Nos dias 08 e 09 de Julho eu irei participar do curso Cinema Independente Brasileiro Hoje, criado pelo Cine Um e ministrado pelo crítico de cinema do jornal Zero Hora Daniel Feix. Enquanto o final de semana da atividade não chega por aqui eu irei relembrar de alguns filmes do cinema brasileiro independente que eu assisti nesses últimos dez anos.
OS MONSTROS (2011)
Sinopse: A história de dois amigos que trabalham com a captação de áudio e um terceiro que “toca”, totalmente desafinado, uma espécie de clarineta. Os dois primeiros estão insatisfeitos na nova empreitada e a esposa do "instrumentista" o coloca para fora de casa. Assim, os três se reaproximam.
O filme é protagonizado pelos próprios diretores que, por sua vez, criam o que chamam de “cinema de observação”, onde a câmera fica parada durante vários minutos, observando os protagonistas em determinada situação que, por vezes, pode soar cansativo para o público geral.
Assistir a esse filme levado pelo título (achando que pode ser um filme de terror) é que nem cair numa ratoeira, pois o filme nada tem de fantasmagórico, mas unicamente mostra a amizade de três amigos, em meio as suas vidas se afundando ao comodismo, apesar de jamais quererem largar o que mais gostam que é a musica e a parte técnica do cinema. Então porque o titulo Os Monstros? Seria uma forma de julgar eles, por serem pessoas deslocadas, indo contra a maré e não saberem mais o que fazer na vida a não ser o que gostam e aonde realmente sentem certo prazer?
Talvez seja mais ou menos por aí. Mas a pessoa comum que for embarcar nesta história precisa ir com a mente aberta e ter fôlego para digerir certas cenas, mas não estou falando de certas cenas fortes nem nada, mas sim me referindo ao que falei no início do texto, que há seqüências que ficam durante vários minutos focando uma terminada situação que, por vezes, não acontece nada e que exige a paciência da pessoa comum que vai para o cinema unicamente se entreter, mas que acaba dando de cara com o cinema mais experimental e (por que não) original.
Mas vale a pena assistir? Com toda a certeza. Porque vai contra as nossas expectativas, principalmente por ser um filme que passa uma imagem crua do dia a dia de pessoas em busca dos seus sonhos, mas que nunca alcançam, e já que não há outro jeito, então se entregam ao prazer do seu hobby. A cena final, aliás, é um exemplo disso, tanto que, por alguns momentos, sentimos o prazer que os protagonistas sentem enquanto tocam a música com os seus instrumentos e, ao término do ensaio, parecem todos cansados, como se tivessem saído de uma orgia. Uns ficarão anestesiados, outros vão até rir por ter pagado para assistir isso, mas todos terão a certeza que assistiram algo bem diferente do convencional.
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