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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Cine Dica: Em Cartaz: AQUARIUS


Sinopse: Clara (Sônia Braga) vive sozinha num apartamento à beira-mar do prédio Aquarius. Ela já tem uma vida estabilizada e agora está sofrendo nas mãos de uma construtora que planeja destruir o edifício onde ela mora para construir um mais moderno.


Filmes estrangeiros como Leviathan, Demon e tantos outros, exploram cada vez mais um tema que anda surgindo de vez em quando em nossos cinemas que é, simplificando, a destruição do velho e dando ao lugar ao novo. Contudo, parece que quanto mais a tecnologia dá inúmeras possibilidades, há ao mesmo tempo o surgimento cada vez mais forte de uma nostalgia de um tempo que não volta, mas que se torna cada vez mais dourado em nossa memória. Aquarius não é somente o levantamento de uma bandeira em defesa do passado, mas também uma lição em manter e não esquecer o que já foi um dia tão precioso.
Dirigido pelo cineasta Kleber Mendonça Filho (Som ao Redor) acompanhamos o dia a dia da escritora e aposentada Clara (Sonia Braga, espetacular) que vive sozinha num apartamento á beira-mar do qual se chama Aquarius. Tanto o seu apartamento, como também o que há de melhor dentro dele, fazem parte como um todo em sua vida. Porém, Uma imobiliária, representado pela presença do ambicioso Diego Bonfim (Humberto Carrão), deseja por abaixo o apartamento da protagonista e construir ali um grande prédio. É início de um confronto, do qual humildade dá de encontro com o pior que existe dentro de um universo ambicioso e sem escrúpulos.
O filme já começa num passado distante, mas que já nos identificamos de imediato. Estamos nos anos 80, do qual nem precisava dos números colocados na tela, pois já basta vermos as roupas e músicas que a protagonista escuta para então nos localizarmos. Já nesses primeiros minutos, descobrimos que Clara enfrentou uma difícil fase da sua vida, mas também fazendo a gente se dar conta que ela pertence a uma família do qual as mulheres demonstraram força ao longo das décadas. Corta para o presente e vemos Clara, uma mulher independente, forte, humilde e que mantém as suas raízes intactas.
Já nos primeiros minutos do presente nos deparamos com dois protagonistas, que são Sonia Braga e a câmera do cineasta.  Bem ao estilo Hitchcock, Mendonça Filho faz de sua câmera uma espécie de segundo personagem, do qual não escapa o que acontece na tela e dando destaque aos menores detalhes, mesmo quando eles estão bem ao fundo: a cena que mostra um imenso pano que cobre um prédio ao lado de Aquarius, para logo depois vermos ao fundo de uma cena o que acontece com ele, é um exemplo de um perfeccionismo inusitado do cineasta.
Perfeccionismo, aliás, é a palavra de ordem aqui, pois percebemos que em cada cena que surge na tela, ela foi pensada para dar continuidade ao que já aconteceu anteriormente. Se uma música (muitas, aliás) clássica é tocada, ou uma foto surge nas mãos da protagonista, é para então criar uma espécie de simetria e fazendo com que sempre nos lembrássemos de uma situação anterior vista na história. Nada gratuito, mas tudo bem pensando e fazendo com que todos esses elementos se casassem com perfeição do começo até o seu final.
Claro que isso nada funcionária se não houvesse Sonia Braga em cena, pois ela fez de sua personagem Clara uma de suas melhores personagens de sua carreira. Mulher forte, independente, mas camarada com o seu próximo, Clara é uma personagem que vive ao máximo a cada segundo, como se o tempo para ela parasse e desfrutasse dele como se não houvesse amanhã. Ela se torna então uma espécie de contraste se comparado aos outros personagens em cena, sendo alguns afogados com a corrida desenfreada do dia a dia.
Esse contraste é muito bem representado quando ela discute com a sua filha Ana Paula (Maeve Jinkings), sendo essa última uma pessoa sem noção com relação ao que realmente acontece ao mundo em sua volta, mas que no fundo, tenta entender a realidade de sua mãe, que vive em manter as raízes que criou junto com os seus filhos. Raízes essas que dão de encontro, não somente com o avanço do progresso acelerado, como também perante a ambição e hipocrisia da sociedade atual. Isso faz com que se abra um estudo dentro da trama, sobre a sociedade brasileira de hoje, cada vez mais dividida entre classes e gerando então preconceitos e intolerâncias sem sentido.
Nisso tudo temos Clara, que jamais desistiu perante os obstáculos, mesmo quando um dos seus piores pesadelos que ela enfrentou no início da trama, não fez com que ela desistisse, mas sim seguisse em frente. Num dos momentos chaves do filme, o passado lhe assombra novamente, mas para somente alertá-la, sobre a presença de algo terrível e parecido com que ela já havia enfrentado um dia. É aqui então que Kleber Mendonça Filho fecha soberbamente o seu circulo de elementos e peças chaves vistas na trama e faz com que levantemos inúmeras questões e debates acalorados, não somente sobre a trama principal dentro do filme, como também sobre o nosso Brasil atual como um todo.
Com a participação de um elenco escolhido a dedo, incluindo a sempre cativante presença de Irandhir Santos (Tatuagem), Aquarius é puramente cinema, mas que daqui alguns anos será lembrado como o melhor filme que soube sintetizar o que foi a segunda década do século 21 em nosso Brasil e isso não é pouco.



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Cine Dica: Curso Boca do Lixo


Apresentação

A fórmula “produção de baixo custo+erotismo+título apelativo” tornou o cinema produzido na Boca do Lixo um grande sucesso de público. No período compreendido entre o início dos anos 70 até a metade dos anos 80, foram as produções oriundas daquele lugar localizado no centro de São Paulo que tiveram vida própria no contexto da produção cinematográfica brasileira.


Mas nem tudo era sucesso. Por outro lado, se havia essa cumplicidade com o público, os seus integrantes enfrentavam além da censura rígida, uma crítica cinematográfica muito desconfiada, para não dizer o mínimo. Subitem da pornochanchada - filmes que continham apelo popular, acrescido de malícia na trama e nudez feminina nas cenas – a produção cinematográfica da Boca do lixo foi responsável por grande parte dos filmes brasileiros produzido na década de 70. Estimulados pela lei de obrigatoriedade, os produtores da Boca do lixo faziam filmes para o mercado exibidor, que retribuía dando-lhes espaço no circuito. Isto levou a esta marca impressionante, ainda mais quando se constata que essas películas não foram financiadas por capital estatal (leia-se Embrafilme) nem por leis de incentivos, numa época que esse mecanismo sequer era imaginado como forma de financiamento para o mercado audiovisual. Eram sim, financiadas pelas produtoras da Boca de Lixo e numa escala menor, por empresários ligados à indústria paulista.


O tempo passou e as películas, condenadas ao esquecimento, ficaram rotuladas como sendo “filme nacional de mulher pelada”. Porém, desde os anos 2000, a pornochanchada, mais especificamente a produção oriunda da Boca do lixo, vem sendo resgatada pelas novas gerações graças ao advento da televisão por assinatura, especificamente através do Canal Brasil que exibe com regularidade alguns de seus principais títulos. Há também o caso da internet, onde com relativa facilidade se encontram longas que fizeram sucessos e outros que nem tanto. Com isso, muitas delas adquiriram o status de “cult”.


Objetivos

O curso Boca do Lixo: Nos tempos da pornochanchada, ministrado por Cassiano Scherner, tem como objetivo mostrar a trajetória de seus produtores, artistas e técnicos que integraram este gênero cinematográfico. Também serão mostradas as causas de seu sucesso e de seu declínio. Além disso, irá discutir a importância deste gênero na cultura cinematográfica de nosso país.

Público alvo
A atividade se destina a quaisquer interessados no tema, não sendo necessários pré-requisitos para participar do curso.


Conteúdo programático

Aula 1

- As origens
As produtoras da linha de frente: Cinedistri; Servicine; MASPE Filmes; E.C. Distribuidora Importadora e Marte Filmes, entre outras.
- Os diretores: David Cardoso, Jean Garrett, Cláudio Cunha, Ody Fraga e Tony Vieira.
- Intelectualidade e sofisticação na direção de filmes: Carlos Rienchebach e Walter Hugo Khouri.
- A consolidação: A independência financeira sem o incentivo da Embrafilme.
- O circuito exibidor prestigia o cinema nacional.


Aula 2

- As atrizes: Matilde Mastrangi, Helena Ramos, Aldine Müller, Nicole Puzzi e Zilda Mayo.
- Atrizes globais nos filmes da Boca do Lixo: Vera Fischer e Sandra Bréa.
- O declínio:  A entrada dos filmes estrangeiros de sexo explícito.
- A decadência das salas de cinema de rua.
- Desobediência às leis protecionistas.
- O cinema da Boca do Lixo como legado cinematográfico.


Ministrante: Cassiano Scherner
Formado em Jornalismo pela Unisinos e possui Mestrado e Doutorado em Comunicação Social pela PUCRS. É professor universitário tendo trabalhado nos cursos de Comunicação Social da Universidade de Passo Fundo (RS), Faculdade Social da Bahia (Salvador, BA), FACCAT (Taquara, RS) e Faculdade Cenecista de Bento Gonçalves (RS). Também ministrou a disciplina “Introdução à história do cinema brasileiro e gaúcho", que integra o Curso de Especialização de Pós-Graduação em Cinema do Centro Universitário Franciscano (Unifra) em Santa Maria (RS).


Curso
BOCA DO LIXO: NOS TEMPOS DA PORNOCHANCHADA
de Cassiano Scherner


Datas: 17 e 18 / Setembro (sábado e domingo)

Horário: 15h às 18h

Duração: 2 encontros presenciais (6 horas / aula)

Local: Cinemateca Capitólio
(Rua Demétrio Ribeiro, 1085 - Porto Alegre - RS)

Investimento: 
R$ 90,00
(Valor promocional de R$ 70,00 para as primeiras 10 inscrições por depósito bancário)
Formas de pagamento: Depósito bancário / Cartão de Crédito (PagSeguro - parcelado)

Material: Certificado de participação e Apostila (arquivo em PDF)

Informações
cineum@cineum.com.br / Fone: (51) 9320-2714



Realização

Patrocínio
Nerdz

Apoio

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Cine Especial: D. W. Griffith: A criação do cinema narrativo: FINAL



Enfim, final de semana está chegando e com ele vem o curso sobre D.W. Griffith, criado pelo Cine Um e ministrado pelo crítico de cinema Pedro Henrique Gomes. Será a minha 60ª participação dessas atividades e o que posso dizer é que eu sinto muito orgulho de chegar até aqui, principalmente por uma atividade que explore um cineasta autoral como esse, pois se tratando de Griffith, com certeza irá gerar muito debate durante a atividade. Assistindo aos seus curtas e longas, percebo que Griffith tinha a pretensão de criar algo descomunal nos primeiros anos do cinema, mas ao mesmo tempo aprendeu com os seus erros.
Se por um lado ele foi responsável por ter inaugurado o cinema de grande porte como Um Nascimento de Uma Nação, por outro, ele sentiu na pele inúmeros protestos que sofreu já naquele tempo, ao transformar a imagem dos Ku Klux Klan como heróis e transformar os negros como os grandes inimigos da nação. A meu ver, Griffith cresceu ouvindo inúmeras histórias sobre a Guerra Civil Americana e com certeza foi induzido em acreditar que estava seguindo um caminho certo ao criar aquele retrato daquele período. Felizmente, o cineasta alcançou redenção com o filme Intolerância que, mesmo não tendo obtido muito sucesso na época, os anos encarregaram para torná-lo a sua maior obra prima.           
Com essa produção, D. W. Griffith abraçou a bandeira do “não preconceito” e criou belas obras sobre a luta pela igualdade como Lírio Partido e posteriormente com Abraham Lincoln. Assistindo as suas obras, se percebe que o cineasta serviu de inspiração para outros cineastas surgissem e criassem obras monumentais que lembrassem um pouco do seu legado, como no caso de Cecil B. DeMille, John Ford e dentre outros. Tudo tem um principio e D. W. Griffith foi o alicerce para o nascimento de muitas obras que viriam a nascer posteriormente.

Portanto encerro essas postagens sobre o cineasta com os seus curtas metragens que hoje são de domínio público. Quem puder estejam comigo para essa ótima atividade que começa amanhã em Porto Alegre.

Bons filmes para todos nós e só para lembrar....#FORATEMER.           

The Adventures of Dollie (1908)

A Corner in Wheat (1909)

Ramona (1910)

The Musketeers of Pig Alley (1912)

The Massacre (1913)





Leia também: Partes 1, 2, 3 e 4.

Informações e inscrições para o curso cliquem aqui.


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quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Cine Dica: Em Cartaz: Pets - A Vida Secreta dos Bichos


Sinopse: Já imaginou o que os pets fazem enquanto seus donos estão fora? Pois é esse universo secreto que será revelado. Cada um aproveita do seu jeito, seja assaltando a geladeira, ouvindo heavy metal e até jogando videogame.

Dos mesmos criadores de Meu Malvado Favorito e Minions, Pets - A Vida Secreta dos Bichos é um filme que usa uma idéia similar vista em clássicos como Toy Story. O que os animais de estimação fazem quando não estamos em casa? Infelizmente a premissa genial dá lugar a uma trama um pouco previsível e deixando escapar a possibilidade de fazer um grande filme como um todo.
Sai Wood e Buss de Toy Story e entra em cena os cachorros Max e Duke. Se o primeiro é o veterano da casa e ama de paixão a sua dona, Duke é o cachorro novo e que rouba o espaço do primeiro. Isso gera rivalidade de ambos e que provocará o fato deles ficarem perdidos em Nova York. Não é preciso adivinhar que ambos terão que deixar de lado as suas desavenças e se unirem para tentar de alguma forma voltar para casa.
Em meio a isso, os cães da vizinhança que, são amigos de Max, unem forças para procurá-lo. Ao mesmo tempo uma gangue de bichos do esgoto e liderados por um coelho fofo serão os verdadeiros transtornos para os protagonistas. Não é preciso (novo) adivinhar que esses coadjuvantes, aliás, é o que irão roubar a cena ao longo do filme.
Esse talvez seja o maior defeito da trama, pelo fato dos dois protagonistas principais não nos conquistarem na primeira vista e dando então espaço para os demais personagens tentarem conquistar a atenção do cinéfilo que assiste. Dos coadjuvantes, a cadelinha Gigi é o que melhor rouba a cena toda vez que surge e sua paixão por Max e por novelas mexicanas (uma das melhores piadas do longa) são momentos bem divertidos. Não posso deixar de citar a aliança que ela faz com o gavião Tiberius, cuja sua presença ambígua é muito divertida.
Do resto é basicamente mais do mesmo. É aquele tipo de trama que nós já sabemos como irá terminar e gerando nenhuma expectativa por algo diferente que virá a seguir. Só para se ter uma idéia, a premissa que poderia gerar um filme original, somente se destaca no início e no final do filme.
Contudo, os efeitos especiais são bem feitos, sendo que é possível até se assustar com a víbora na cena do esgoto. Há também de se maravilhar com a apresentação da cidade de Nova York no início do filme. Tudo isso moldado por um 3D que vale o preço salgado do ingresso.
Resumidamente, Pets é muito melhor na sua idéia que na sua execução, mas que com certeza irá conquistar facilmente o espectador que não vive sem o seu animal de estimação fofo em casa.   



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