Sinopse: No rigoroso inverno
de 1820, o navio baleeiro Essex, comandando pelo capitão Owen Chase (Chris
Hemsworth), é atacado por uma baleia gigante, conhecida como Moby Dick. A
embarcação sofre um naufrágio e a tripulação passa 90 dias à deriva tentando
sobreviver.
Ao longo dos anos meus pais
sempre ficavam falando de como ficaram fascinados ao assistirem o filme Boby Dick
de 1956 e estrelado por Gregory Peck na TV. Anos depois tive o prazer de
assistir essa obra em DVD e ao mesmo tempo descobri que é baseado num clássico
da literatura escrito pelo romancista Herman Melville em 1851. O que eu não sabia
até alguns anos atrás é que a obra é baseada em fatos verídicos, cujo eles se
encontram no livro Coração do Mar, escrito pelo historiador Nathaniel Philbrick e que agora é levado as
telas numa super produção.
Dirigido por Ron Howard (Rush
- No Limite da Emoção) acompanhamos a jornada do baleeiro Essex, cuja missão da
tripulação é caçar baleias e retirar delas o óleo que dá luz as cidades daquele
tempo. A tripulação é comandada pelo capitão George Pollard (Herman Melville), mas liderada pelo primeiro
almirante Owen Chase (Chris Hemsworth) e se criando assim uma rixa entre ambos
ao longo da viagens. As desavenças entre eles começam a se desfazer, no momento
que precisam unir suas forças, para que a viagem tenha sucesso, mas ao mesmo
tempo quando precisam sobreviver perante aos ataques de uma imensa baleia branca.
Tudo é narrado pelo sobrevivente
Old Thomas Nickerson (Brendan Gleeson), que dá todas as informações para o escritor Herman Melville (Ben Whishaw) que havia ouvido
histórias sobre os ataques da baleia que eles haviam sofrido e decidiu procurá-lo,
para escrever o relato e para sim criar um livro de ficção. Com essa
informação, se você for assistir ao filme achando que é mais uma nova versão de
Moby Dick se engana, pois a história verídica se diferencia da história que se
tornou clássica. Porém, é impressionante que uma história real como essa se
torne tão fascinante quanto aquela que nós conhecemos e com muito mais profundidade
com relação da velha trama de homem x natureza.
Embora se passe em 1821, é
um filme que fala sobre o nosso tempo atual, mas precisamente sobre a corrida
em busca de recursos de energia e não permitir que as cidades vivam na
escuridão. Se hoje vivemos da água e do petróleo para sobrevivemos, naquele
tempo caçavam animais livres pelo mar, pois acreditavam cegamente que era a única
fonte de energia para eles. Com isso, o filme não busca tratar os personagens
como mercenários marítimos, mas sim como pessoas comuns que buscam a sua sobrevivência,
mesmo que sujem as suas mãos matando esses animais inocentes do mar.
Se o filme poderia render polêmicas
ao vermos caçadores de baleias como protagonistas, o roteiro se encarrega numa
forma de nós não taxá-los como maus. Bom exemplo disso é a cena que, após matarem
uma baleia, o sangue esguicha nos rostos dos personagens Owen Chase e no jovem Old
Thomas Nickerson (Tom Holland). Suas expressões de incompreensão sobre o que
fizeram são sentidas, talvez até de arrependimento, mesmo sabendo que é um mal necessário
a ser feito.
Porém, se os ambientalistas
que forem assistir a esse filme não perdoarem mesmo assim, o castigo vem logo a
seguir. No momento em que eles caçam um grande grupo de baleias, eles começam a
ser atacados pela imensa baleia branca. É nesse momento que o cineasta Ron Howard capricha nos efeitos especiais, embalado
com um 3D indispensável e em ângulos de
cenas inusitados, mas ao mesmo tempo gerando um grau de verossimilhança e
fazendo com que embarquemos em cada cena. Após um último ataque mortífero da
baleia branca, o filme adentra num território ainda mais sombrio para os
protagonistas.
Se antes a gente estava assistindo
um filme que, por vezes, lembrava elementos de filmes como Tubarão ou Mestre dos
Mares, no segundo ato em diante adentramos a um cenário já visto em filmes como
Naufrágio e As Aventuras de Pi, em que a sobrevivência é o principal foco de
todos. Durante noventa dias, os personagens ficam a deriva, lutando contra a
fome e contra a própria insanidade. É nesse momento que as interpretações de todos
os atores atingem o seu ápice, até mesmo para aqueles secundários, como no caso
do personagem Cillian Murphy que nos comove e rouba a cena sempre quando surge.
Porém a alma do filme pertence
ao ator Chris Hemsworth: sempre com a pose de heróis de filmes de aventura,
desde que começou a interpretar Thor no cinema, Hemsworth tem se dedicado cada
vez mais em papeis que desafiam a sua veia artística. Aqui ele é o herói, mas
humano, falho em suas ações e que sofre o diabo ao lado dos seus companheiros,
ao ponto de mudar drasticamente o seu físico e se transformando numa imagem pálida
do que ele foi um dia.
O filme se encaminha a um ato
final aonde os personagens se apresentam em frangalhos, onde se humilham e
fazem o impensável para sobreviver no mar sem fim. No final não há vencedores
ou perdedores perante a força da natureza, mas sim um aprendizado a ser
pensando, sobre qual é o papel do homem nesse mundo imenso, mas misterioso, e
até mesmo um questionamento é levantado sobre aonde Deus se encaixa nisso tudo.
A ambição e arrogância do homem são necessárias para que eles vejam o quão
estão errados sobre o que acreditavam?
São
perguntas que podem gerar inúmeras respostas, cujos debates se estendem até
mesmo fora da tela. No
Coração do Mar é um belo filme de aventura, onde a humanidade abraça as suas limitações,
mas ao mesmo tempo se fortalece perante os seus erros e obstáculos que surgem nesse
imenso mundo de mistérios.
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