Sinopse: Will Smith
interpreta Nicky um experiente mestre trapaceiro que se envolve romanticamente
com a golpista novata Jess (Margot Robbie). Enquanto ele ensina a ela os
truques do negócio Jess acaba se aproximando demais e ele termina a relação
abruptamente. Três anos mais tarde essa antiga paixão - agora uma talentosa
femme fatale - aparece em Buenos Aires no meio das altas apostas de um circuito
de corrida de carros. Durante o esquema mais recente e perigoso de Nicky ela
promove uma reviravolta em seus planos deixando o calejado vigarista fora de
seu jogo.
Quando os diretores
Glenn Ficarra e John Requa (Amor à Toda Prova) dão destaque aos seus atores,
eles conseguem criar boas cenas que falam por si. Há uma sequência engenhosa em
um quarto de hotel, que nos dá uma lição de como se faz cinema: os diretores
entendem que bater em uma porta e ser levado para a cama é muito mais sedutor
do que meramente ver um casal entrar em um quarto.
Destaque também pela
boa forma de interpretação de Will Smith, e para as piadas verbais: mesmo
quando há um ato de violento, eles são bem preparados por tensão e bom humor.
Outro ponto forte de Golpe Duplo são os espaços que dão para os atores como
B.D. Wong (de Law & Order: SVU), Gerald McRaney (Major Dad) e Rodrigo
Santoro brilhem em suas cenas, cada um
do seu jeito.
Golpe Duplo dosa nas
cenas longas, cheias de diálogos tão extensos que, quando a situação esquenta,
as coisas não dão muito certo. As cenas de roubo são ligeiras e empolgantes,
mas inverossímeis (quem vai acreditar que tanta gente consegue ter joias,
relógios e carteiras roubadas em lugares públicos?). O personagem que dá humor
à trama (Adrian Martinez) é imperfeito no papel, e pior ainda em cena. Isso
para não falar dos diversos pega ratões que o filme prega no cinéfilo: atenção
à cena em que Jess aparece pela primeira vez como exemplo. Tudo é um pouco
exagerado em Golpe Duplo.
Mas esses são
problemas irrisórios. Os diretores Ficarra e Requa prestam pouca atenção a eles
também, deixando para dar o grande golpe de Golpe Duplo nos momentos em que
podem ter seus atores conversando de forma suave e sedutora ou deixando algum
personagem secundário roubando a cena,
ou ainda quando usam de forma contagiante a trilha sonora, com canções de Iggy
Pop e Edward Sharpe & the Magnetic Zeros.
Tudo é acertado para
se ter bom divertimento com o filme: quando ele começa a abusar na sua trama,
você sabe que haverá uma boa cena de diálogos em sequência. Os diretores passam
correndo pelas armas e carros de corridas para chegar logo a cadeiras, sofás e
camas, quando podem finalmente se utilizar da estratégia dos diálogos certeiros.
Depois de um longo tempo,
Will Smith finalmente dá a volta por cima em um bom papel que, felizmente não
traz consigo nenhum dos seus parentes para fazer deles astros e suas cenas
contracenando com Margot Robbie é a chave do sucesso de O Golpe Duplo.
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