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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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terça-feira, 23 de novembro de 2021

Cine Dica: Em Cartaz: 'Noite Passada em Soho'

Sinopse: Jovem apaixonada por design de moda que é misteriosamente capaz de ir para a década de 1960, onde encontra seu ídolo, uma deslumbrante aspirante a cantora. 

Edgar Wright já pode ser apontado como um dos melhores diretores autorais do cinema atual. Começou de forma mansa, mas logo foi conquistando o público e a crítica através de "Todo Mundo Quase Morto" (2004), "Chumbo Grosso", "Scott Pilgrim Contra o Mundo" (2010) e "Em Ritmo de Fuga" (2017). "Noite Passada em Soho" (2021) ele potencializa o seu lado autoral, ao nos colocar frente a frente com uma Londres sedutora, porém, maquiavélica por detrás das cortinas.

O filme conta a história de Eloise (Thomasin Mckenzie), uma jovem apaixonada por design de moda que consegue, misteriosamente, voltar à década de 1960. Lá, ela encontra Sandy (Anya Taylor-Joy), uma deslumbrante aspirante a cantora por quem é fascinada. O que ela não contava é que a Londres dos anos 1960 pode não ser o que parece, e o tempo passa cada vez mais a desmoronar, levando a consequências sombrias.

Atualmente há um desejo no público atual em voltar em uma época mais dourada, ou mais precisamente em uma década em que a pessoa mais se identifica. Isso é explorado em potência máxima pelo diretor, onde já na abertura deslumbrante vemos Eloise dançando e cantando sobre tempos coloridos dos anos sessenta e casando assim com a sua ambição em ser uma grande estilista de moda. Se abertura já nos conquista o restante do filme nos fascina.

Em uma verdadeira mistura de "Meia Noite em Paris" (2011) com a "Repulsa do Sexo" (1965) Edgar Wright cria para a protagonista uma verdadeira viagem sensorial, onde não sabemos ao certo o que está acontecendo, se ela está delirando, sonhando ou realmente testemunhando aquele novo cenário. Enquanto as respostas não vêm o cineasta capricha na edição, cujo os jogos de cenas são fantásticos e cujo o uso de espelhos se torna uma peça fundamental para a trama como um todo. Arrisco a dizer que a fotografia e a edição de arte que reconstitui Londres dos anos sessenta está entre as melhores do ano e isso não é pouco.

Curiosamente, a trama vai se tornando cada vez mais complexa, ao ponto de ela transitar entre humor, suspense e até mesmo o puro terror sobrenatural. Tudo embalado de uma forma para que nos pegue desprevenidos, como se alguns elementos vistos na tela não passassem de fumaça e espelhos para ocultar a verdade dos fatos. Além disso, não me surpreenderia se Edgar Wright tenha pegado elementos de sucesso criados pelo mestre Alfred Hitchcock, já que há personagens duplos e dos quais ocultam grandes segredos.

Falando em duplo, o filme pertence as duas atrizes jovens de grande talento. Tanto Thomasin Mckenzie como Anya Taylor-Joy se sobressaem em seus respectivos papeis, sendo que essa última já nos chama atenção graças aos seus enormes olhos e que tem mais a dizer do que imaginamos. Já a personagem de Mckenzie vai crescendo na trama de tal maneira que consegue brilhantemente até mesmo ofuscar a sua contraparte.

Se há um defeito no filme está justamente em sua reta final, onde o diretor arrisca em usar certos elementos convencionais dos filmes de terror e quase prejudicando o resultado final. Felizmente Os minutos finais nos surpreende com uma incrível revelação e pegando muita gente desprevenida, inclusive eu. No saldo geral, o filme é uma crítica acida dessa nova geração em querer voltar para outros tempos, sendo que os mesmos problemas de hoje já se encontravam lá desde o princípio.

Com inúmeras e famosas músicas dos anos sessenta, "Noite Passada em Soho" é desde já um dos filmes mais criativos do ano, com um visual vibrante e história envolvente. 



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segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Cine Dica: Em Cartaz: 'A Noite do Fogo'

Sinopse: Em uma cidade solitária situada nas montanhas mexicanas, os homens não estão mais em suas casas: ou foram mortos, ou fugiram, ou foram cooptados pelas milícias. 

"Sanctorum" (2019), recentemente exibido em nossos cinemas, contava a histórias de pessoas que viviam em um vilarejo, das quais as mesmas eram ameaçadas por milicias do tráfico de drogas e, ao mesmo tempo, algo de estranho vindo da natureza acontecia em volta. O filme foi uma bela demonstração de renovar a questão da guerra contra o tráfico vista nos cinemas, que ao longo dos anos quase sempre foi retratada como grande espetáculo orquestrado por Hollywood. Do México vem novamente "A Noite do Fogo" (2021) filme que dá nova luz sobre a questão, mas através de um olhar inocente que sobrevive perante o horror.

Dirigido por Tatiana Huezo, o filme se passa em uma cidade solitária situada nas montanhas mexicanas, os homens não estão mais em suas casas: ou foram mortos, ou fugiram, ou foram cooptados pelas milícias. Com medo, as mulheres se protegem e tentam esconder as meninas dos grupos de narcotraficantes que atuam na região – sendo que uma estratégia é vesti-las como garotos.

Indicado pelo México ao Oscar de melhor filme internacional, o filme é adaptado do livro "Reze Pelas Mulheres Roubadas", da escritora mexicana-americana Jennifer Clement. O filme começa de uma forma curiosa, onde vemos mãe e filha cavando um buraco para que a última se deite nele. A resposta para isso não vem de imediato, já que Tatiana Huezo opta de nos mostrar o cenário e os acontecimentos através do olhar das três jovens protagonistas e das quais se tornam o coração do filme como um todo.

Através delas conhecemos o dia a dia daquele povo, sendo boa parte formado por mulheres que foram jogadas a própria sorte, mas que não se intimidam perante as limitações que aquela realidade sempre os aflige. Não deixa de ser curioso, por exemplo, quando vemos essas mulheres tentarem se comunicar com o restante do mundo, ao usarem o celular em um morro alto e para assim obter um sinal. As adversidades existem, mas as mesmas não são o suficiente para deterem essas mulheres que decidiram lutar perante o horror vindo do homem.

Em meio a essa luta, vemos esse trio central crescendo, aprendendo, tentando se comunicar com a realidade em volta e fazendo com que as mesmas se tornem ligadas uma na outra. Nem mesmo em meio ao cenário precário será o suficiente de impedi-las de buscarem o conhecimento, mesmo quando o desejo de ir ao mundo a fora é interrompido pelo medo de deixarem os seus entes queridos à mercê da violência que está à espreita.  Esse medo, aliás, é o que torna o filme quase uma obra de suspense, já que sempre há um temor sentido no ar e que somente é suavizado pelos momentos de paz do trio central.

O ato final reserva momentos delicados, ao vermos o horror chegando em forma de carros pretos, comandados por homens sem nenhum escrúpulo e que se acham no direito de oprimir e transformar a vida dessas pessoas em um pesadelo. Em meio a perdas e revoltas, a esperança ainda é mantida, graças ao que se aprendeu pela persistência de alguns e pelo desejo de vencer e obter uma vida melhor. "A Noite do Fogo" é sobre a inocência que precisa ser preservada e para que a mesma consiga voar e que nenhum momento precise se preocupar. 


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Cine Dica: Programação - 25 de novembro a 1 de dezembro de 2021 na Cinemateca Capitólio

 MOSTRA UMBÚ DAS ARTES APRESENTA OBRAS CRIADAS DURANTE A PANDEMIA

Laranja Mecânica 

A primeira Mostra UMBÚ das Artes acontece de 25 de novembro a 1º de dezembro na Cinemateca Capitólio, com realização da UMBÚ, coletivo de produtoras artistas de teatro de Porto Alegre. A proposta é reunir diversos trabalhos realizados durante a pandemia por artistas e coletivos teatrais de Porto Alegre. O valor do ingresso é R$ 16,00.


Mais informações: http://www.capitolio.org.br/novidades/4711/1a-mostra-umbu-das-artes/


VERDES VALES DO FIM DO MUNDO DE ANTONIO BIVAR

No dia 27 de novembro, sábado, às 17h, a Cinemateca Capitólio realiza uma sessão em homenagem ao escritor e dramaturgo Antonio Bivar (1939-2020), exibindo uma raridade recém descoberta, que terá sua primeira exibição pública: o média metragem em Super 8 Verdes Vales do Fim do Mundo, dirigido pelo próprio Bivar. O filme, cuja existência foi revelada somente após a morte do autor, vítima da Covid-19, tem 45 minutos de duração e é um registro da série de viagens realizadas no início da década de 70, e que deram origem ao livro Verdes Vales do Fim do Mundo (1984). A sessão será comentada pelo pesquisador Luís Francisco Wasilewski, grande conhecedor e admirador da obra de Bivar. Entrada franca.


Mais informações: http://www.capitolio.org.br/novidades/4735/verdes-vales-do-fim-do-mundo-de-antonio-bivar/


HOMENAGEM A MELVIN VAN PEEBLES NO PROJETO RAROS

Na sexta-feira, 26 de novembro, às 19h30, o Projeto Raros da Cinemateca Capitólio celebra o legado de Melvin Van Peebles, um dos grandes nomes do cinema negro dos Estados Unidos, morto em setembro deste ano, com a exibição de Don’t Play Us Cheap, adaptação de uma obra que o próprio Peebles escreveu e musicou para a Broadway. Com entrada franca, a sessão será apresentada pelo programador Leonardo Bomfim.  


Mais informações: http://www.capitolio.org.br/novidades/4726/homenagem-a-melvin-van-peebles-no-projeto-raros/


LARANJA MECÂNICA EM SESSÃO DA MEIA-NOITE

No sábado, 27 de novembro, às 23h59, a Cinemateca Capitólio realiza uma sessão da meia-noite com o filme Laranja Mecânica, obra incontornável de Stanley Kubrick que completa 50 anos em 2021. Os ingressos (R$ 10,00) serão vendidos a partir das 15h30 de sábado, 27 de novembro. 


Mais informações: http://www.capitolio.org.br/eventos/4733/laranja-mecanica/


CINECLUBE ACADEMIA DAS MUSAS APRESENTA SESSÃO COM FILMES RIOT GRRRL


No domingo, 28 de novembro, às 17h, o Cineclube Academia das Musas apresenta a sessão Riot Grrrl, uma seleção de curtas furiosos realizados por Sadie Benning, Jennifer Reeder, Victoria Harwood, Lucy Newman e Sarah Jacobson na década de 1990. Com entrada franca, o programa será apresentado por Helena Pavan, curadora da sessão.


Mais informações: http://www.capitolio.org.br/novidades/4728/cineclube-academia-das-musas-apresenta-sessao-riot-grrrl/


CABEÇA DE NÊGO ENTRA EM CARTAZ

A partir de quinta-feira, 25 de novembro, entra em cartaz na Cinemateca Capitólio o longa-metragem Cabeça de Nêgo, de Déo Cardoso, um dos mais importantes filmes brasileiros do ano. O valor do ingresso é R$ 16,00.


Mais informações:  http://www.capitolio.org.br/eventos/4730/cabeca-de-nego/


GRADE DE HORÁRIOS

25 de novembro a 1 de dezembro de 2021


25 de novembro (quinta)

15h – Cabeça de Nêgo

17h – A Noite do Fogo (pré-estreia)

19h – A Mulher Arrastada + 9 Saias + Colapso: Terra em Chamas


26 de novembro (sexta)

15h – Cabeça de Nêgo

17h – Palácio do Fim + Ícaro – Sobre o Processo de Criação

19h30 – Projeto Raros: Don’t Play Us Cheap


27 de novembro (sábado)

15h – Cabeça de Nêgo

17h – Antonio Bivar – Verdes Vales do Fim do Mundo

19h – Invisíveis – História Para Acordar + Hipergaivota

23h59 – Laranja Mecânica


28 de novembro (domingo)

15h – Cabeça de Nêgo

17h – Cineclube Academia das Musas: Sessão Riot Grrrl

19h – Classe Cordial + A Vó da Menina + Desmedida Noite


30 de novembro (terça)

15h – Cabeça de Nêgo

17h – A Noite do Fogo (pré-estreia)

19h – A Fome + Derrota


1º de dezembro (quarta)

15h – Cabeça de Nego

17h – A Noite do Fogo (pré-estreia)

19h – A Mãe da Mãe da Menina + 2068


Para a retomada da programação presencial, uma série de adaptações para a utilização do espaço foram implementadas, desde entrada e saída do público, o estabelecimento de limite de espectadores por sessão (teto de 60% de ocupação), distanciamento entre os presentes, sendo bloqueados os assentos demarcados, além do uso obrigatório de máscara durante toda a sessão e o incentivo à higienização constante das mãos. É obrigatória a apresentação de Comprovante de Vacinação Oficial (CONECTE SUS) de acordo com calendário de vacinação estadual para público e trabalhadores de cinemas do Rio Grande do Sul.

sexta-feira, 19 de novembro de 2021

Cine Especial: 'Encurralado' - 50 Anos Depois

Sinopse: David Mann, um educado vendedor de eletrônicos, está dirigindo em uma estrada de duas pistas quando encontra um caminhão-tanque que está sendo guiado por um motorista invisível, o qual parece gostar de irritá-lo com brincadeiras perigosas. 

Os anos setenta foi a década que o cinema norte americano perdeu de vez a sua inocência, ao abordar em seus filmes temáticas muito mais voltadas com as questões que ocorriam em nosso mundo real. Essa nova leva de obras reflexivas se tornou o melhor período da sétima arte por lá e se tornando o que hoje é conhecida como a "Nova Hollywood", da qual foi inaugurada por jovens novos talentos que foram surgindo naqueles tempos, como no caso de Francis Ford Coppola, Martin Scorsese, Brian de Palma, George Lucas e Steven Spielberg. Esse último, aliás, foi o primeiro ao inaugurar o termo blockbuster com o seu clássico "Tubarão" (1975), porém, o diretor já havia se consagrado antes com a sua pequena obra prima "Encurralado" (1971).

A trama é simples: Homem de negócios (Dennis Weaver) dirige sozinho em uma estrada secundária, quando de repente se vê perseguido por um motorista de caminhão (Lou Frizzell). Depois de algum tempo, ele chega à conclusão de que aquele homem pretende matá-lo. Não demora muito para que a trama se torne uma verdadeira perseguição de gato e rato.

Rodado em apenas 13 dias nas estradas da California, além de um orçamento minúsculo, o jovem Steven Spielberg, com apenas 25 anos de idade, criou um filme de suspense de estrada eletrizante, com direito há vários planos-sequências, montagem de cenas eletrizantes e que não deve nada para outros filmes de grande orçamento da época. O filme foi rodado para ser exibido diretamente para a  tv norte americana, em uma época em que os canais estavam cheio de filmes melodramáticos e coube ao jovem diretor quebrar esse tabu. O sucesso foi tão grande que não demorou muito para sua obra ser lançada nos cinemas e se tornando um cult instantâneo na época.

O roteiro é de Richard Matheson, que por sua vez criou a história se inspirando em um caso real que ele mesmo havia participado. Curiosamente, por muito tempo o público achava que o filme era baseado em alguma obra de Stephen King, o que não é surpresa nenhuma, já que o escritor tem vários romances com essa mesma temática. Portanto, não me surpreenderia se o próprio "Encurralado" tenha servido de inspiração para o escritor criar um dos seus clássicos literários que foi "Christine" (1983), que contava a história de um carro que criava vida e que teria a sua adaptação para o cinema no mesmo ano.

No caso do clássico de Spielberg, se percebe que há várias mensagens subliminares na trama e que revisto hoje em dia se tornam ainda mais explicitas. Para começar o filme se passa no início dos anos setenta, época em que os norte-americanos ainda sofriam da ressaca com relação a guerra do Vietnã, crise econômica e a turbulência política nas mãos de Richard Nixon. A trama foca somente dois personagens, o cidadão de bem David Mann interpretado por Weaver e o caminhoneiro, interpretado por Carey Loftin, que jamais vemos o seu rosto e fazendo dos personagens os dois lados da mesma moeda com relação ao sentimento do norte americano daqueles tempos.

Enquanto David seria a representação do cidadão de bem norte americano, o caminhoneiro, por sua vez, seria aquele cidadão frustrado com os tempos que estava convivendo e colocando o seu ódio contra o primeiro que apareceria em sua frente. Já David insiste em não usar a violência durante esse duelo psicológico, principalmente na cena do bar onde ele tenta adivinhar quem é o dono do caminhão e que pode estar dentro do estabelecimento naquele momento. Antes disso, ele tem um curioso diálogo com a sua esposa pelo telefone e dando a entender que os dois estão brigados, já que ele não a defendeu de um quase estupro.

É neste ponto da trama que o filme me fez lembrar de uma outra obra lançada naquele mesmo ano, que foi "Sob o Domínio do Medo" (1971), do qual o protagonista, interpretado por Dustin Hoffman, procura usar a lógica para conter a onda de violência que invadirá a sua casa, mesmo suspeitando que um dos invasores tenha estuprado anteriormente a sua esposa. Nos dois casos, são protagonistas que temem pelas consequências de suas ações caso respondam contra a violência que estão os afligindo. Logicamente, a razão dá lugar para ação, pois os personagens se encontram encurralados e cabem agir para sobreviverem antes que seja tarde demais.

Há quem goste de simplificar o clássico de outras diversas formas, como na possibilidade do caminhão ter sido possuído por uma força demoníaca, ou que o veículo seja um monstro que só Deus sabe da onde veio. Não é de se admirar, portanto, que muitos consideram "Tubarão" como uma espécie de continuação de "Encurralado", já que ambos os casos vemos os protagonistas sendo perseguidos implacavelmente por uma força tenebrosa e que jamais descansa até ela ser eliminada. Curiosamente, o grito de um Tiranossauro Rex ouvido na cena final do caminhão que cai direto para um precipício é o mesmo grito que ouvimos após a morte do tubarão.

"Encurralado" é a semente que Spielberg plantou em Hollywood em 1971 e que mudaria em grande escala o cinema norte americano para sempre e cujo os seus efeitos são sentidos até hoje. 

Onde Assistir: Em DVD ou Telecine. 

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quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Cine Dica: Em Cartaz: 'SARS-CoV-2 / O Tempo da Pandemia'

Sinopse: O documentário reúne depoimentos de sete importantes especialistas da saúde que contribuíram para o enfrentamento da maior crise sanitária já vivida no Brasil. 

Uma coisa é a gente ter lido nos livros de histórias sobre vários acontecimentos trágicos que a humanidade sofreu ao longo dos séculos, desde terremotos, ou pandemias como a peste negra ou a gripe espanhola. Porém, mesmo a gente ter lido todos esses livros parece que não foi o suficiente para estarmos preparados para o pior que estava por vir. "SARS-CoV-2 / O Tempo da Pandemia" (2021) nos revela profissionais na área falando sobre esse cenário, sendo que os próprios tiveram que encarar o que antes parecia até então impossível.

Dirigido por Eduardo Escorel e Lauro Escorel, o filme entrevista médicos e especialistas em saúde pública que, sob a liderança de Paulo Chapchap, aceitam a missão de colaborar no combate ao coronavírus e integrar a iniciativa Todos pela Saúde. Chapchap convida Drauzio Varella, Eugênio Vilaça, Gonzalo Vecina, Maurício Ceschin, Pedro Barbosa e Sidney Klajner para decidir que medidas tomar com o objetivo de salvar vidas.

Os médicos avaliam o caráter trágico e inesperado da pandemia, além dos altos índices de mortes que assolaram a população. As dificuldades de gestão também são pauta do debate, bem como a dificuldade em se manter otimista. Gonçalo Vecina avalia que “o vírus veio nos mostrar como nós somos uma sociedade desigual e o que mata não é ele, é a desigualdade”, assim como Drauzio Varella ressalta a necessidade de “entendermos que a desigualdade social não é um destino final do Brasil”. Já Paulo Chapchap relembra a colapso da saúde ocorrido em Manaus devido à falta de um simples equipamento.

Todas as palavras dos especialistas sendo ditas ao longo documentário se tornam uma espécie de resumo dos quase dois anos de pandemia que o Brasil e o mundo sofreram nas mãos do Covid 19. Mais do que uma recapitulação, o documentário foi criado no calor do momento, mais precisamente quando morriam mais de dois mil brasileiros por dia e cuja a crise de Manaus foi o ápice dessa calamidade. Ao mesmo tempo, os especialistas não escondem o fato que esse cenário poderia ter sido facilmente evitado.

Embora nomes não sejam ditos, os especialistas direcionam a culpa desse cenário aos governantes, principalmente ao Presidente atual do país, do qual o mesmo não fez nada para evitar o avanço do vírus, mas sim repassando medidas ineficazes, apoiando aglomerações, nunca defendendo o distanciamento e tão pouco apoiando o uso de mascaras. Foi graças a esses especialistas que, ao longo de vários meses, trabalharam fortemente na campanha pela vinda das vacinas, mas até lá fizeram de tudo em ajudar os enfermos além de conscientizar as demais pessoas para se protegerem.

No terceiro ato do documentário observamos a maioria desses especialistas um tanto que cansados de toda essa situação e colocando para a fora as dores por terem perdido pessoas próximas, desde parentes e amigos. O projeto em si é uma denúncia contra a desigualdade que cada vez aumenta no Brasil atual e que colaborou no número elevado de mortes. Atualmente a tempestade parece que está diminuindo, mas não podemos esquecer o quanto fomos ingênuos no passado.

"SARS-CoV-2 / O Tempo da Pandemia" é um registro histórico sobre temos nebulosos que ainda todos nós estamos convivendo. 



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Cine Dicas: Estreias do Final de Semana (18/11/21)

 Noite Passada em Soho

Sinopse: Noite Passada em Soho acompanha Eloise (Thomasin Mckenzie), uma jovem apaixonada por design de moda que consegue, misteriosamente, voltar à década de 1960. Lá, ela encontra Sandy (Anya Taylor-Joy), uma deslumbrante aspirante a cantora por quem é fascinada.


A Crônica Francesa

Sinopse: "A Crônica Francesa" (The French Dispatch) de Wes Anderson é uma carta de amor aos jornalistas. Ambientado na redação de uma revista americana em uma cidade fictícia francesa do século XX, o filme apresenta uma coleção de histórias publicadas na The French Chronicle, a revista em questão.


Ghostbusters: Mais Além

Sinopse: Em Ghostbusters: Mais Além, quando uma mãe solteira e seus filhos se mudam para uma pequena cidade, eles começam a descobrir sua conexão com os caça fantasmas originais e o legado secreto que seu avô deixou para trás. Classificação indicativa 12 anos, contém violência e linguagem imprópria.


A NOITE DO FOGO


Sinopse:Em uma cidade solitária situada nas montanhas mexicanas, onde três amigas ocupam as casas daqueles que fugiram e se vestem de mulheres quando ninguém está olhando. Enquanto magia e alegria abundam no próprio universo impenetrável delas, suas mães treinam as três garotas para se protegerem dos grupos de sequestradores que atuam na região, até que um evento altera a rotina do povoado.


Chernobyl: o Filme - os Segredos do Desastre

Sinopse: Em 1986, uma tragédia sem precedentes tirou a vida de muitos moradores e trabalhadores da Usina Nuclear de Chernobyl. O filme aborda o trabalho dos bombeiros e daqueles que lutaram para conter o vazamento e a contaminação.

LUTAR, LUTAR, LUTAR

Sinopse: Documentário que conta a história centenária do Clube Atlético Mineiro, desde sua fundação, em 1908, até o título da Copa do Brasil de 2014, passando pela épica conquista da Libertadores de 2013. 


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quarta-feira, 17 de novembro de 2021

Cine Dica: Em Cartaz: '8 Presidentes 1 juramento - A história de um tempo presente'

Sinopse: Através de materiais de arquivo de diferentes mídias, nacionais e internacionais, o filme revive o período da redemocratização brasileira, do movimento das Diretas Já à posse de Jair Bolsonaro. 

Não há dúvida que Carla Camurati tem um papel importante dentro da história do nosso cinema. Se por um lado já no início de carreira ela estrelou clássicos como "O Olho Mágico do Amor" (1980), por outro, ela se arriscou na cadeira de cineasta e dirigindo "Carlota Joaquina, Princesa do Brasil" (1995) e abrindo assim a retomada do cinema brasileiro naquela época. De forma inevitável acabou explorando a história da nossa política conturbada e lançado como produtora executiva o filme "Getúlio" (2014).

Do pouco que eu a conheço como pessoa eu acredito que ela procura não escolher um lado da história, mas sim ser neutra e assistir aos fatos que ocorrem em sua volta e no resto do país. Por conta de ela somente assistir aos fatos eu acredito que ela tenha uma opinião de que todo governo tem as suas turbulências e que para mantê-lo nos eixos é preciso saber jogar dentro desse cenário, por vezes, corrompido. "8 Presidentes 1 juramento - A história de um tempo presente" é mais ou menos isso, ao exibir os principais fatos dos oito governos Presidenciáveis do nosso país e não escondendo as corrupções que sempre vieram a estourar.

Através de materiais de diferentes mídias, nacionais e internacionais, Carla Camurati reúne diversas cenas de arquivos para revisitarmos o período da redemocratização brasileira, do movimento das Diretas Já, eleições, os governos de cada um até a posse de Jair Bolsonaro. Se tem aqui uma história sobre a democracia brasileira e que já perdura há trinta e cinco anos.

Assistir ao ato inicial do documentário é como recobrar os meus primeiros anos de infância, já que eu assisti ao funeral de Tancredo Neves em 1985, mas pouco entendia sobre o que estava acontecendo. Após o governo Sarney foi aí que eu tive uma noção sobre o que é democracia, onde as pessoas vão votar pelo seu candidato favorito e que para assim ele possa ser eleito. É mais ou menos assim que Carla Camurati joga tudo isso na tela, ao mostrar a extinção dos tempos de chumbo e dando lugar a um cenário onde o povo que decide os rumos do país através das urnas.

diretora não entrevista em nenhum momento algum político de determinado período, mas sim somente nos passando as principais cenas de cada época, além de letreiros explicando a situação de cada governo naquele exato momento. O documentário em si é uma espécie de grande retrospectiva dessas mais de três décadas de democracia brasileira e fazendo até mesmo eu recobrar certas passagens da história que havia me esquecido até agora. Curiosamente, não deixa de ser interessante que as mesmas crises, desde ao aumento da alimentação, gás, luz e gasolina são um cenário que vem e vai a todo momento em nossa história.

Além disso, a cineasta procura colocar um equilíbrio em cada período, ao mostrar tanto os acertos, como também os erros de cada governo. É fácil, portanto, dizer que ela não procurou se colocar de um lado da história, muito embora alguns pontos dessa linha de tempo ficaram um tanto que obscuras. Para os historiadores de nossa política o documentário se torna um prato cheio sobre o que não foi mostrado na tela, muito embora isso não seja uma situação muito explicita.

O ato final do documentário é o que talvez ela tenha pisado em um terreno mais delicado, principalmente que é uma linha do tempo em que ainda estamos vivendo. Há uma retrospectiva do governo Lula, Dilma, além dos casos de corrupção com relação ao mensalão e o esquema da Lava Jato vindo de Curitiba. Se por um momento achamos que a cineasta irá endeusar para um determinado lado da história, eis que ela mostra exatamente o que acontece desde o dia em que ocorreu o impeachment de Dilma Rousseff, onde vemos um povo dividido, entre a razão e a  ingenuidade daqueles que acreditavam que teríamos um futuro melhor.

Os minutos finais da projeção é uma mostra do resultado daqueles que brincaram com a democracia brasileira e nos levando à beira de uma possível nova ditadura, da qual não foi conseguida com tanques nas ruas, mas através de fake news, ideologia fascista e que estava escondida a muito tempo e mais perto do que imaginávamos. Os créditos finais ouvimos as falas do Presidente atual, sendo que nada mais são do que um puro retrocesso e nos colocando a beira do limbo.

"8 Presidentes 1 juramento - A história de um tempo presente" é um retrato sobre os altos e baixos de uma democracia e da qual se torna fragmentada a partir do momento em que alguns anseiam por tempos mais retrógrados. 


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