Sinopse: Eleonora e seus três filhos, Luís Felipe, Ana Luiza e Mariana, vivem no bairro de Jardim Europa. Apesar do dinheiro contado, eles não deixam o luxuoso bairro por nada. Escritor, Luís Felipe é frequentador assíduo de um sebo, onde conversa bastante com o dono Juarez e o empregado Pampolini, morador de um bairro pobre da zona leste. Quando Alberto, o pai falido, volta para casa, a vida dessa família decadente vai mudar radicalmente...
Num determinado momento visto no filme de sucesso do ano passado, Faroeste Caboclo, um personagem solta uma forte, mas significativa frase: “parente somente aparece quando esta fodido”. Embora existam alguns conservadores que não concordem com essa frase, seria um tanto que hipocrisia dizer que isso não acontece hoje em dia, não importando qual tipo de classe de família, pois os problemas sempre serão os mesmos. O cineasta Mauro Baptista Vedia explora os problemas financeiros, sentimentais e a falta do lado samaritano de uma família de classe alta, mas que possui os mesmos problemas de qualquer família do mundo contemporâneo de hoje.
Temos uma família abandonada pelo pai que, por sua vez, retorna quando dá a entender que se encontra duro na vida. A mãe (Cinthia Zaccariotto) encara a sua realidade de forma sarcástica, enquanto o filho (Sílvio Restiffe) procura sua identidade própria escrevendo um novo livro, mas enfrentando o fato de ser o único homem responsável da casa, mesmo quando não deseja tal fardo. O seu amigo vendedor de livros Juarez (Laerte Melo) se encanta por sua mãe, mas vê nela uma saída de escape para escapar dos problemas de sua irmã hipocondríaca (Ester Laccava).
Nesse mosaico formado por problemas do cotidiano, encontramos um malandro que, trabalha para o vendedor de sebos e mesmo com os problemas do dia a dia, seja de falta de dinheiro ou questões políticas, encara a vida na esportiva e se apresentando com o menos perdido na história. Os personagens se encontram perdidos e é o que dá ordem a esse universo realístico e identificador. Uma vez que os inúmeros problemas se colidem uns contra os outros, acaba gerando ainda mais conflitos dos quais os protagonistas se vêem acuados em meio a inúmeras informações.
O cineasta Mauro Batista cria então inúmeros planos sequências, para fazer com que o espectador consiga acompanhar cada um dos personagens, já que, cada um deles cria uma proeza de fazer com que a gente se identifique com eles facilmente e, portanto, não desejamos perde-los de vista. O clímax ocorre quando todos se encontram num único quadro de cena, onde os problemas já não fazem mais sentido e tudo o que ocorre é a explosão de extravasamento do interior de cada um: a cena em que vemos a filha mais nova desejar não saber quem é ou dos problemas da irmã hipocondríaca do vendedor de livros sintetiza muito bem isso.
Com pouco mais de uma hora e meia de duração, Jardim Europa é uma simples produção brasileira, mas que tem muito a dizer sobre a nossa vida cotidiana cheia de problemas, para não dizer alienada. A mensagem que nos passa é: ou você abraça a causa de seu próximo, ou você se encontra perdido e mesquinho nesse labirinto do cotidiano, que por vezes se encontra cada vez mais sem sentido.
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