Lá em 2009 no
festival de Sundance um pequeno filme chileno virou sensação, ganhou dois
prêmios, um deles inclusive pra sua atriz protagonista. Este filme era A
Criada, que, depois de ter passado no Telecine Cult por algum tempo, foi
lançado em circuito nacional finalmente. O filme pode ser visto numa forma de
dois atos.
Primeiramente, Raquel
(Catalina Saavedra, em espetacular atuação) nos é apresentada, tímida, quase
não fala, porém, possui sua autoridade com as crianças e tem voz ativa dentro
da casa. No entanto, os patrões sempre deixando bem claro que ela é empregada,
mesmo ela se achando da família, sendo o “basicamente eu te amo”, mas fica aí no
seu canto.
Ela gosta e desgosta,
e apenas o adolescente que, se encontra numa fase de descobertas, lhe trata de
forma diferenciada. O primeiro ato é basicamente ela usando todas as formas possíveis,
e até incorretas, de não ser substituída por outra empregada mais jovem e
rendendo inúmeros momentos inusitados, onde a câmera a segue como estivesse
documentando cada ato de inflação vindo dela. Fica claro a duvida do porque a
dona da casa (Claudia Celedón) não ser mais rígida com ela quando ela age assim,
dando a entender que Raquel possui algum segredo e que pode usar isso ao seu
favor.
Já o segundo ato da
trama as situações vão gradualmente mudando, principalmente quando entra a
terceira e ultima empregada chamada Lucy (Mariana Loyola). Ela aparece por
conta de um desmaio causado pelo excesso de remédios que Raquel toma e é onde o
filme se encontra no seu melhor momento, onde a protagonista se transforma. Lucy serve como o contraponto da mudança de atitude e personalidade de Raquel.
A inserção da novata poderia ser péssima por ser aquele típico caso de aparece à
fada madrinha e tudo muda na vida da pessoa e etc, Porém, a direção de Sebastián
Silva foi muito eficiente em tratar a
aproximação das duas de forma simples e em momento algum forçada. A Criada,
então, de um filme que poderia se encaminhar por um drama até mesmo pesado, se
transforma num feel good movie, alcançando um humor que até tentou durante o
primeiro ato inteiro, mas o adquiriu na reta final. Nas atuações, temos Claudia
Celédon se mostrando muitíssimo eficiente em suas cenas de dúvida (quando tenta
fechar as suas colegas de trabalho no lado de fora da casa) e pena. Já Mariana
Loyola dá um show a parte, da mesma forma que conquista Raquel, conquista quem
assiste com a naturalidade e o espírito livre. Mas o filme é mesmo de Catalina
Saavedra, que, durante a primeira metade da obra se mostra uma pessoa impenetrável,
fechada pra balanço e (quase) ninguém conseguia tirar algum traço de emoção da
personagem. Na segunda metade a atuação melhora ainda mais, pois é quando
Raquel começa se mostra muito mais solitária e não tão fechada, especificamente
a cena em que ela liga pra mãe e descasca outro lado até então ainda inédito de
sua personalidade.
A Criada é um filme onde o
primeiro ato podia definir todo o andamento do resto do filme, mas a direção
mais intimista Sebastian Silva faz com que o cinéfilo se empolgue, vibre e faz
com que tenha o desejo de seguir ao lado da protagonista nos momentos finais da
trama.
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