Desde o dia 04/06 o
SindBancários promove um ciclo de cinema sobre os 50 anos das revoltas de Maio
de 1968. Em parceria com Departamento de História da UFRGS, através do Luppa
(Laboratório de Estudos sobre os Usos Políticos do Passado) e com o apoio da
Cinemateca da Embaixada da França no Brasil e do Institut Français, serão
exibidos no CineBancários quatro filmes que abordam o tema, seguidos de debates
abertos a plateia. Participam como debatedores e palestrantes os historiadores
Erick Kayser, Pericles Gomide, Nilo Piana de Castro e Raul Pont, ex-prefeito de
Porto Alegre e líder estudantil em 1968.
Atividade foi criada
para quatro encontros sempre as segundas feiras às 19h no Cinebancários. Vejam
abaixo quais foram os filme assistidos e debatidos até aqui:
Uma
Estranha Primavera – Parte 1 (exibido no dia 04/06)
Sinopse: Maio de 68,
uma estranha primavera” é um filme que relata os acontecimentos do mês de maio
de 1968 na França do ponto de vista daqueles que foram contestados em maio de
68.
Dirigido pelo
historiador e cineasta Dominique Beaux, a produção foi lançada em março deste
ano e busca oferecer uma ótica diferenciada dos eventos de Maio de 68, tendo
como principais entrevistados figuras geralmente pouco procuradas para dar seus
depoimentos, dentre elas pessoas ligadas ao meio sindical, político, policial e
funcionários públicos, todas as testemunhas dos eventos ocorridos em Paris há
50 anos. A partir desses diversos pontos de vista, Beaux almeja que o cinéfilo
tenha um novo olhar sobre os protestos na capital francesa.
É impressionante, por
exemplo, observarmos aqueles jovens estudantes e trabalhadores protestando nas
ruas de Paris e fazermos um paralelo com o protesto de 2013 que ocorreram aqui
no Brasil e que se iniciou devido os aumentos das passagens de ônibus. Se por
um lado o nosso grande protesto acabou dando em nada (a não ser o golpe orquestrado
pela toga), os protestos de Maio de 68, ao menos, se fez sentir não somente em território
francês, como também desencadeando protestos semelhantes por todo o globo na
época.
A obra transita com
seriedade, mas ao mesmo tempo com momentos de humor, principalmente quando os
entrevistados revêm pelo computador eles mesmos quando jovens em situações que
ficaram icônicas na história. Mas isso tudo é somente a primeira parte desse documentário
de quase quatro horas e, portanto aguardem para a minha opinião final sobre a
obra como um todo após eu assistir a segunda parte.
Loucuras
de uma primavera (exibido no dia 11/06)
Sinopse: As
manifestações de maio de 68, na França, levam inquietação não apenas a Paris.
Pega também de surpresa os parentes de uma velha proprietária de terras que
acaba de morrer, abrindo caminho para uma luta pela herança.
De todos os títulos que
eu já assisti, onde os eventos sobre Maio de 68 se encontram num segundo plano,
esse é bastante curioso, simbólico e divertido. Dirigido pelo francês Louis
Malle (Os Amantes), a trama, aliás, não se passa no cenário de Paris onde ocorriam
os protestos, mas sim num ensolarado campo e onde se encontra uma mansão com
uma família burguesa. Porém, com eventos daquele mês cada vez mais sendo
noticiado e se alastrando pelo país, a situação faz com isso afete aquele
universo da burguesia que se encontra em pleno funeral da matriarca.
Uma complicação a
mais é que o enterro não pode ser efetuado, já que as mortuárias também estão
em greve, e, lá adiante a família precisará decidir que medida tomar. Nisso, o protagonista
principal Milou (Michel Piccoli), vencerá, ao sugerir que a mãe seja enterrada
nas terras da propriedade, como se fazia nos velhos tempos. O fato é que os
efeitos da Revolução vão se fazendo cada vez mais presentes e mais fortes na
mansão dos Vieuzac, ao ponto de serem todos obrigados a fugir. Mas antes da
fuga o encontro da família é mais ou menos eufórico e vira piquenique bucólico,
com direito a insinuações eróticas, inspiradas pelos boatos que se ouviam sobre
os acontecimentos parisienses.
Após o termino dos eventos
de Maio de 68, alguns historiadores acreditam que aquilo tudo se tornou uma
revolução da qual não se mudou nada. Assistindo ao filme, se dá a impressão de
que esse pensamento faça sim algum sentido, pois temos, por exemplo, a morte da
matriarca dessa família burguesa, da qual poderia sugerir ao cinéfilo um
símbolo da suposta derrocada da burguesia pela Revolução. Porém, a imagem da matriarca
viva (ou em espírito) simboliza a classe burguesa que teima em não morrer.
Com já cinco décadas após
os eventos de Maio de 68, esse pensamento, infelizmente, faz então todo o
sentido.
Próximas sessões com
debates:
* 18/6: “Maio de 68: uma
estranha primavera – Parte 2” (França, 2018) Dir: Dominique Beaux Debatedores:
Erick Kayser & Péricles Gomide (Historiadores)
* 25/6: “Utopia e
barbárie” – (Brasil, 2005). Dir.: Silvio Tendler. Debatedor: Raul Pont
(ex-prefeito de POA e lider estudantíl em 1968).
Me sigam no Facebook, twitter, Google+ e instagram
Nenhum comentário:
Postar um comentário