“Baronesa”, de
Juliana Antunes, que traz à tona a luta diária de mulheres da periferia
esquecidas pela sociedade, estreia no CineBancários no dia 14 de junho, às 17
horas. Acompanhando as sessões do longa, será exibido o curta “Travessia”,
dirigido por Safira Moreira, filme com uma longa lista de premiações, com 5 min
de duração.
Após se mudar para
Belo Horizonte, MG, em 2008, a diretora Juliana Antunes logo percebeu que a
capital mineira tinha vários bairros com nome de mulher e a maioria deles
levava para a periferia. Este foi o ponto de partida para a construção da
história do filme “Baronesa”, que Juliana dirige, com estreia no dia 14 de
junho.
O longa mostra o dia
a dia de duas vizinhas e amigas que moram na periferia de BH. De um lado,
Andreia começa a construir sua casa para se mudar. Do outro, Leid e os filhos
estão à espera do marido, que está preso. Em comum, a necessidade de se desviar
dos perigos da guerra do tráfico e a estratégia para evitar as tragédias
trazidas como consequência.
- Quando me mudei
para Belo Horizonte, recebi a seguinte recomendação: eu poderia pegar quase
todos os ônibus azuis, mas não deveria pegar a linha vermelha. Comecei a
pesquisar mais sobre os bairros, a história deles e, por fim, entrar nos ônibus
a fim de conhecer um por um. Os anos foram se passando e o interesse de tornar
tal experiência em filme se consolidou na matéria de documentário na universidade.
Voltei aos bairros procurando por mulheres que estivessem interessadas em
participar de um filme usando um método de abordagem clássico: saí, junto com
mais duas amigas (Marcela Santos e Giselle Ferreira) pregando cartazes nas ruas
com os dizeres: procuram-se mulheres interessadas em fazer um filme - relata
Juliana.
A abordagem inicial,
no entanto, não funcionou, e a diretora precisou adotar uma nova tática: colar
um cartaz estrategicamente ao lado de um salão de beleza. “Dois anos se
passaram até encontramos um salão no bairro Juliana que era interessante e as
donas estavam superabertas à ideia do filme. O ‘salão da Pâmela’ se tornou o
meu ponto de partida para o roteiro que se baseava no cotidiano do salão e nos
bairros vizinhos, Juliana e Jaqueline”, conta a diretora.
Andreia, uma das
protagonistas do filme, no início se mostrou reticente com a ideia de
participar do longa. Juliana, então, decidiu filmar o dia a dia de Pâmela e sua
família e, para isso, mudou-se para casa da dona do salão junto com uma equipe
de quatro mulheres. “Neste mês, Andreia resolveu nos dar uma cena na qual fazia
as unhas da Pâmela. Depois disso, mostrei os brutos para ela, que topou fazer o
filme com a seguinte condição: a de que eu me mudasse para a favela, pois ela
não poderia me dar todo o seu tempo e nem saber com antecedência quando poderia
gravar. Aluguei um barracão de 30m² para eu morar sozinha e lá fiquei por seis
meses, com visitas semanais da equipe”.
Segundo Juliana
Antunes, que também assina o roteiro do filme híbrido, a história era escrita
diariamente, muito em função dos acontecimentos imprevisíveis da vida na
periferia. “No exato dia da minha mudança, por exemplo, uma guerra entre
traficantes locais se anunciou (a guerra segue até hoje) e mudou completamente os
rumos do projeto”, revela.
Mas, ainda assim, a
diretora conta que as maiores dificuldades não estavam nas locações em si, e
sim, na necessidade de “autorização masculina”. “Maridos, irmãos, namorados
tinham que concordar com filme para que as mulheres pudessem gravar. Perdemos a
oportunidade de gravar várias outras mulheres pela misoginia. Infelizmente, o
material bruto é repleto de ‘takes únicos’ de mulheres brilhantes que tiveram o
processo interrompido por eles”. A guerra entre facções rivais também foi uma
adversidade, prologando a conclusão do projeto por seis anos, com seis meses de
filmagens espaçadas.
Por fim, Juliana
acredita que “BARONESA” endossa o coro de movimentos que dão vozes às mulheres
e lutam contra as desigualdades de cunho racial, social, regional e salarial.
“O filme surgiu da união de várias mulheres em todas as suas etapas, desde
amigas, como Marcela Santos e Giselle Ferreira, que fizeram a pesquisa,
assistência de direção e som até as sócias Marcella Jacques e Laura Godoy, que
são duas mulheres incríveis e talentosas. E o filme só foi possível por isso:
pela nossa união, por acreditar em um projeto para lá de ousado e que sim, se
pode fazer um filme, um livro, uma cidade, um país e uma lógica de mundo
diferente. Basta colocar as nossas energias nisso e nos fortalecer”.
Sinopse: Andreia quer
se mudar. Leid espera pelo marido preso. Vizinhas em um bairro na periferia de
Belo Horizonte, elas tentam se desviar dos perigos de uma guerra do tráfico e
evitar as tragédias trazidas junto com a chuva.
LISTA DE FESTIVAIS E
PRÊMIOS
20a. MOSTRA DE CINEMA
DE TIRADENTES - MG (Jan. 2017) - Melhor Filme Mostra Aurora e Prêmio Helena
Ignez Destaque Feminino (Direção de Fotografia - Fernanda de Sena)
IV FRONTEIRA -
Festival Internacional do Filme Documentário e Experimental - GO (Mar. 2017)
6.º OLHAR DE CINEMA -
Filme de Encerramento - PR (Jun. 2017)
40.º FESTIVAL
GUARNICÊ DE CINEMA – MA (Jun. 2017)
MOSTRA INTERNACIONAL
DE CINEMA DE SÃO LUIS – MA (Jul. 2017) – Prêmios de Melhor Atriz (Andreia
Pereira de Sousa) e Melhor Montagem
III PIRENÓPOLIS DOC -
GO (Ago. 2017) - Melhor Filme pelos Júris da Crítica e Jovem
VIII CACHOEIRADOC -
BA (Set. 2017)
50.º FESTIVAL DE
BRASÍLIA DO CINEMA BRASILEIRO - DF (Set. 2017)
24.º FESTIVAL DE
CINEMA DE VITÓRIA – ES (Set. 2017) - Prêmios de Melhor Contribuição Artística,
Melhor Roteiro e Melhor Filme (Júri Técnico).
XIII PANORAMA
INTERNACIONAL COISA DE CINEMA - BA (Nov. 2017) - Prêmio IndieLisboa
X Janela
Internacional de Cinema do Recife - PE (Nov.2017) - Menção Especial na Mostra
Competitiva de Longas< /em>
9.ª SEMANA - Festival
de Cinema (Nov. 2017) - Melhor Montagem
4.ª MOSTRA DE CINEMA
DE GOSTOSO - RN (Nov. 20178)
FORUM.DOC.BH 2017 –
21.º Festival do Filme Etnográfico e Documentário – MG (Dez. 2017)
12.º FEMINA -
Festival Internacional de Cinema Feminino (Dez. 2017) - Melhor Destaque
Feminino na Competição Internacional; Melhor Longa-Metragem pelo Juri Elviras e
Prêmio Especial do Júri da Competição Nacional.
28.º FESTIVAL
INTERNACIONAL DE CINEMA DE MARSEILE - FID MARSEILLE - 3 prêmios de público:
melhor Filme pelo Júri Popular, o Prix Marseille Espérance e o Prix Renaud
Victor - em júri composto pelos detentos do Centro Penitenciário de Baumettes.
(França, Jun. 2017)
24.º FESTIVAL
INTERNACIONAL DE CINEMA DE VALDÍVIA . FIC VALDÍVIA - Melhor Longa-Metragem pelo
Júri da Crítica. (Chile, Out. 2017)
23º FESTIVAL DE
CINEMA DE HAMBURGO (Alemanha, Out. 2017)
22.º FESTIVAL
INTERNACIONAL DE OURENSE - Melhor Ópera Prima e Melhor Filme pelos
Cineclubistas (Espanha, Out. 2017)
VIENALLE - Vienna International Film Festival - (Áustria, Nov. 2017)
REENCONTRES
INTERNATIONALES DU DOCUMENTAIRE DE MONTRÉAL - (Canadá, Nov. 2017)
32.º FESTIVAL
INTERNACIONAL DE MAR DEL PLATA - Melhor
Longa-Metragem pelo Júri da Crítica na Competição Latinoamericana.(Argentina,
Nov. 2017)
7a MUESTRA DE CINE D
E LANZAROTE (Ilhas Canárias – Nov. 2017)
39.º FESTIVAL
INTERNACIONAL DEL NUEVO CINE LATINOAMERICANO - Melhor Documentário (Cuba, Dez.
2017)
8.º FESTIVAL
INTERNACIONAL DE CINE UNAM – FICUNAM (México, Fev. 2018)
AMBULANTE DOCUMENTARY
FILM FESTIVAL (México, Mar. 2018)
GRABA MENDONZA –
Festival Audiovisual Latinoamericano – (Argentina, Mar. 2018)
PUNTO DE VISTA
INTERNATIONAL DOCUMENTARY FILM FESTIVAL - (Pamplona, ESP – Mar. 2018)
IBAFF – Festival Internacional
de Cine de Murcia (Espanha, Mar. 2018)
8.º FEMCINE –
Festival de Cine de Mujeres (Chile, Mar.2018)
ART OF THE REAL , Film Society - Lincoln Center (NYC, Abr. 2018)
19.º JEONJU INTERNATIONAL FILM
FESTIVAL (Korea, Mai. 2018)
14.º INDIE LISBOA (Portugal,
Mai. 2018)
FICHA TÉCNICA:
Direção e Roteiro –
Juliana Antunes
Produção – Juliana
Antunes, Marcella Jacques, Laura Godoy
Coproduç ão – Thiago
Macêdo Correia, André Novais Oliveira, Gabriel Martins, Maurilio Martins
Produção Executiva –
Juliana Antunes, Fernanda Brescia, Camila Bahia Braga
Direção de Fotografia
– Fernanda de Sena
Som Direto – Marcela
Santos
Edição de Som e
Mixagem – Pedro Durães
Montagem – Affonso
Uchôa, Rita M. Pestana
Arte do Cartaz – Ana
C. Bahia
Empresas Produtoras –
VENTURA, Filmes de Plástico
Produtora Associada –
Katásia Filmes, Pepeka Pictures
SOBRE A DIRETORA
Nascida em 1989,
formada em Cinema na U NA, de Belo Horizonte, é sócia-fundadora da empresa
produtora VENTURA, junto de Marcella Jacques e Laura Godoy. Juliana estreou na
direção com o longa-metragem, Baronesa, vencedor da Mostra Aurora no Festival
de Tiradentes 2017, que teve sua estreia internacional na Competição de Longas
do 28º FIDMarseille, na França, onde recebeu três prêmios, incluindo o de
Melhor Filme, pelo Júri Popular. Atualmente finaliza os curtas-metragens
Industrial e Plano Controle e desenvolve o projeto de seu segundo longa, Bate e
Volta Copacabana.
Grade de Horários:
14 de junho
(quinta-feira)
15h – Hibridos
17h – Travessia +
Baronesa
19h – Los Territorios
15 de junho
(sexta-feira)
15h – Hibridos
17h – Travessia +
Baronesa
19h – Los Territorios
16 de junho (sábado)
15h – Hibridos
17h – Travessia +
Baronesa
19h – Los Territorios
17 de junho (domingo)
15h – Hibridos
17h – Travessia +
Baronesa
19h – Los Territorios
19 de junho (terça
feira)
15h – Hibridos
17h – Travessia +
Baronesa
19h – Los Territorios
20 de junho
(quarta-feira)
15h – Hibridos
17h – Travessia +
Baronesa
19h – Los Territorios
C i n e B a n c á r i
o s
Rua General Câmara,
424, Centro
Porto Alegre - RS -
CEP 90010-230
Fone: (51) 34331204
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