Sinopse: Após a morte
da reclusa avó, a família Graham começa a desvendar algumas coisas. Mesmo após
a partida da matriarca, ela permanece como se fosse uma sombra sobre a família,
especialmente sobre a solitária neta adolescente, Charlie, por quem ela sempre
manteve uma fascinação não usual. Com um crescente terror tomando conta da
casa, a família explora lugares mais escuros para escapar do infeliz destino
que herdaram.
O cinema de horror
atual vive colhendo frutos através de franquias de sucesso como Sobrenatural,
Invocação do Mal, seus derivados e de outros títulos que fortaleceram esse meu
pensamento. Porém, filmes como ‘Corra!”e “A Bruxa” vão muito além de meros entretenimentos
para provocar sustos, mas sim ousando em nos brindar com algo novo e imprevisível.
Hereditário é um caso raro, onde consegue transitar entre as fórmulas de
sucesso e territórios raramente explorados dentro do gênero.
Dirigido por Ari Aster, o filme acompanha a história da família Graham, que a pouco havia perdido avó em circunstâncias, aparentemente, naturais. Sua neta Charlie (Milly Shapiro) age de uma forma estranha perante a situação de luto que se encontra a sua família e sua mãe (Toni Collette, de O Sexto Sentido) parece guardar segredos e sentimentos sobre essa situação. Aos poucos, situações estranhas começam acontecer na casa em que eles vivem e gerando inúmeras situações preocupantes.
Dirigido por Ari Aster, o filme acompanha a história da família Graham, que a pouco havia perdido avó em circunstâncias, aparentemente, naturais. Sua neta Charlie (Milly Shapiro) age de uma forma estranha perante a situação de luto que se encontra a sua família e sua mãe (Toni Collette, de O Sexto Sentido) parece guardar segredos e sentimentos sobre essa situação. Aos poucos, situações estranhas começam acontecer na casa em que eles vivem e gerando inúmeras situações preocupantes.
Falar muito sobre a
obra é o mesmo do que quebrar a experiência de assisti-la, já que raramente o
cinema americano atual nos brinda com um filme do qual nos testa e nos faz
adentrar em territórios em que não estamos muito acostumados a pisar. Claro que o
cinéfilo mais atento, principalmente aquele que estuda sobre cinema, irá se
lembrar do horror dos anos 70, onde muitas histórias daquela época não
aconteciam exatamente nas típicas casas mal assombradas do gênero, mas sim em cenários
que representavam o nosso mundo real e tornando a experiência muito mais inesquecível.
Hereditário é, portanto, um filme de horror psicológico, mas que consegue transitar
pelo gênero fantástico e nascendo dessa mistura algo novo.
A trama, por exemplo,
possui um ritmo lento, principalmente em seu primeiro ato, onde é apresentado
gradualmente o cenário e os seus respectivos personagens. O cenário, aliás, é
carregado de simbolismos, onde maquetes representando ambientes com seus respectivos
bonecos seriam uma espécie de metáfora com relação ao mundo em que os
personagens vivem e cada vez mais presos em suas cordas invisíveis. Ari Aster,
por sua vez, surpreende da maneira como filma, onde lentamente sua lente adentra
os cenários, como se ele quisesse que prestássemos mais atenção a cada detalhe que
vai surgindo em cena.
Ainda sobre o lado técnico,
por exemplo, a trilha sonora aqui se difere de outros títulos dentro do gênero,
onde ela não surge nos momentos em que nos assustam, mas sim em situações desconcertantes
e deixando os momentos assustadores no mais puro silêncio. Os jogos de luzes e
sombras, aliás, exigem que nos faça prestar atenção ao que realmente se encontra
escondido no canto do cenário e fazendo com que a gente se encolha no meio da
poltrona a todo o momento. Sinceramente, não me lembro de um filme de horror
recente que me fazia temer pelo que iria acontecer em seguida, mas é exatamente
isso que essa obra nos provoca.
Até lá, a produção
nos brinda com ótimas interpretações, sendo algo que raramente vemos nesse gênero
cinematográfico. Se o mundo for justo, Toni Collette poderá ser indicada ao
Oscar no ano que vem, já que ela está assustadoramente bem, ao interpretar uma
personagem em que transita entre a razão, loucura e de uma ambiguidade que nos
assombra sempre que ela surge em cena. E se por um lado o veterano Gabriel Byrne
se apresenta numa atuação estática, por outro, os jovens atores Milly Shapiro e
Alex Wolff se sobressaem, sendo que esse último tem papel fundamental na reta
final do filme.
Falando nisso, não me
admiraria se muitos não forem gostar do final da história, já que ela não é
reconfortante, não há uma redenção e deixando em aberto inúmeras possibilidades
sobre o que realmente aconteceu. Ari Aster procura se fechar em seu final, onde
deixa cada um nós tirarmos nossas próprias conclusões sobre o que aconteceu a
partir de várias possibilidades jogadas no decorrer do filme. O resultado é artisticamente
ambíguo e nos deixando paralisados perante os acontecimentos.
Hereditário é um
filme de horror maravilhosamente memorável, onde nos pega desprevenidos e
fazendo a gente não se esquecer do que testemunhamos.
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