Sinopse: Tatiana Maslany surge de um acidente de carro, em que ela e Bruce (Mark Ruffalo) ficam feridos e, sem querer, gotas do sangue do físico caem na sua corrente sanguínea e fazendo com que ela se transforme na Mulher Hulk.
A primeira vez que eu tive conhecimento da Mulher Hulk foi no mix do "Incrível Hulk "nº 125 da editora abril no ano de 1993. Escrito e desenhado por John Byrne, a história mostrava a heroína entediada em seu apartamento em uma noite de natal, onde então decide ligar para o Coisa do Quarteto Fantástico para bater um papo, porém, é surpreendida por um ataque do Doutor Destino. O insano da trama é que a personagem mata sem querer o vilão e usa o seu corpo de metal para arremessar contra o Magneto que surge do nada, assim como também Galactus na penúltima pagina.
Mas a maior loucura de ler essa HQ foi o fato ver a personagem quebrar a quarta parede, ou seja, falar com a gente que está lendo o gibi e tendo a consciência que é realmente uma personagem de HQ. Essa fase comandada por John Byrne foi sem sombra de dúvida a mais divertida da heroína, mesmo para aqueles que achavam estranho em um primeiro momento, mas que serviu até mesmo de inspiração para os roteiristas quando criaram as tramas de Deadpool. Por conta dessa bagagem era mais do que lógico que os produtores do estúdio Marvel iriam beber muito dessa da fonte de ideias dessa época e o resultado é que a série "She-Hulk" (2022) é a mais inusitada e absurda das produções do estúdio até agora.
Na trama, Jennifer Walters (Tatiana Maslany) é uma advogada bem-sucedida que vive uma vida comum e tranquila até sofrer um grave acidente. Durante o imprevisto, ela acaba recebendo, acidentalmente, o sangue do seu primo, o cientista e super-herói Bruce Banner (Mark Ruffulo), vulgo Hulk. A partir daí, a vida da mulher muda completamente, enquanto ela se transforma na versão feminina da criatura verde. Agora, a advogada precisa aprender a controlar seus novos e intensos poderes e, mesmo contra sua vontade, se torna uma heroína com muita visibilidade. Além das novas habilidades, Jennifer também recebe uma inesperada promoção no trabalho: ela é encarregada de comandar a divisão de leis super-humanas e seu escritório utiliza sua nova fama como Mulher-Hulk para ganhar status.
Antes de mais nada é preciso dar um salve de palmas para Tatiana Maslany, que desde a série "Orphan Black" ela tem nos impressionado pela sua versatilidade em meio a pirotecnia, já que naquele programa ela interpretava inúmeras personagens em meio a diversos efeitos visuais de ponta e que deixava tudo mais verossímil. Aqui, novamente, ela interpretada um personagem da qual exige efeitos visuais, mesmo em momentos em que os mesmos não nos convençam, mas não tirando o brilho da própria. Aliás, é notório que atriz está se divertindo o tempo inteiro durante o programa e revelando para nós uma verdadeira veia cômica.
Mas assim como nas HQ, a personagem também quebra aqui a quarta parede, com direito de tirar o maior sarro do próprio estúdio, assim como também com relação a perspectiva daqueles que assistem. Curiosamente, é notório que em muitos episódios a série faz uma crítica acida contra os próprios fãs que invadem as redes sociais para criticar algo antes mesmo de ser apreciado, sendo que o próprio programa sofreu nas mãos de detratores antes mesmo de surgir na grade do Disney+. A personagem, portanto, brinca com isso sem nenhum medo e fazendo com que o programa tome um passo à frente mesmo quando não se leva a sério em nenhum momento.
Por conta disso, os realizadores tiveram até direito de brincar com a expectativa dos fãs com relação a promessa de participações especiais como no caso, por exemplo de Demolidor e do qual realmente apareceu. E se muitos estavam reclamando de algum ou outro episódio em que nada acontecia eis que o episódio final vai para uma fronteira até então inédita para a personagem e para aqueles que acompanham o MCU desde o princípio e nos surpreendendo com a coragem de levar essa brincadeira para um cenário até então inédito. Em tempos em que o gênero de super heróis para o cinema e tv possui um futuro indefinido com relação ao seu esgotamento nunca é demais a gente relaxar e curtir algo que vai para um outro caminho mais descontraído, mas ao mesmo tempo inesperado.
Com uma bela e bem humorada homenagem a clássica série do Hulk no último episódio, "She-Hulk" é divertida e ao mesmo tempo corajosa ao brincar com as nossas expectativas e nos convidando para ir em um território que nem o próprio Deadpool foi ainda.
Onde Assistir: Disney+
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