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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Cine Especial: David Cronenberg: EXTRA!

Sim, quando se acha que eu já falei de tudo sobre David Cronenberg neste mês, eis que surge mais uma oportunidade para fazer mais um post sobre ele. Ontem a noite, recebi umas fotos que foram tiradas durante o curso, pelo organizador dos eventos do CENA UM, Sr Jorge. Na primeira fila, lá estou eu trocando idéias com Rosangela, que nos colocou a par sobre todo o universo que envolve Cronenberg.

Confira as imagens abaixo:

Mesmo no calor (o curso começou em meio à maior onda de calor do estado), agente curtiu adoidado.

O curso atraiu muitas pessoas, provando que Cronenberg é popular entre os gaúchos
Eu trocando umas idéias com Rosangela, sobre o que rola na mente de Cronenberg


Leia também: Tudo sobre David Cronenberg clicando aqui.

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Cine Dica: Estréias no final de semana (24/02/12)

Em final de semana, onde todos os olhos do mundo cinéfilo estão voltados para o Oscar, o cinema de Porto Alegre tem poucas estréias para esse final de semana, mas significativas, como HIROSHIMA – UM MUSICAL SILENCIOSO. Lembrando, que entra em pré-estréia, Drive, aguardado filme que ganhou ares de Cult pelo mundo no ano passado, mas foi esnobado pelo Oscar, o que não é novidade, já que a academia adora fazer injustiças.

Confiram as estréias:

A Mulher de Preto
Suspense: No suspense Radcliffe vive o jovem advogado Arthur Kipps que viaja para uma região remota da Inglaterra para cuidar dos papéis de um cliente recém-falecido. Enquanto trabalha em uma isolada casa antiga Kipps começa a descobrir seus trágicos segredos. O fantasma de uma mulher amaldiçoa a casa e todo o vilarejo.



Tão Forte e Tão Perto
Sinopse: Oskar Schell aos 11 anos de idade é uma criança excepcional: inventor amador admirador da cultura francesa pacifista. Depois de encontrar uma misteriosa chave que pertencia a seu pai que morreu no World Trade Center no 11/09 ele embarca em uma incrível jornada -- uma urgente e secreta busca por um segredo pelas cinco regiões de Nova York.



HIROSHIMA – UM MUSICAL SILENCIOSO
Sinopse: Juan é um jovem uruguaio, que trabalha numa padaria durante o dia e toca numa banda de rock à noite. Calado e meio solitário, Juan também gosta de vagar pelas ruas de Montevidéu, onde vive histórias bem cotidianas..

FAÇA-ME FELIZ!
Sinopse: Ariane (Frédérique Bel) está convencida de que seu marido Jean-Jacques (Emmanuel Mouret) está interessado em outra mulher. Para salvar seu casamento, ela pede que ele tenha um caso com essa mulher, acreditando que essa é a melhor solução para acabar com as ilusões de Jean-Jacques. Mas, quando ele vai até a casa dessa mulher que mal conhece, ele ainda não sabe que ela é filha do presidente da República.


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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Cine Especial: DAVID CRONENBERG: FINAL


Não foi fácil, mas em fim, chego ao fim minha jornada dentro da filmografia de David Cronenberg. Durante quase um mês, fiquei escavando seus filmes, sendo que isso tudo, começou devido ao curso criado pelo CENA UM e ministrado pela Rosangela Fachel. Porém, não consegui assistir a todos os filmes do diretor, antes do curso começar, portanto eu continuei com os especiais por aqui, mesmo com o termino das atividades lá no museu da comunicação de Porto Alegre. Abaixo, deixo sobre o que eu achei de cada filme que faltou eu assistir, e mais abaixo, todos os posts anteriores desse especial, onde reúnem todas as minhas criticas de cada filme desse cineasta. Os especiais sobre David Cronenberg acabou, mas aguardem para novos especiais ao longo dos meses!    

From The Drain (1967)
Sinopse: Num futuro não muito distante, dois homens completamente vestidos sentam em uma banheira de um lar para veteranos de guerra. Subitamente, algo mórbido acontece…
O segundo curta metragem da carreira de Cronenberg (o primeiro é Transfer que simplesmente não achei). Já nesta pequena produção de inicio de carreira, Cronenberg já mostrava sinais que seria um diretor que faria filmes no mínimo incomuns. Apesar de aparentar o curto orçamento, o cineasta é bem inventivo e cria uma situação bizarra em uma simples conversa de duas pessoas que aparentemente, parecem bem excêntricas.
STEREO (1969)
Sinopse: Um grupo de jovens é voluntário de uma pesquisa de desenvolvimento telepático através da exploração sexual. Mas o experimento começa a fugir do controle e os pesquisadores passam a tomar providências, que não ajudam muito.
Filme praticamente mudo e em preto e branco, onde unicamente ouvimos um narrador contar os fatos apresentados na tela. Mesmo com poucos recursos, Cronenberg cria um verdadeiro clima claustrofóbico futurístico, em um prédio qualquer que ele usou como cenário, mas que o tornou num clima melancólico. Além de usar temas e elementos que viríamos ele usar nos seus filmes posteriormente.

Crimes do Futuro (1970)
Sinopse: O filme acompanha Adrian Tripod, antigo diretor de uma clínica dermatológica chamada A Casa da Pele, que está a procura seu mentor, Antoine Rouge. Rouge desapareceu, seguido de uma peste catastrófica resultada de produtos cosméticos, responsável pela morte de toda a populão de mulheres adultas sexualmante desenvolvidas.
O mais ousado dos seus primeiros filmes (antes da consagração em Calafrios). A trama me lembrou muito Filhos da Esperança de 2006, onde misteriosamente não se nascia mais bebês. Aqui, Cronenberg até da certa explicação, mas novamente a produção é mais experimental, na qual o próprio espectador tem que tirar suas próprias conclusões sobre o que achou durante a projeção do filme. Atenção para o ousado ato final da trama, que não a como a pessoa não ficar meio que apreensiva e incomodada.

Mistérios e Paixões (1991)
Sinopse: Bill Lee é um escritor fracassado que trabalha como dedetizador de insetos para sobreviver. Porém, seu emprego está por um fio, já que, misteriosamente, o estoque de seu inseticida vive se esgotando. É quando ele descobre que sua mulher está viciada no produto, e, incentivado por ela, experimenta-o e inicia uma viagem alucinógena recheada de absurdos, na qual passa a servir a uma agência secreta chamada Interzone, convive com alienígenas e máquinas de escrever que se transformam em agentes secretos e inicia um tratamento a base de droga produzida por centopéias brasileiras.
Uma mistura interessante da biografia do escritor Willian S. Burroughs com os processos literários que são induzidos pela droga. Uma verdadeira fantasia paranóica misteriosa, com um clima noir dos anos 40 e 50. Embora alguns na época tenham achado o filme um tanto distante da obra, uma vez que conseguir um resultado fiel é praticamente impossível. Por isso, Cronenberg opta por pontuar o roteiro com relevâncias a vida pessoal do escritor para criar uma alucinação metafórica da redação da obra e da percepção do escritor. Surge assim, seu maior sucesso, vencedor de diversos prêmios da associações de críticos (a maioria pelo roteiro), 11 prêmios Genie no Canadá (incluindo melhor filme, melhor adaptação e melhor edição) e colocação como um dos melhores do ano em diversas listas da época.

 M BUTTERFLY (1993)
Sinopse: Rene Gallinard é um diplomada francês a serviço em Pequim, na China. Politicamente dedicado e reponsável homem de familia, o destino-lhe reserva uma surpresa. Ao assistir a uma apresentação da opera " Madame Butterfly" de Puccini ele fica obcecado pela graça e beleza da contara Song Liling. Gallinard passa então a persegui-la por todos os lugares, envolvendo-se cada vez mais com o exótico mundo ca cultura chinesa. Quando finalmente, a força de sua paixão transforma-se em um intenso romance, ele acaba conduzindo a um jogo imprevisível de interesses políticos e revelações que mudarão por completo sua vida.

Baseado numa peça de David Henry Hwang, que foi sucesso na Brodway, a primeira vista, o filme parece se distanciar bastante do resto da obra do cineasta, mas até certo ponto, pois novamente o diretor explora e muito o lado psicológico dos personagens, além de novamente explorar as mudanças do corpo de uma forma bem original e inesperada. É claro que após assistir o filme, alguns com certeza compararão a produção com Atraídos pelo Desejo na época, mas o filme fala por si, graças ao bom desempenho do elenco, em especial, a Jeremy Irons. Em seu segundo trabalho com Cronenberg (o primeiro foi Gêmeos - Mórbida semelhança) Irons faz um trabalho extraordinário, onde seu personagem se descasca aos poucos durante há historia, e em seu ato final, sua imagem se torna uma vaga lembrança do que ele foi no inicio do filme. Num momento forte e poético, uma das melhores interpretações do ator em sua carreira!


eXistenz (1999)
Sinopse O eXistenZ do título é o nome de um jogo de realidade virtual, o mais perfeito que já foi inventado. E para participar, e ter sensações semelhantes a prazeres sexuais ou efeitos de droga forte, é só colocar uma tomada na coluna vertebral. Jennifer Jason Leigh é Alegra Geller, famosa designer que cria o eXistenZ e passa a ser perseguida por fanáticos religiosos que querem matá-la. É forçada a fugir junto com um pacato assistente de marketing transformado em segurança (Jude Law). Na fuga, eles circulam por um mundo onde fantasia e realidade se confundem a toda hora.
Entre 1998 e 1999, o cinema foi invadido por filmes que explora a possibilidade de nossa realidade não ser real, ou simplesmente colocar o protagonista num mundo onde nem tudo é o que aparenta ser. Filmes como Cidade das Sombras, Show de Truman e Matrix, foram produções que exploraram muito bem esse assunto, mas fora desse grupo, o mais elogiado que foi eXistenz, me passou desapercebido na época. Alguns consideram esse filme como continuação direta de Videodrome, já que alguns elementos vistos naquele filme foram novamente utilizados neste, embora não aja nenhuma ligação direta ou muito menos uma referencia.
mbora tenha certa complexidade, o filme pode ser muito bem entendido, desde que você não tire os olhos da tela, já que a trama explora a possibilidade da realidade virtual dentro de outra (algo visto posteriormente em A Origem, mas através de sonhos), e apesar do ato final nos apresentar um verdadeiro pega ratão, mas que logo é tudo explicado, segundos depois, revelações surgem e novamente deixam o espectador com mais duvidas sobre o que realmente estavam assistindo. Curiosamente o personagem principal da trama é uma mulher, algo raro na filmografia de Cronenberg, e muito bem representado por Jennifer Jason Leigh (Mulher solteira Procura).

UM METODO PERIGOSO (2011)

Sinopse: Sinopse: O longa é uma mostra de como a relação entre Carl Jung (Michael Fassbender) e Sigmund Freud (Viggo Mortensen) faz nascer a psicanálise. Aborda a intensa e polêmica relação da dupla com a paciente Sabina Spielrein (Keira Knightley).
Ainda inédito em nossas salas gauchas, a produção é a mais contida da carreira do diretor, mas não menos genial. Baseado em uma pequena parte da vida de pessoas conhecidas do mundo da psicanálise, Cronenberg novamente retorna com temas sobre conceitos psicanalíticos que tanto abordou em seus primeiros filmes e ousou de uma maneira jamais vista em Filhos do Medo. Além de novamente explorar as transformações do corpo, onde aqui, é muito bem representado pela atriz Keira Knightley (A Duquesa) onde faz uma personagem, que sofre, tanto mentalmente como fisicamente, mas ao mesmo tempo, não é uma personagem que se deva subestimar pelos seus problemas. Sendo que graças a sua inteligência e beleza, faz o lado profissional de Carl Jung (Michael Fassbender, X-men: Primeira Classe) ir para um caminho sem volta, ao despertar os desejos sado masoquistas e sexuais dela, embora não espere algo parecido como Crash.
A trama também aborda de uma forma interessante os conceitos  diferentes do mundo da psiquiatria, pelos  psicanalistas Carl Jung e Sigmund Freud (Viggo Mortensen no terceiro trabalho com Cronenberg), que se no inicio a relação parecia de professor e aluno, gradualmente suas opiniões fazem com que se tornem meio que rivais, gerando certas tenções em determinadas cenas onde ambos os atores se sobressaem. Destaque também, para uma rápida, mas importante participação do ator Vincent Cassel, em seu segundo trabalho com o diretor (o primeiro foi em Senhores do Crime).

Leia também: Partes 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10.


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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Cine Dica: Em Cartaz: A Invenção de Hugo Cabret

COM A TECNOLOGIA ATUAL DE PONTA, SCORSESES PRESTA HOMENAGEM AOS PRIMODIOS DO CINEMA
Sinopse: Paris anos 30. Hugo Cabret é um órfão que vive escondido nas paredes da estação de trem. Ele guarda consigo um robô quebrado deixado por seu pai. Um dia ao fugir do inspetor ele conhece Isabelle uma jovem com quem faz amizade. Logo Hugo descobre que ela tem uma chave com o fecho em forma de coração exatamente do mesmo tamanho da fechadura existente no robô. O robô volta então a funcionar levando a dupla a tentar resolver um mistério mágico.
Em 28 de dezembro de 1895, os irmãos Lumière exibiram no grand café em Paris, aquele que seria a primeira exibição de um filme na historia. Conhecido no inicio como o "cinematografo", os irmãos exibiram uma cena curta de um trem parando na estação, mas eficaz, pois a primeira reação das pessoas que estavam assistindo foi saltar das cadeiras, acreditando que seriam atropeladas. Na mesma sessão, um talentoso mágico chamado Georges Mélliès, teria ficado fascinado com o que estava assistindo, pois via ali a chance de criar algo de novo jamais visto, diferente do que os Lumiêre pensavam, achando que sua cria seria apenas uma curiosidade passageira, e que mais tarde, seria esquecida. Com a ferramenta em mãos, Mélliès foi o primeiro cineasta a colocar historias na tela, tendo se tornado um grande pioneiro da sétima arte.
Essa pequena historia verídica, mesmo tendo se passado no final do século 19, é um reflexo do que se vê hoje em dia com relação ao uso do 3D nos filmes, pois existe um lado que acredita que esse formato, se usado de uma forma errada, será gradualmente esquecido, embora haja cineastas que querem provar, que se usado de uma forma correta, pode sim ser uma maravilhosa ferramenta na hora certa. Martin Scorsese é o mais novo integrante desse segundo grupo, ao fazer A Invenção de Hugo Cabret, baseado não só num famoso livro juvenil, como também justamente na historia verídica contada acima. A primeira vista, é de se estranhar Scorsese trabalhar num filme como esse, principalmente se comparado aos clássicos com um teor mais adulto que ele criou no passado (como o clássico Taxi Drive), mas essa estranheza logo é deixada de lado, quando a tela é invadida por uma Paris nunca antes vista na historia do cinema. Com o 3D, Scorsese não o usa para jogar a cada minuto uma coisa no expectador, e sim ele usa a ferramenta para colocar mais profundidade nas cenas que surgem, seja numa cena da rua, ou até mesmo uma panorâmica da capital francesa, e o resultado é plasticamente perfeito, auxiliado com uma perfeita edição de arte e fotografia, o que torna cada cena um quadro vivo em movimento.
Ainda que a historia fosse ruim, o filme valeria pelo visual, mas a trama não só é ótima, como é um verdadeiro prato cheio, para aqueles que amam o cinema como um todo. Os jovens protagonistas (vividos por Asa Butterfield e Chloe Grace Moretz), ao tentar descobrir respostas sobre a herança que o pai de Hugo deixou, embarcam numa jornada em busca de resposta, e em meio a elas, surgem cenas sobre os primórdios do cinema, capaz de provocar uma pequena lagrima no olho do mais fanático cinéfilo (como eu). Neste momento, é difícil dizer qual o melhor momento do filme, mas talvez seja aquela, onde a jovem dupla, finalmente convence o velho mago e cineasta Mélliès (Ben Kingsley, otimo como sempre) a encarar o seu glorioso passado, É nessa parte, em que Scorsese faz um trabalho de gênio, ao unir as verdadeiras cenas dos clássicos de Mélliès (como Viagem a Lua) com uma reconstituição sobre bastidores da criação dos filmes do diretor de uma forma perfeita, auxiliada com um 3D que surge num momento certo (como a cena do aquário).
É bem da verdade, que o filme talvez venha a emocionar mais aqueles que abraçam o cinema com amor, do que aqueles que buscam algo somente para se divertir, mas o filme funciona para os dois lados, e nunca é tarde para o publico em geral, descobrir os alicerces que criaram o cinema, que se não fosse por elas, não estaríamos hoje em dia curtindo inúmeras historias na tela grande, sejam elas boas ou ruins.
Com elenco que inclui coadjuvantes de luxo como Sacha Baron Cohen (em seu melhor momento desde Borat) e Sr Christopher Lee, A Invenção de Hugo Cabret (assim como o genial O Artista), venha num momento oportuno, para mostrar ao publico atual, que o cinema não nasceu somente para o entretenimento, mas sim para fazer com o que o publico sinta varias emoções, não importando o tipo de tecnologia, desde que ela assista acima de tudo uma boa historia. Pelo visto, irmãos Lumière eram gênios, mas ao mesmo tempo, pensavam pequeno!


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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Cine Especial: DAVID CRONENBERG: Parte 10

No Suicídio do Último Judeu do Mundo no Último Cinema do Mundo
Nos últimos minutos (e passando um pouquinho) do curso sobre David Cronenberg, a Dra e Professora Rosângela Fachel de Medeiros fez questão de mostrar para nos um curioso curta dirigido e atuado por ele. No Suicídio do Último Judeu do Mundo no Último Cinema do Mundo”: este é o curioso título de um curtíssima-metragem (três minutos) de David Cronenberg, que faz parte da compilação Chacun son Cinéma, um filme coletivo (com 33 diretores e 33 episódios) exibido nas comemorações do aniversário do Festival de Cannes. Cada cineasta recebeu a missão de fazer um episódio de três minutos, do jeito que bem entendesse, com a única exigência de que no filme aparecesse um cinema.
O curta de Cronenberg começa mostrando o rosto de um homem (o próprio diretor) próximo à câmara, distorcido pela lente grande angular; apontando um revólver para a testa, depois para a boca, etc. Por trás dele um cenário pouco visível, que aos poucos percebemos ser o banheiro de um cinema. E ouvimos as vozes de um casal de locutores típicos dos canais a cabo norte-americanos descrevendo, em estilo CNN, o que aparece na imagem. (Reproduzo de memória os nomes e os diálogos, que não são exatamente assim.) O homem diz: “Ah, pronto, já temos imagem. Já estamos com imagens ao vivo, Mary”. Ela: “Exatamente, Bob. Já temos imagem ao vivo da nossa reportagem, que vai registrar o suicídio do último judeu na última sala de cinema do mundo”. Bob: “Você disse última sala de cinema, Mary? Poderia situar melhor isto, para os nossos assinantes?” Mary: “Claro, Bob. As salas de cinema foram eliminadas, mas a polícia localizou esta última sala clandestina, que será demolida depois de nossa reportagem de hoje”.
A imagem não muda: o homem, rosto quase colado à câmara, experimenta a posição ideal do revólver de encontro à própria cabeça. E a reportagem prossegue nesse tom típico de descontração e indiferença. Mary informa a Bob que aquele indivíduo é o último judeu do mundo, o último representante de uma raça extinta. Bob: “E esta raça, Mary, a julgar pelas informações que recebemos, tinha alguma relação com a indústria do cinema? E é por isto que o suicídio terá lugar num cinema?” Mary: “Precisamente, Bob. Pode-se dizer até que os judeus eram a indústria do cinema. Embora isto, é claro, deva ser entendido num sentido muito amplo”.
São apenas três minutos, mas a crueldade e o absurdo são cumulativos. O homem enfia o cano da arma na boca, no olho, no ouvido, enquanto os locutores discutem a maneira mais eficaz de alguém se suicidar; e por fim a imagem se congela quando ele aperta o gatilho.

Confiram o curta clicando aqui:


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Cine Dicas: Estréias no final de semana (17-02-12)

O feriadão que todos esperavam o feriadão de Carnaval. É bem da verdade que a maioria das pessoas vai viajar nestes quatro dias, outras vão ficar na folia, para encher a cara, fazer besteira e se arrepender depois. No caso dos cinéfilos, que não vai para nenhum dos lados, o certo é curtir as estréias que estão chegando. Estréias essas, dominada pelos indicados do Oscar 2012.
Ao começar com A Invenção de Hugo Cabret, que assim como O Artista, o filme é uma verdadeira declaração de amor ao cinema, dirigida pelo mestre Martin Scorsese. Meryl Streep ataca como a Dama de Ferro (será que agora vai o terceiro Oscar?) e Brad Pitt lidera um time de beisebol em Homem que mudou o jogo.
Para os que querem se divertir (e talves desligar o cerebro), a melhor opção é a segunda versão (e chance) de Motoqueiro Fantasma e novamente estrelado por Nicolas Cage. Uma coisa que observo, é que além dos reebots, parece que Hoollyood está dando chance para os filmes que não deram certo também, pois além do cabeça em chamas, teremos a sequencia de Comandos em Ação, com uma ajudinha de Bruce Wills. Pelo visto, Hoollyood está desesperada mesmo.
Confiram todas as estreias e desejo a todos um otimo feriadão e não façam besteira!

A Invenção de Hugo Cabret
Sinopse: Paris anos 30. Hugo Cabret é um órfão que vive escondido nas paredes da estação de trem. Ele guarda consigo um robô quebrado deixado por seu pai. Um dia ao fugir do inspetor ele conhece Isabelle uma jovem com quem faz amizade. Logo Hugo descobre que ela tem uma chave com o fecho em forma de coração exatamente do mesmo tamanho da fechadura existente no robô. O robô volta então a funcionar levando a dupla a tentar resolver um mistério mágico.


A Dama de Ferro ‎ ‎
Sinopse: A Dama de Ferro conta a comovente história de Margaret Thatcher uma mulher que quebrou as barreiras de gênero e classe para ser ouvida em um mundo dominado pelos homens. A história diz respeito ao preço que se paga pelo poder e é um retrato surpreendente e íntimo de uma mulher extraordinária e complexa.


O Homem que mudou o Jogo
Sinopse: Brad Pitt vive Billy Beane gerente geral do Oakland Athletics time de beisebol que usou um sofisticado software de análise para conseguir reunir um elenco de qualidade sem gastar muito. Isso aconteceu pois comparado aos outros grandes times da liga o Athletics tinha pouco dinheiro disponível mas ainda assim conseguiu se equiparar às maiores equipes do torneio.

Hotxuá
Sinopse:O documentário dirigido por Letícia Sabatella e Gringo Cardia trata da vida e da visão de mundo dos índios da tribo dos Krahô em Tocatins. Hotxuá é nome dado pela tribo a uma espécie de palhaço sagrado da aldeia. E é através dele e de outros integrantes dos Krahô é que os diretores criam a condução do filme sempre com off na língua dos próprios índios ou em menor grau em português.


Motoqueiro Fantasma 2 - Espírito de Vingança
Sinopse: Nicolas Cage está de volta no papel de Johnny Blaze em: O Motoqueiro Fantasma: Espírito de Vingança. Depois de se esconder na Europa Blaze é recrutado por uma seita secreta da igreja para salvar um garoto do demônio. Johnny tenta recusar o chamado mas essa é a sua grande chance de se livrar de sua maldição.


Reis e Ratos
Sinopse: No Rio de Janeiro de 1963 o clima de conspiração afeta uma série de personagens relacionados de alguma forma ao cenário político da época. Um deles é Troy agente da CIA que vive no Brasil e passa a duvidar de sua fidelidade com sua terra natal. Com a ajuda de seu comparsa brasileiro o Major Esdras ele planeja uma armadilha para o presidente que pode atrapalhar os planos do Golpe Militar. Totalmente filmado em preto e branco o longa reproduz a atmosfera noir dos filmes policiais da época e se desenvolve com a ajuda de flashbacks e da perspectiva de todos os envolvidos na trama.


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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Cine Especial: DAVID CRONENBERG: Parte 9

ENTRE O HORROR, VIOLENCIA, DELIRIOS, SEXO E....SUOR!  

NO PRINCIPIO
Atualmente vivemos num dos verões mais quentes dos últimos anos, mas tanto, que nem um ar condicionado ajuda. Contudo, nem com o suor escorrendo e incomodando foi o suficiente para me atrapalhar na minha experiência de participar do curso sobre o diretor de cinema David Cronenberg. Durante dois dias, a Dra e Professora Rosângela Fachel de Medeiros, dissecou passo a passo a carreira do diretor, tanto nos tempos em que ele construiu sua carreira gradualmente no Canadá, como sua consagração nos anos 80 e na sua exploração em outros gêneros nos dias atuais. Diferente de muitos cineastas atualmente, que sempre fazem um filme para o estúdio, para depois fazer um filme mais a sua cara, Cronenberg, a meu ver, jamais abandonou sua forma de filmar, mesmo fazendo um filme como A Mosca, que tinha toda a pomba e circunstância de ser um filme mais para as massas (e foi isso que aconteceu), mas lá estava um filme com a cara de Cronenberg do inicio ao fim.
Na primeira aula, conhecemos um pouco o inicio de sua carreira e de como era filmar no Canadá entre os anos 60 e 70 e mesmo filmando em curtas e medias metragens numa forma de um lado mais experimental, suas características já estavam lá, o que prova que ele jamais largou sua forma de filmar e sim a aprimorou. Mesmo com baixo orçamento, seus primeiros longas, Calafrios e Enraivecida na Fúria do Sexo, foram filmes de grande sucesso de bilheteria, mesmo no contra gosto da critica, já que alguns, talvez ainda não estivessem preparados para o universo do cineasta. Com esses filmes, foi questão de tempo para Cronenberg embarcar no cinema americano. Tendo no principio lançados, Filhos do Medo, Scanners (sua consagração em solo americano) e Videodrome - Síndrome do Vídeo, filme que possui um dos finais mais enigmáticos da carreira do diretor. Logicamente, Hollywood serviu ao cineasta projetos para produções que atingisse um publico de grande escala, e assim surgiu À Hora da Zona Morta e A Mosca (seu maior sucesso comercial), mas em vez de embarcar cada vez mais superproduções, Cronenberg surpreende em ter ido contra a maré das regras dos estúdios, sendo que esse foi o seu maior acerto.

INDO CONTRA A CORRENTE
No inicio da segunda aula, Rosângela destaca a coragem de Cronenberg na criação de projetos em que explorasse ao máximo a sua visão pessoal na criação de seus filmes, onde os assuntos como o lado psicológico, físico e delírios dos personagens eram colocados em pauta. E assim, surgiram títulos como, Gêmeos-Mórbida Semelhança, M. Butterfly (ambos estrelados por Jeremy Irons e no melhor momento de sua carreira), Mistérios e Paixões e o polemico Crash – Estranhos Prazeres. Neste ultimo, é curioso observar como a maioria do publico é preconceituosa com relação a um dos principais conteúdos da trama que é o sexo, sendo que quando o filme foi lançado em VHS, varias cenas onde se destaca os atos sexuais foram cortadas em território americano. Mas Cronenberg coloca essas cenas sempre com um propósito e nunca de uma forma gratuita, sendo que a idéia de acidentes de carro, que torna o único meio de despertar o prazer sexual de um grupo de pessoas que vivem suas vidas a beira do banal, torna a trama interessante, e porque não dizer, poética. O publico frances que não é bobo nem nada, aplaudiu o filme e teve seu merecido reconhecimento em Cannes na época, mesmo com tanta polemica. O final dos anos 90, Cronenberg encerra a década com ExistenZ, onde se conta uma historia de um grupo de pessoas que joga um vídeo game virtual, através de um aparelho que vai mais para o lado orgânico do que eletrônico, que curiosamente, parece até mesmo uma continuação de Videodrome. Apesar de não ter assistido ainda essa produção, das poucas cenas que eu vi que foram apresentadas no curso, é curioso observar o quanto esse filme tem em comum com um tema que estava tendo grande destaque no final do século vinte, que é a realidade de sonhos ou virtual. Filmes como Matrix, Cidade das Sombras, 13º Andar, Show de Truman e eXistenZ, brincam com essa possibilidade de infinitos debates filosóficos, mas a pergunta que fica é..porque surgiram na mesma época tantos filmes com o mesmo tema? Na sorte, pergunte a Cronenberg, pois ele estava no meio disso na época!

SE RENOVANDO, MAS SEMPRE O MESMO
Na reta final do curso, Rosangela destaca os novos caminhos que Cronenberg começou a executar nos anos 2000, mas jamais largando as suas características de fazer cinema. Spider-Desafie sua Mente foi espetacular ao mostrar, de uma forma simples e diferente, a transição do presente com o passado (ou delírios) do protagonista. Em Marcas da Violência e Senhores do Crime, o cineasta não só injeta novo sangue no gênero de gangster, como também explora ao máximo o lado duplo dos protagonistas, (em ambos os filmes, estrelados por Viggo Mortensen). Isso sem contar o interessante olhar que o diretor faz com relação à violência física e sexual, onde ambas, às vezes convivem uma com a outra em determinadas cenas. Lembrando, que essas características vistas nestes últimos filmes, será explorado com novo verniz em Um Método Perigoso (ainda inédito em nossas salas), também estrelado por Mortensen. E por fim, ainda é um mistério de como será sua produção desse ano, que é Cosnópolis e surpreendentemente estrelado pelo insosso vampiro brilhante Robert Pattinson. Será que Cronenberg quer usar ele como exemplo, de como se tirar leite de pedra? Só o futuro irá dizer!
Por fim, eu concluo esse resumo do que foi esse ótimo curso criado pelo CENA UM e ministrado pela Rosângela Fachel, dizendo, que talvez dois dias de aula não sejam o suficiente para dissecar sobre o que é Cronenberg e sua obra, mesmo que fosse um curso de quatro dias ou uma semana. É bem da verdade que talvez nunca tenhamos uma exatidão completa de sua mente e que tudo que já assistimos e lemos sobre ele seja apenas a primeira camada de sua essência. Mas assim são esses gênios, que desafiam a nossa percepção e tudo que podemos fazer é agradecer por esse exercício visual e mental que tanto nos vicia que é o cinema.
Abaixo, deixo o curta Câmera, criado pelo cineasta e que faz um belo resumo do que foi toda a sua carreira!
NOTA: Mesmo com o final do curso, meus posts continuam, pois tem alguns títulos citados acima que eu ainda não vi, portanto aguardem.


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