviver no dia a dia, como também convivendo com o temor de uma iminente
guerra de quadrilhas daquela periferia. O resultado é uma trama que transita
entre o corriqueiro para situações que beiram a imprevisibilidade e até mesmo o
suspense.
Embora novatas no
mundo da atuação, Andreia e Leid não se intimidam na frente da câmera, sendo
que a primeira é a que mais coloca para fora a sua pessoa e revelando histórias
reveladoras de um passado cheio de percalços. Embora com poucos recursos em
mãos, Andreia é uma pessoa vivida, onde o pior da vida lhe ensinou a se
fortalecer para continuar seguindo em frente, mesmo quando havia todos os
motivos para desistir. O que lhe resta, portanto, é uma força de vontade que se
encontra, não somente em seu físico, mas no seu olhar profundo e com infinitas
histórias para se contar.
Por outro lado, Leid também
tem o seu espaço em cena, ao retratar uma mulher que tem a responsabilidade de
cuidar dos seus filhos sozinha e carregando o fardo das consequências do seu
marido ter sido preso. Juliana Antunes aproveita essa situação para registrar
ao máximo com a sua câmera o quão é difícil cuidar de crianças em meio essa
realidade com poucos recursos e dando para elas um futuro indefinido. Não tem
como não se chocar, por exemplo, na cena em que uma das crianças se encontra
sentada na beira da porta e lançando um olhar para câmera, onde se enxerga uma
inocência que, infelizmente, tende a desaparecer mais cedo do que se deveria.
A violência, por sua
vez, se torna corriqueira naquele ambiente, onde o tráfico se torna o único
sustento, mas desencadeando maiores obstáculos para se continuar vivendo. Se
por um lado fica-se em aberto o destino de pessoas próximas a dupla central, do
outro, a violência dispara sem prévio aviso em determinados momentos e fazendo
a gente se perguntar se realmente aconteceu tal momento: a cena em que ambas as
protagonistas são pegas pelo barulho repentino vindo um tiroteio sintetiza bem
isso.
Com um final em que
se revela incerto com relação ao futuro daquelas personagens, Baronesa é um
retrato cru de uma de uma realidade que molda mulheres esquecidas pelo resto da
sociedade, mas que optam em viver e continuar em frente.
Onde assistir:
Cinebancários. Rua General Câmara, nº424, centro de Porto Alegre. Horário: 17h. Sala Norberto
Lubisco. Casa de cultura Mario Quintana. Rua das Andradas, nº736 – Centro de
Porto Alegre. Horário: 19h.
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