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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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sexta-feira, 26 de abril de 2013

Cine Dica: A Resistência à Ditadura Militar na Sala P. F. Gastal


A RESISTÊNCIA ÀS DITADURAS MILITARES NA AMÉRICA LATINA EM MOSTRA DE FILMES NA SALA P. F. GASTAL
         
A Sala P. F. Gastal da Usina do Gasômetro (3º andar) recebe entre os dias 30 de abril e 5 de maio uma mostra de filmes sobre a resistência às ditaduras militares na América Latina, que integra a programação da exposição Movimento de Justiça e Direitos Humanos – Onde a Esperança se Refugiou, em cartaz no andar térreo da Usina do Gasômetro desde o dia 25 de abril. A mostra será inaugurada às 19h do dia 30 de abril, com a pré-estreia do documentário inédito Dossiê Jango, de Paulo Henrique Fontenelle.
Entre os destaques da programação, filmes do cineasta Silvio Tendler (homenageado pelo evento) e produções de impacto como Cidadão Boilesen, de Chaim Litewski.
Toda a programação, que tem o apoio da Programadora Brasil, projeto do Ministério da Cultura destinado à difusão de filmes brasileiros,  tem entrada franca.
  
PROGRAMAÇÃO
  
Dossiê Jango, de Paulo Henrique Fontenelle (Brasil, 2012, 102 minutos)
Escolha do público do Festival do Rio 2012, o documentário alerta para a necessidade de investigação da morte do presidente e recupera os dias da deposição de João Goulart, seu exílio e morte. Sessão comentada por Christopher Goulart (neto de Jango) e Jair Krischke.
  
Os Anos JK – Uma Trajetória Política, de Silvio Tendler (Brasil, 1980, 110 minutos)
O filme aborda a história do Brasil: a eleição do presidente Juscelino Kubitschek, o nascimento de Brasília, a renúncia do sucessor Jânio Quadros, a crise política, o golpe militar e a cassação dos direitos políticos de JK. O foco é a trajetória política do “Presidente Bossa Nova”, popular entre os artistas, que propunha a aceleração no desenvolvimento do país rumo à modernidade e à ocupação de um lugar entre as potências mundiais. Referência para estudantes e pesquisadores, o filme já foi visto por 800 mil pessoas e ganhou vários prêmios. Sessão comentada pelos historiadores Francisco Cougo e Solon Viola.
  
Marighella – Retrato Falado do Guerrilheiro, de Silvio Tendler (Brasil, 2001, 55 minutos)
Deputado constituinte de 1946 e um dos principais dirigentes do partido Comunista, cassado quando o partido foi posto na ilegalidade, Carlos Marighella foi um dos líderes da luta armada contra a ditadura militar no Brasil. Em 1966, ainda no PC, propôs o caminho da guerrilha e por isso foi expulso. Fundou a Ação Libertadora Nacional, primeiro movimento armado pós-64 do país. O filme retrata a trajetória do professor Marighella, do deputado Marighella, do romântico guerreiro Marighella. Mas, acima de tudo, conta a história do homem Marighella.
  
Utopia e Barbárie, de Silvio Tendler (Brasil, 2010, 120 minutos)
Retrata e interpreta o mundo Pós-Segunda Guerra Mundial e suas transformações, as utopias que nele foram criadas e as barbáries que o pontuaram. Descreve o desmonte das utopias da geração sonhadora de 1968 e analisa a criação de novas utopias nesse mundo globalizado. Sessão comentada pelo diretor Silvio Tendler e por Jair Krischke.
  
Jango, de Sílvio Tendler (Brasil, 1984, 117 minutos)
O documentário captura a efervescência da política brasileira durante a década de 1960 sob o contexto histórico da Guerra Fria. Jango narra exaustivamente os detalhes do golpe e se estende até os movimentos de resistências à ditadura, terminando com a morte do presidente no exílio e imagens de seu funeral, cuja divulgação foi censurada pelo regime militar. Sessão comentada pelos jornalistas Juremir Machado da Silva e Carlos Alberto Kolecza.
  
Atletas e Ditadura – A Geração Perdida, de Marco Antonio Villalobos, Marcelo Outeiral e Milton Cougo (Brasil, 2007, 32 minutos)
A vida era mais segura no alto do pódio. Mas eles preferiram descer e enfrentar um adversário que tinha criado as próprias regras do jogo. "Atletas x Ditadura - A Geração Perdida" é um documentário que revela a cruel relação entre o esporte e a ditadura militar na Argentina. Em apenas oito anos de regime (1976-1983), cerca de 30 mil pessoas morreram ou desapareceram. Entre elas, jovens atletas que deixaram as competições para lutar pela liberdade. O ponto de partida é um discurso do Tenente-General Jorge Rafael Videla na despedida da seleção Argentina de rúgbi, que partia para o Campeonato Mundial, em 1978. No momento em que o ditador celebra a equipe como uma "embaixada da liberdade" no exterior, 17 jogadores do La Plata Rugby Club já tinham desaparecido nas mãos de agentes do seu governo. Com depoimentos e imagens inéditas, Atletas x Ditadura - A Geração Perdida mostra também a história de Adriana Acosta, uma jovem revelação do hóquei sobre a grama que desapareceu três dias antes do início da Copa do Mundo de 1978, uma competição que foi claramente usada como arma de manipulação popular pela ditadura. Nesse período, o tenista Daniel Schapira, que chegou a estar entre os 10 melhores do país, foi morto da Escola de Mecânica da Armada (ESMA), a poucas quadras do estádio Monumental de Nuñez, onde a Argentina conquistou seu primeiro título mundial. O documentário mostra, ainda, detalhes da passagem do corredor Miguel Sánchez pelo Brasil. O atleta foi sequestrado em casa dias depois de voltar da Corrida de São Silvestre, em São Paulo. E pode ter sido o primeiro esportista vítima da Operação Condor. São quatro histórias cruéis e envolventes que ajudam a contar uma parte esquecida de um dos períodos mais sombrios da América do Sul. Sessão comentada pelo diretor e jornalista Marco Antonio Villalobos e pelo historiador Ramiro José dos Reis.
  
Cidadão Boilesen, de Chaim Litewski (Brasil, 2009, minutos, 93 minutos)
Documentário que foca a vida de Henning Albert Boilesen, ex-presidente da Ultragaz, assassinado pela guerrilha em São Paulo, no dia 15 de abril de 1971. Boilesen, um dinamarquês naturalizado brasileiro, estava intimamente ligado à Operação Bandeirante (Oban), grupo paramilitar criado pelo II Exército para combater os guerrilheiros que lutavam contra a ditadura militar brasileira.
  
Mundial 78 – Verdad o Mentira, de Christian Remoli  (Argentina, 2007, 95 minutos)
Um documentário revelador da verdadeira trama do projeto mais ambicioso da ditadura argentina, a Copa do Mundo da Argentina de 78. Sessão comentada pelo advogado e jornalista Ibsen Pinheiro e pelo jornalista Cláudio Dienstmann. Exibição em espanhol sem legendas.
  
Programa Memória do Movimento Estudantil
Programa que reúne os médias metragens Ou Ficar a Pátria Livre ou Morrer Pelo Brasil e O Afeto que se Encerra em Nosso Peito Juvenil, ambos dirigidos por Silvio Tendler, que resgatam a memória do movimento estudantil, passando por diversos fatos marcantes da história brasileira, através de depoimentos de militantes e dirigentes de entidades representativas da classe, como Vladimir Palmeira, Rui César, Franklin Martins, e imagens de arquivo. Os dois documentários contam esses 70 anos de história a partir de dois pontos de vista. O primeiro deles, Memória do Movimento Estudantil – Ou Ficar a Pátria Livre ou Morrer pelo Brasil, é focado na história política e faz um percurso cronológico sobre o período. Já o segundo, Memória do Movimento Estudantil – O Afeto que se Encerra em Nosso Peito Juvenil, é mais subjetivo e explora, nas entrevistas e depoimentos, os aspectos culturais e comportamentais relacionados ao movimento estudantil.
  
Vale a Pena Sonhar, de Stela Grisotti e Rudi Böhm (Brasil, 2003, 75 minutos)
Retrata os sonhos e utopias de uma geração de homens e mulheres que dedicaram suas vidas à luta pela justiça, liberdade e democracia, tendo como fio condutor a história de Apolônio de Carvalho. Sua luta, sem fronteiras, junto aos republicanos na Guerra Civil Espanhola, na Resistência Francesa contra o nazismo e no combate à ditadura militar no Brasil nos anos 60, assim como fatos da vida cotidiana e familiar do militante de esquerda que assina a ficha número um de filiação do PT.
  
História de uma Vida Hermana, de Marco Antonio Villalobos, Milton Cougo e Universindo Rodriguez Diaz (Brasil/Uruguai, 2012, 23 minutos)
Ações arriscadas. Perigo. Os crimes enfrentados quando o Condor dominava os céus do Cone Sul da América. A solidariedade vencendo o medo. Duas mil pessoas que encontraram em Porto Alegre o endereço da esperança. A história de uma vida hermana não nos deixa esquecer a lição sobre a importância do reconhecimento. Em cada frase, em cada lembrança, em cada pensamento transborda a gratidão de irmãos uruguaios salvos pelo Movimento de Justiça e Direitos Humanos. São vidas hermanas que como todos os que prezam o sagrado direito à liberdade se juntam para homenagear e dizer em coro: Muchas Gracias, Movimento de Justiça e Direitos Humanos de Porto Alegre. Sessão comentada pelo diretor e jornalista Marco Antonio Villalobos, pelo psiquiatra José Outeiral e pelo  repórter cinematográfico Milton Cougo.

Mais informações e horários das sessões, vocês conferem na pagina da sala clicando aqui. 

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Cine Dica: Em Cartaz: O ACORDO



Sinopse: O astro de filmes de ação The Rock está de volta na história de um pai cujo filho é sentenciado a 10 anos de cadeia por envolvimento com drogas. Para reduzir a sentença do garoto, o pai concorda em atuar infiltrado para derrubar um poderoso narcotraficante.

Já havia falado por aqui, que de todos esses atores brucutus de filmes de ação que surgem atualmente, The Rock talvez seja o único que passa um ar de simpatia e até mesmo humanidade. Portanto, não é de se admirar muito em ver ele se arriscar em outros gêneros, sendo que aqui, embora seja um filme que namora, com as habituais cenas de ação que o ator esta acostumado em participar, o filme vai mais para o lado de uma trama policial pé no chão. Aqui, The Rock surge com uma pessoa simples e bem sucedida, mas que vê sua estabilidade despencar no momento em que seu filho é preso por um crime que não cometeu. 
A partir desse ponto, o seu personagem embarga no universo, tanto da justiça, como também do lado mais podre do universo das drogas, com o intuito de ajudar a lei e fazer com que a pena da sua cria seja reduzida. Embora visualmente nos reconhecêssemos ele como um herói de filmes de ação, aqui o seu personagem vai pro fundo do poço, sendo até mesmo espancando e nos convencendo de quando se sente impotente e a mercê da vilania. Do lado da lei, destaque para Susan Sarandon, que interpreta uma juíza dura de pedra, mas que cá pra nos, qualquer personagem que atriz faça, ela sempre estará bem. Mas quem rouba a cena da turma de coadjuvantes é Jon Bernthal, recém saído da série de sucesso The Walking Dead: aqui, ele interpreta um sujeito com um passado sujo, que embora tente se redimir acaba tendo que retornando ao seu passado nebuloso, para ajudar o personagem de The RockAs cenas de ação existem, mas embora sejam poucas, elas são eficazes e verossímeis. 
Embora o final se apresse demais para terminar a historia, o filme é uma boa pedida para os fãs do astro de filmes de ação, que não se intimida nenhum pouco em cenas mais dramáticas, principalmente aquelas que ele contracena com o seu filho que esta entre as melhores partes da película.   

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quinta-feira, 25 de abril de 2013

Cine Especial: Zé do Caixão: 50 anos de terror: Parte 6


Nos 29 e 30/Abril; 02 e 04/Maio eu estarei participando do curso Zé do Caixão: 50 anos de terror, criado pelo Cena Um e ministrado pelo especialista no assunto Carlos Primati. Enquanto os dias da atividade não chegam, por aqui, estarei postando um pouco do que eu sei, sobre o melhor representante do gênero do terror do nosso cinema tupiniquim.
  
Delírios de Um Anormal 

Sinopse: Um brilhante psiquiatra é aterrorizado por pesadelos nos quais Zé do Caixão tenta roubar sua esposa, escolhendo-a como aquela que irá gerar seu filho perfeito. Desorientados, seus colegas médicos decidem buscar ajuda com o cineasta José Mojica Marins, que tenta fazer o psiquiatra compreender que Zé do Caixão não passa de uma simples criação de sua mente.

Quando eu estava assistindo a esse filme, me ficava perguntando porque cargas d’águas Mojica fez um filme que mais parecia uma retrospectiva dos seus trabalhos anteriores? A parte original, onde o psiquiatra sofre de alucinações, serve apenas para o cineasta descarregar as melhores e mais fortes cenas que ele já filmou no passado. Mas existe um porque disso: Usurpado de seu direito de criar e mostrar ao público sua arte por mais de dez anos de sistemática perseguição pela Censura Federal. Mojica decidiu compilar as cenas mais chocantes de seus melhores filmes, para narrar esta história, através do "restos dos meus próprios restos" - nas palavras do próprio diretor.
Embora possa parecer em alguns momentos como mera colagem, a criativa edição de Nilcemar Leyart remonta cenas famosas e lhes dá um novo significado. Claro, que para o publico que ainda não havia visto as versões sem cortes dos seus filmes anteriores, Delírios de Um Anormal com certeza foi um verdadeiro soco no estomago para os maus acostumados, mas visto atualmente (principalmente por uma geração que já viu os filmes anteriores completos), esse efeito acaba por se perdendo, mas que ao mesmo tempo serve de exemplo da persistência de Mojica, numa época em que se pensar diferente, tanto no cinema como na musica, era preciso ser feito com cautela.       

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Cine Dica: Cineterapia apresenta a mezzo-soprano Luciane Bottona e o filme Amadeus


Cineterapia apresenta a mezzo-soprano Luciane Bottona e o filme Amadeus 

O segundo Cineterapia do ano apresenta o emocionante drama biográfico estadunidense Amadeus (1984), dirigido por Milos Forman, baseado na peça homônima de Peter Shaffer, estrelado por Tom Hulce, Murray Abraham, Elizabeth Berridge, Simon Callow e grande elenco, que apresenta a história do compositor austríaco de música clássica Wolfgang Amadeus Mozart - Mozart.
 O homem. A magia. A loucura. A música. O assassinato. Amadeus significa “Amado por Deus”. A película se passa em flashback e é relatada por Salieri, que acredita que a música de Mozart é divina e desejava ser tão bom músico como o jovem e irreverente compositor. Após tentativa de suicídio, Salieri confessa a um padre que foi responsável pela morte de Mozart, há muito já falecido.
 Diversos acontecimentos da vida real de Mozart foram incluídos no roteiro da obra, como seu encontro com Maria Antonieta quando criança. Amadeus foi indicado a 53 prêmios, recebendo 40, dentre eles 8 Oscars (incluindo o de Melhor Filme) e 4 Globos de Ouro.
 A convidada para debater o filme é a gaúcha Luciane Bottona, mezzo-soprano que estudou em Montevidéu, com o baixo-barítono Juan Carlos Gebelin; na Universidade de Indiana, com a professora Alice R. Hopper; e no Conservatório N. Rimsky-Korsakov, em São Petersburgo, com o tenor Igrayr Hanidonyan. Bottona foi a vencedora do 8º Cia Ópera São Paulo International Festival realizado no Teatro São Pedro (SP) em 2004.
 A exibição tem entrada franca e acontece na segunda-feira (29/04), às 19h, no CineBancários (Rua General Câmara, 424 - Centro), em Porto Alegre.
 Em seu quarto ano e 24ª edição, o projeto disponibiliza clássicos que estudam novas formas de desenvolver a sensibilidade e possibilita análise comportamental por destacados pensadores, psiquiatras e escritores gaúchos. Já participaram do evento nomes como Thedy Correa, Frank Jorge, Jorge Furtado entre outros. A mediação da conversa fica por conta dos terapeutas Cínthya Verri e Roberto Azambuja.

Reservas de ingressos deverão ser feitas pelo e-mail projetocineterapia@gmail.com
  
CINETERAPIA
Toda última segunda-feira do mês
Um convidado extraordinário
Um filme inteligente
Com entrada franca

CineBancários
(51) 34331204 / 34331205
Rua General Câmara, 424, Centro - POA
blog: cinebancarios.blogspot.com
site: cinebancarios.sindbancarios.org.br
facebook.com/cinebancarios
Twitter: @cine_bancarios


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quarta-feira, 24 de abril de 2013

Cine Especial: Zé do Caixão: 50 anos de terror: Parte 5


Nos 29 e 30/Abril; 02 e 04/Maio eu estarei participando do curso Zé do Caixão: 50 anos de terror, criado pelo Cena Um e ministrado pelo especialista no assunto Carlos Primati. Enquanto os dias da atividade não chegam, por aqui, estarei postando um pouco do que eu sei, sobre o melhor representante do gênero do terror do nosso cinema tupiniquim.

  
O Estranho Mundo de Zé do Caixão (1968) 

Sinopse: Elevado ao estado inatingível dos seres sobrenaturais, Zé do Caixão desfia sua filosofia e apresenta três contos.

O estranho mundo de Zé do Caixão (1968) é composto por três curtas-metragens: O fabricante de bonecas, Tara e Ideologia. O primeiro narra à história de Mestre Bastos, um idoso fabricante de bonecas reconhecido pelo seu trabalho aprimorado e detalhista, sobretudo, pelo aspecto realista dos olhos de suas criações. Ao saber que o idoso guardava seu dinheiro em sua oficina, um grupo de assaltantes planeja invadir o local para roubá-lo. Ao por em prática o plano, eles se deparam também com as belas filhas do mestre, que o ajudavam na confecção, e decidem estuprá-las. Porém, as coisas não caminham como eles esperavam. Esse conto, que termina de uma forma bem previsível, imediatamente me lembrou alguns dos filmes que eu assistia na saudosa sessão cine trash da Band, que alias apresentado pelo próprio Mojica.
O segundo (e melhor) seguimento, Tara, conta a história de um vendedor de balões obcecado por uma bela e jovem mulher. Ele a persegue e observa dia a dia sem que ela perceba. Por fim, ele só tem a oportunidade de concretizar os seus desejos após a morte da jovem. De todos os três, este é o curta que reúne elementos e referências ao cinema clássico, principalmente do período do expressionismo alemão. A pequena trama não possui palavras, sendo que sua estética, que se aproxima ao mais puro naturalismo, faz com que agente nos lembre facilmente do clássico Nosferatu de 1922.
Ideologia é o seguimento mais forte e tipicamente trash. O professor Oãxiac Odéz (José Mojica Marins) convida um professor rival e sua esposa até a sua sombria casa para que possa comprová-los a sua absurda teoria materialista contra a razão e o amor, na qual o ser humano se reduz ao instinto. Odéz submete o casal convidado a uma série de experiências sádicas que envolvem dor, tortura física e psicológica, canibalismo, resistência física e outras bizarrices que buscam provar uma animalização do ser humano. Não há duvidas de quem assiste que essa é a parte mais forte da obra, que desafia a força mental da pessoa que vê e mais recomendada para pessoas de mente aberta.  
No saldo geral, era um filme que realmente ia contra a maré das obras brasileiras que eram lançadas naquele tempo e que lembra mais os contos sombrios do escritor Edgar Alan Poe.  

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Cine Dica: Em Cartaz: A Morte do Demônio (2013)



Sinopse: cinco amigos de vinte e poucos anos se isolam num chalé retirado. Quando descobrem um Livro dos Mortos eles inconscientemente invocam demônios adormecidos vivendo nas florestas adjacentes e os jovens um após outro vão sendo possuídos por eles até que resta somente um intacto para lutar pela sua sobrevivência.

Embora tenha sido anunciado em todo o mundo, que essa produção era uma refilmagem do clássico de 1981, o filme está mais para uma continuação da obra original de Sam Raimi. Produzido pelo próprio, o filme começa nos jogando no mesmo cenário do primeiro, dando a entender que os eventos vistos na trilogia anterior (mais uma cena do inicio desse filme), já aconteceram na cabana. Portanto não falta referencias daqueles filmes, desde a espingarda, porão, colar, cerra elétrica e ate mesmo o carro amarelo de Ash, que se encontra ali perto abandonado.     
Assim como no original, o filme é protagonizado por cinco amigos (Jane Levy, Lou Taylor Pucci, Shiloh Fernandez, Jessica Lucas e Elizabeth Blackmore), mas diferente das vitimas do filme de 81, aqui eles vão à cabana com a intenção de desintoxicar um deles que é viciado em drogas. Não é preciso ser gênio, que quando começa os ataques de abstinência da personagem de Jane Leyy, imediatamente eles se misturam com os ataques de possessão do demônio já a solta no local, que alias, é muito mais forte do que seus antecessores. Na verdade o humor negro tanto visto na trilogia original, aqui é zero e se vocês acreditam que as marcas registradas de Raimi se encontram em cena, já adianto que a única coisa dele que eu vi foi à clássica seqüência da câmera correndo na floresta e só.
Na verdade o filme do começo ao fim é do diretor Uruguaio Fede Alvarez, convidado por Raimi, que ficou impressionado com o curta que ele fez de um ataque alienígena na terra. Isso foi o suficiente para Alvarez, não só ganhar o emprego como diretor, como também de roteirista e injetando então personalidade própria em seu primeiro longa americano. O que vemos na tela, é uma visão pessoal de Alvarez com relação aquele universo já estabelecido, mas injetando idéias novas no que já existe e em dobro: sangue gore, mutilações e possessões desenfreadas para ninguém botar defeito. Sangue, alias, é uma coisa que fazia tempo que não via na tela grande e aqui não tem o que reclamar, pois da à sensação de que a qualquer momento irá nos respingar.
Infelizmente isso também é o maior defeito do filme, pois Alvarez talvez tenha se preocupado mais em querer chocar com cenas fortes, do que criar cenas assustadoras criativas, que fizesse com que o publico pulasse da cadeira, sendo que elas, da para se contar nos dedos. Pouco posso falar sobre o desempenho do quinteto, já que eles estão somente ali para serem vitimas das inúmeras situações que viram a seguir. Muito embora, devo reconhecer o esforço de Jane Levy, já que da para ver que ela sofreu o diabo (literalmente) durante todo o processo de produção, desde há usar uma maquiagem “a lá Linda Blair” e ser enterrada viva por vários minutos.
Com um ato final que foge um pouco do que acontece no original (embalado com inúmeros litros de sangue) o filme pode até terminar de uma forma previsível, mas deixando o território armado para uma possível seqüência, que alias, podemos já ter uma idéia do que irá acontecer. Se você for paciente, assista á todos os créditos finais, para escutar uma narração off conhecida dos fãs da trilogia original e dar de encontro com um rosto super conhecido desse universo criado por Raimi.    

Leia também: Tudo sobre os filmes de Sam Raimi clicando aqui. 

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terça-feira, 23 de abril de 2013

Cine Especial: Zé do Caixão: 50 anos de terror: Parte 4



Nos 29 e 30/Abril; 02 e 04/Maio eu estarei participando do curso Zé do Caixão: 50 anos de terror, criado pelo Cena Um e ministrado pelo especialista no assunto Carlos Primati. Enquanto os dias da atividade não chegam, por aqui, estarei postando um pouco do que eu sei, sobre o melhor representante do gênero do terror do nosso cinema tupiniquim.

O Despertar da Besta / Ritual de Sádicos

Sinopse: Um renomado psiquiatra injeta doses de LSD em quatro voluntários com o objetivo de estudar os efeitos do tóxico sob a influência da imagem de Zé do Caixão. O personagem aparece de maneira diferente nos delírios psicodélicos e multicoloridos de cada um, misturando sexo, perversão, sadismo e misoginia. Interrogado por um grupo de intelectuais o psiquiatra faz uma revelação surpreendente que os obriga a questionar suas convicções.

De todos os seus filmes, O Despertar da Besta foi o mais perseguido e rotulado como maldito de sua filmografia aos olhos da censura do regime militar. Batizado na época de Ritual de Sádicos em 1969 foi rapidamente proibido pelos censores, que não satisfeitos, pretendiam destruir as copias e negativos.  Liberado nos anos 80 foi exibido em festivais e mostras, mas infelizmente não teve lançamento comercial.
Toda essa raiva que o governo da época teve contra o filme, foi devido à abordagem franca sobre o consumo de drogas e sexo desenfreado na época, mas tudo filmado de uma forma bem inventiva, que é bem da característica do diretor.  O primeiro ato do filme, mostra a degradação de civis devido as drogas e sexo desenfreado, que ao mesmo tempo se divide com cenas de depoimento de um médico (Sérgio Hingst), que é colocado na parede por  entrevistadores (entre eles os diretores Carlão Reichenbach e Maurice Capovilla), sob o silencio de Mojica presente, que interpreta a si mesmo. O médico a recém havia lançado um livro que aborda o consumo de drogas (ou “tóchicos”), e apresenta os casos para compreender melhor suas teorias.
Os diálogos com frases como “são os atos anormais de uma juventude sem freio” da impressão que o filme tenderá para a simplória e reducionista abordagem refletida pela citação acima. Contudo, Mojica filma as cenas com um clima carregado e bem próximo do seu terror habitual. Pegamos um exemplo de uma jovem colegial do inicio do filme: ela participa de uma festinha cheia de drogas de um grupo de jovens translocados, para que então no auge da situação, é morta num ato de estupro de um taco de madeira. Em outra seqüência (a mais inventiva delas), vemos uma jovem sendo entrevistada para uma vaga de emprego, para então ser assediada pelo seu futuro patrão, que por vezes, ela enxerga ele como um porco ou um cachorro.
Com esses momentos, é preciso realmente se tirar o chapéu, pois além dessas cenas criativas, a utilização de musica e som, se casa muito bem com as cenas, onde destaco a musica em que é tocada na abertura e no encerramento do filme. Tudo isso, se da uma verdadeira sensação de experimentação, para aqueles que assistem pela primeira vez e que acaba se enquadrando com o lado inventivo do cineasta. Já no segundo ato do filme, o médico explica o seu estudo, que é a utilização da droga LSD num grupo de drogados, a partir do momento que eles focam suas atenções a figura do Zé do Caixão.  
Não deixa de serem bastante curiosas as imagens do programa de TV da época (Quem tem medo da Verdade), no qual o cineasta é interrogado por um júri formado por celebridades daquele período, mas  que por sua vez é defendido  pelo diretor Carlos Manga e absolvido pela quase unanimidade dos componentes. Nestes momentos, Mojica é sempre rotulado pelo seu personagem e destaca sua desilusão como artista nacional. A partir daí, o filme começa a ficar  carregado de um clima de auto-referência, que a partir de então marcará presença em quase toda sua obra: o cineasta faz uso da sua popularidade, pressupondo a presença de Zé do Caixão nas mentes das pessoas, o que levaria o pesquisador a utilizar a figura do personagem  para testar então os drogados.
 E é nas seqüências dos delírios acompanhados pelo médico, no qual cada uma das quatro pessoas da experiência apresenta sua visão e opinião pessoal de Zé do Caixão, onde por sua vez o cineasta abre a sua imaginação por completo na tela, criando seqüências surrealistas e que se distancia da simples realidade, com direito a cemitérios, mulheres seminuas, uma escadaria de corpos humanos e rostos desenhados em bundas. Assim como a própria presença do  Zé do Caixão e tudo embalado em cores e que se acaba criando um verdadeiro contraste com o resto do filme que é em todo preto e branco.
O despertar da besta acaba por então sintetizar sobre o que acontecia naquele período, onde popularização do rock’n’roll, sexo e das drogas, que, apesar da impressão inicial, acabam por não ser satanizadas, quando o médico apresenta como conclusão de seu estudo o fato de não serem elas as responsáveis pela perversidão de seus usuários, mas apenas como fator de liberação de suas frustrações. No saldo geral, O despertar da besta foi um filme corajoso para época, mesmo tendo um moralismo um tanto que disfarçado aqui e ali, mas que isso não foi o suficiente para que os sensores o deixassem em paz. Felizmente o tempo é o melhor juiz para todos. 

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