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Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 13 de junho de 2018

Cine Dica: Em Cartaz: Híbridos – Os Espíritos do Brasil



Sinopse: Híbridos é uma pesquisa etnográfica sobre a multiplicidade do mundo das cerimônias sagradas brasileiras e também sobre a linguagem cinematográfica e seu potencial poético. Composto de diferentes formatos, um complementar ao outro, o projeto ambiciona questionar nossa relação com as imagens nos dias de hoje.


No Brasil pós golpe 2016 há uma política retrógrada, onde se prega que o nosso país é formado por Cristãos e que qualquer outra religião seria uma abominação. Porém, a realidade é outra, principalmente para pessoa de bom juízo, que se prezam a pegar um bom livro e descobrir que as nossas raízes são mais diversificadas do que se imagina. Híbridos – Os Espíritos do Brasil é um mosaico de inúmeras cores e formas, onde as culturas e crenças diferentes uma das outras podem sim conviver de uma maneira pacifica.
Coprodução entre o Brasil e a França, o filme é dirigido Priscilla Telmon, Vincent Moon e produzido pela brasileira Fernanda Abreu. Não havendo depoimentos, mas sim somente uma câmera que observa os fatos, se vê aqui inúmeras cerimônias, que vão desde as criadas pelos índios á procissões evangélicas. Gradualmente percebemos que tudo é interligado e formando um mosaico de cores quentes e ricas em conteúdo.
Embora seja um documentário do qual somente se registra os principais rituais do Brasil, os realizadores se propõem a fazer uma espécie de reconstituição da formação do País, mesmo não havendo, por exemplo, uma chegada dos portugueses nas praias brasileiras, mas sim usando simples imagens do cotidiano de pessoas que pregam no que acreditam. O filme começa com o nascer de um belo sol vermelho, onde abre caminho para os índios fazerem suas danças cerimoniais e sintetizando alvorecer de nosso país. Já nesses primeiros minutos somos atingidos por uma fotografia poderosa, da qual pode ser interpretada como uma representação de tempos mais dourados de nossas terras e que ainda não sucumbia pela ambição do homem branco.
O filme avança e as imagens dos verdadeiros donos da terra dão lugar à chegada do cristianismo, onde uma enorme cruz se destaca, além de testemunharmos pessoas rezando em volta dela. É uma representação dos então conquistadores portugueses, que trazem consigo a sua fé, mas não escondendo a ambição pela exploração. Num dos momentos mais tensos do documentário, por exemplo, vemos pessoas aglomeradas, onde se mantém firmes no que acreditam, mesmo que essa fé os deixe cegos.
É aí que há o surgimento dos rituais do Candomblé, Ogum, Iemanjá e dentre outras. Algumas delas, por exemplo, são de origens africanas, das quais vieram do passado junto com os escravos que, mesmo arrancados de suas terras, mantiveram suas raízes intactas. Há, então, o desencadeamento cada vez maior de rituais em cena, onde pessoas não se intimidam em abraçar a sua fé e fazendo nos tornar testemunhas das mais diversas situações que, embora chocantes, nos impressionam pelas suas ricas imagens.
O final da obra é ainda mais simbólico, ao vermos o papel do índio surgir novamente em cena, onde recorre em suas crenças, mas, aparentando, estar sendo sufocado por alguma coisa. No meu entendimento, ao ver o índio com problemas em respirar, uma representação em recorrer aos velhos recursos que a natureza nos deu, mas sendo sufocado pelos males de uma sociedade contemporânea cada vez mais corrupta e cuja sua única ambição é a devastação e riquezas. 
Híbridos – Os Espíritos do Brasil é um criativo documentário, onde se fala pouco, mas diz tudo e provando o quão é vasta a nossa cultura e de tudo que acreditamos vindo dela. 

Onde assistir: Cinebancários: Rua General Câmara, nº 424, centro de Porto Alegre. Horário: 19horas. 


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