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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Cine Dica: Em Cartaz: QUE HORAS ELA VOLTA?



Sinopse: A pernambucana Val (Regina Casé) se mudou para São Paulo a fim de dar melhores condições de vida para sua filha Jéssica. Com muito receio, ela deixou a menina no interior de Pernambuco para ser babá de Fabinho, morando integralmente na casa de seus patrões. Treze anos depois, quando o menino (Michel Joelsas) vai prestar vestibular, Jéssica (Camila Márdila) lhe telefona, pedindo ajuda para ir à São Paulo, no intuito de prestar a mesma prova. Os chefes de Val recebem a menina de braços abertos, só que quando ela deixa de seguir certo protocolo, circulando livremente, como não deveria, a situação se complica.


São poucos os filmes brasileiros hoje em dia em que escancara a realidade atual de nosso país, que está cada vez mais dividida entre classes. Basta pegarmos os últimos protestos das ruas, para percebemos que a maioria delas é formada por elites que acreditam que podem esmagar aqueles que eles acreditam serem inferiores. Mas não é preciso ir às ruas para assistir esses protestos e perceber isso, pois basta somente reparar na casa do vizinho, ou até mesmo (quem sabe) na sua própria casa.
Moldado para se criar uma trama simples, graças a um maravilhoso roteiro, chega aos cinemas um dos filmes brasileiros mais elogiados e premiados no exterior nos últimos anos, Que Horas ela Volta?. Sucesso por aonde é exibido e tendo como uma direção inspirada e original da cineasta Anna Muylaert (Proibido Fumar) o longa-metragem é contagiante do principio ao fim. Para dar corpo e alma para a personagem principal, não há duvidas que a cineasta foi feliz ao escolher a atriz e apresentadora Regina Casé (Eu, tu e Eles), que acabou nos brindando com uma atuação espetacular e que nos contagia desde os primeiros minutos em que ela surge em cena.
Na trama, assistimos a nossa protagonista Val (Regina Casé), uma mulher que vive já há anos com uma família de classe alta em São Paulo. Com uma direção eficiente, já no início do filme temos um vislumbre detalhado da personalidade da Val, da qual nos faz rir e nos emocionar em poucos minutos. Apesar de satisfeita no que faz, Val possui um problema mal resolvido em sua história, sendo que ela tem uma filha chamada Jéssica (Camila Márdila), mas que precisou abandonar há mais de 10 anos.
Toda essa mistura de emoções acaba por transbordar, no momento em que Jéssica vem à cidade para prestar vestibular. Como o seu único contato em São Paulo é a sua própria mãe, ela decide visitá-la e passar uns dias naquela casa aonde ela trabalha. A partir desse momento, situações constrangedoras acontecem, mascaras caem e faz com que mãe e filha precisem definir qual é o lugar delas nesse mundo em que vivem.
Orçado em  4 Milhões de reais, esse forte concorrente para disputa de um Oscar ano que vem, escancara para o público cinéfilo as reais situações que acontecem no dia a dia da nossa sociedade brasileira contemporânea, levando muito em conta pelo lado desmotivador senso comum que as pessoas usam, mesmo que vezes nem se quer percebem isso no decorrer do tempo.
Val é o exemplo de uma pessoa simples, meiga, que faz o que pode para sempre cumprir o seu trabalho na risca e para nunca desapontar os seus patrões, interpretados respectivamente pelos ótimos Lorenço Mutareli (Cheiro do Ralo) e Karine Teles (Riscado). O seu lado de mãe que ela possui com Fabinho (Michel Joelsas, de O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias), filho do casal, em muitas passagens do filme gera muitas emoções. Digamos que Val seja uma quase mãe da qual ele não teve no decorrer da infância e da adolescência e ele é um quase filho do qual ela se distanciou.
No decorrer da trama, há inúmeras situações, das quais se concluem para cada personagem e, querendo ou não, os seus destinos se diferem se comparados com o princípio de cada um deles. Que Horas ela Volta? explicita o significado do termo “cinema como linguagem”, já que há situação da pessoa se sentir livre, quase como uma espécie de recomeçar do zero, para assim buscar a sua redenção pessoal. Bom exemplo disso é a relação da mãe e filha: Val era tão alienada com relação ao mundo em que ela vivia, que precisou da aparição de sua filha, para ela enxergar que a pessoa vive por completo ao lado das pessoas que realmente ama e é então que o desejo de se realizar finalmente vem novamente à tona.
É nesse momento que Regina Casé desaparece por completo, pois graças ao seu talento, ela nos brinda com o posicionamento que a sua personagem escolhe, gerando um dos melhores e mais singelos momentos do nosso cinema atual. O final termina em aberto e só fazendo com que a gente desejasse revisitar o universo de cada um daqueles personagens. Uma vez que cada um deles aprendeu uma lição a ser pensada, mas o que resta é saber o que cada um deles aprendeu com ela.
Estando entre os oito filmes mais vistos na Itália desse ano, Que Horas ela Volta? é um filme para ser visto por todos, independente de qual a sua classe em que vive, pois no final das contas somos todos humanos e que merecemos um lugar ao sol.  

Em Cartaz: Cinebancários: Rua General da Câmera  424, centro, Porto Alegre. Sessões: 15h e 19h.

  
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Cine Dicas: Estreias do final de semana (27/08/15)



Corrente do Mal


Sinopse: A jovem Jay (Maika Monroe) leva uma vida tranquila entre escola, paqueras e passeios no lago. Após uma transa, o garoto com quem passou a noite explica que ele carregava no corpo uma força maligna, transmissível às pessoas apenas pelo sexo. Enquanto vive o dilema de carregar a sina ou passá-la adiante, a jovem começa a ser perseguida por figuras estranhas que tentam matá-la e não são vistas por mais ninguém.



Dior e Eu


Sinopse: O por trás dos manequins da primeira coleção de alta costura do estilista Raf Simons para a marca Dior. Com pleno acesso ao dia a dia da equipe, concedido pelo estilista em seu primeiro ano como diretor de arte da marca, as camêras puderam retratar as pressões e agitações de uma das maiores representações do mundo da moda.



Hitman: Agente 47


Sinopse: Agente 47 (Rupert Friend) é um assassino de elite geneticamente modificado criado para ser a máquina de matar perfeita. Ele precisa caçar uma mega operação que pretende usar o segredo de sua criação para a formação de um exército imbátivel. Ao juntar forças com uma misteriosa jovem, que pode ser o diferencial para o sucesso da missão, ele vai descobrir segredos de sua origem em uma batalha épica contra seu maior inimigo.



O Homem Irracional


Sinopse:Em crise existencial o professor de filosofia Abe Lucas (Joaquin Phoenix) chega para lecionar em uma pequena cidade dos Estados Unidos. Logo uma de suas alunas Jill (Emma Stone) se aproxima dele devido ao fascínio que sente pelo seu intelecto além da tristeza que sempre carrega consigo. Simultaneamente ele é alvo de Rita (Parker Posey) uma professora casada que tenta ter um caso com ele. A vida começa a melhorar para Abe quando numa ida à lanchonete com Jill ouve a conversa de uma desconhecida sobre a perda da guarda do filho devido à uma decisão do juiz Spangler (Tom Kemp). Abe logo começa a idealizar o assassinato de Spangler e como por ser um completo desconhecido jamais seria descoberto.



Mamaliga Blues


Sinopse: Fugindo da União Soviética, o judeu Abram Tolpolar e sua esposa, Rachel, imigraram da Europa Ocidental para o sul do Brasil. Seu único filho, Mauro Tolpolar, nasceu em terras sul-americanas e sempre teve curiosidade sobre suas origens. Setenta anos depois da imigração e com apenas uma fotografia do túmulo de sua família, Mauro e seus dois filhos vão à Bessarabia, antes conhecida como Moldova, para desbravar antigas vilas e cemitérios abandonados a fim de encontrar a sepultura perdida e alguma informação sobre seus antepassados.



Meia Hora e as Manchetes que Viram Manchete


Sinopse: As capas do jornal "Meia Hora" sempre chamam a atenção. Viram sucesso na internet  e nas ruas por conta de suas abordagens inusitadas e bem-humoradas. O documentário mostra como funciona essa consturção de notícias a partir do olhar dos editores da publicação.



Expresso do Amanhã


Sinopse: Quando um experimento para impedir o aquecimento global falha, uma nova era do gelo toma conta do planeta Terra. Os únicos sobreviventes estão a bordo de uma imensa máquina chamada Snowpiercer. Lá, os mais pobres vivem em condições terríveis, enquanto a classe rica é repleta de pessoas que se comportam como reis. Até o dia em que um dos miseráveis resolve mudar o status quo, descobrindo todos os segredos deste intrincado maquinário.

Periscópio


Sinopse: Élvio (João Miguel) e Eric (Jean-Claude Bernadet) vivem sozinhos em um apartamento pequeno, sem falar com qualquer outra pessoa. A relação entre eles está bastante deteriorada, sendo bem comum que um ofenda o outro. Um dia, repentinamente, surge na sala um periscópio. Sem ter a menor ideia do porquê dele ter aparecido, nem de quem está por trás do objeto, eles passam a fingir para o periscópio de que são amigos e levam uma boa vida.



Que Horas Ela Volta?


Sinopse: A pernambucana Val (Regina Casé) se mudou para São Paulo a fim de dar melhores condições de vida para sua filha Jéssica. Com muito receio, ela deixou a menina no interior de Pernambuco para ser babá de Fabinho, morando integralmente na casa de seus patrões. Treze anos depois, quando o menino (Michel Joelsas) vai prestar vestibular, Jéssica (Camila Márdila) lhe telefona, pedindo ajuda para ir à São Paulo, no intuito de prestar a mesma prova. Os chefes de Val recebem a menina de braços abertos, só que quando ela deixa de seguir certo protocolo, circulando livremente, como não deveria, a situação se complica.


Ted 2


Sinopse: Completamente apaixonado, Ted (voz de Seth MacFarlane) decide se casar com Tami-Lynn (Jessica Barth). Entretanto, não demora muito para que o casal entre em crise. Querendo evitar um possível divórcio, Ted resolve ter um filho. Tami-Lynn logo fica empolgada com a ideia, o que faz com que o casal inicie uma busca sobre quem poderia ser o doador de esperma ideal para o bebê. Seu grande amigo John (Mark Wahlberg) o ajuda na tarefa, mas logo Ted descobre que não pode ter um filho porque, legalmente, ele não é uma pessoa, e sim uma propriedade. Começa então uma batalha judicial em que o urso de pelúcia tenta provar que merece ser considerado um cidadão como qualquer outro ser humano.


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quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Cine Dica: Em Cartaz: O Pequeno Príncipe (2015)



Sinopse: Uma garota acaba de se mudar com a mãe, uma controladora obsessiva que deseja definir antecipadamente todos os passos da filha para que ela seja aprovada em uma escola conceituada. Entretanto, um acidente provocado por seu vizinho faz com que a hélice de um avião abra um enorme buraco em sua casa. Curiosa em saber como o objeto parou ali, ela decide investigar. Logo conhece e se torna amiga de seu novo vizinho, um senhor que lhe conta a história de um pequeno príncipe que vive em um asteróide com sua rosa e, um dia, encontrou um aviador perdido no deserto em plena Terra.
 

Às vezes a nossa vida real é muito mais fascinante do qualquer ficção. Porém, quando ambas se misturam, gera então algo genuíno, do qual acabamos não sabendo separar esses dois lados. Em alguns casos, realidade e fantasia sempre andaram de mãos dadas e O Pequeno Príncipe talvez seja um dos melhores exemplos vindo do início do século 20.
Antoine de Saint-Exupéry (1900 – 1944) era um piloto francês que acabou sendo abatido pelas tropas alemãs durante a Segunda Guerra Mundial. Um ano antes, ele havia e escrito a sua obra prima O Pequeno Príncipe, que há quem diga ele criou se inspirando num momento em que ele ficou perdido no deserto. Em 2004 o avião abatido do qual se encontrava  Exupery foi encontrado, mas o corpo jamais foi localizado.
A partir da idéia da possibilidade do escritor não ter morrido na época em que foi dado como morto acaba servindo de estopim para a criação desse filme, em que uma trama original é criada e enlaçada com a que todos nós conhecemos a partir do livro. Dirigido por Mark Osborne (Kung Fu Panda), a trama começa nos apresentando uma pequena menina, que por sua vez é moldada a todo custo por uma mãe que sonha em ver a filha ser bem sucedida na vida. No seu primeiro dia em uma nova casa, a menina conhece um velho aviador que mora ao lado, que tenta a todo custo tirar do chão o seu velho avião e para sim conseguir reencontrar o pequeno príncipe que ele havia conhecido no passado.
Claro que, a partir do momento em que a menina fica curiosa com relação aquele universo daquele velho aviador, ela acaba também conhecendo a história do menino que vivia num asteróide e que cuidava de sua querida rosa. Todas as passagens da obra que nós conhecemos estão lá: a saída do protagonista de seu asteróide e sua ida em outros planetas; o encontro dele com a raposa; amizade que ele cria através do aviador perdido no deserto e o encontro com a famigerada cobra.
Porém, é preciso ressaltar que o filme não reproduz com exatidão a obra como um todo, mas sim adapta o que é de mais essencial que se encontra nela. As passagens filosóficas são muito bem adaptadas e elas funcionam muito bem, mesmo nos dias de hoje: “Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos”. Se essa frase Fez uma geração inteira pensar décadas atrás, no mundo contemporâneo de hoje, sua mensagem e efeito ainda funciona e nos toca profundamente.
Exupéry com certeza era alguém que possuía uma mente a frente do seu tempo, pois o seu livro dá valor as simples coisas da vida, ao invés de simplesmente almejar por algo mais que ela possa oferecer. Isso se enlaça com a proposta apresentada na sub-trama da mãe e filha, sendo ambas presas ao futuro inserto, e que acabam lutando desnecessariamente para adquirir uma vida bem sucedida, mas esquecendo do que realmente faz delas felizes. Isso se fortifica ainda mais no terceiro e ultimo ato final da trama, aonde os roteiristas transformaram numa espécie de continuação dos eventos do livro e se criando uma espécie de metáfora sobre a corrida desenfreada pela riqueza, profissionalismo e consumismo do mundo contemporâneo de hoje.
Se a trama já nos fascina, visualmente o filme não fica nenhum pouco atrás. De forma rara, acompanhamos a trama da menina da forma de animação computadorizada tradicional, mas no momento em que entramos nas passagens do livro, o filme se transforma em stop motion e gerando inúmeras belas imagens: a passagem do conto em que o príncipe se encontra com a raposa e aprende um novo significado sobre o amor que ele teve por sua rosa, são de uma beleza enlouquecedora e que nos faz desejar que esse tipo de animação continue no cinema sempre.
Embora seja um filme em que possua uma linguagem da qual os pequenos de hoje pouco estão acostumados, O Pequeno Príncipe é um filme que merece ser visto por todos, pois nunca é demais os pais de hoje mostrar aos filhos os velhos e bons ensinamentos do qual esse conto lhe proporcionaram no passado.  
  
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