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Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

Cine Dica: Em Cartaz - 'Bem-Vindos à Bordo'

Sinopse: Cassandre, uma comissária de bordo de 26 anos, perde o emprego em uma companhia aérea. 

É interessante observar que nos últimos tempos o cinema tem explorado bastante a questão de que o capitalismo esteja neste momento explorando o ser humano até o osso e fazendo do mesmo se tornar uma mera peça das engrenagens que pode posteriormente ser descartado. No filme "Nomadland" (2020), por exemplo, vemos a protagonista se tornar uma nômade que vive perambulando os EUA, mas que mesmo assim continua trabalhando em diversos trabalhos no percurso para continuar sobrevivendo. "Bem-Vindos à Bordo" (2021) fala sobre o dever ser comprido dentro de uma empresa área que se encontra sempre em movimento e ao mesmo tempo tendo que lidar com o que resta de sua vida pessoal para ainda poder se lembrar do que ela faz em ser uma pessoa ao invés de uma peça.

Dirigido por Emmanuel Marre e Julie Lecoustre, o filme conta a história de Cassandra (Adèle Exarchopoulos), uma comissária de bordo de 26 anos, que trabalha em uma companhia aérea doméstica e de baixo prestígio. Da forma mais serena e automática possível, ela está sempre disposta a fazer horas extras e desempenhar suas tarefas com eficácia exemplar. Em paralelo, em seus dias de folga, ela leva uma vida despreocupada entre Tinder, festas e tédio. Porém, ao ser dispensada pela empresa repentinamente, a jovem se vê obrigada a descartar antigos hábitos e lidar com o que a vida lhe preparou em seu retorno para casa, inclusive sua caótica vida pessoal.

Conhecida mundialmente pela sua atuação em "Azul é a Cor Mais Quente" (2013), Adèle Exarchopoulos novamente interpreta uma personagem que procura compreender a sua realidade em volta de acordo com o que ela observa e sempre nos passando uma sensação de uma briga interna mesmo quando ela não coloca a sua dor para fora. Enfrentando ainda o luto devido a perda da sua mãe, sua personagem transita entre o dever, sonhos e uma vida pessoal que se encontra meio que vazia, mas encontrando um pouco de vida através do seu pai, da irmã e de amigos que se apresentam também com dilemas parecidos. Em seus horários de folga, por exemplo, observamos que as pessoas procuram mais se abrirem com ela e destacando as suas dores do que ela própria, mesmo quando a mesma também possui passagens em que ela, ao menos, permite em derramar uma lagrima.

Em contrapartida, o seu dia a dia no trabalho como comissária de bordo é uma verdadeira luta para se manter com a boa aparência, sempre com um sorriso no rosto e mesmo quando os passageiros lhe abusam verbalmente. Porém, no momento em que ela perde o seu principal cargo, ela precisa trabalhar duro entre cursos para aprimorar ainda mais o seu desempenho dentro da empresa, nem que para isso lhe custe a sua saúde mental e física. Não deixa de ser interessante, por exemplo, ao vermos a mesma tendo que aprender de tudo um pouco, desde como sair do avião durante um incêndio, como também como fazer respiração boca a boca em um passageiro.

Tecnicamente, os realizadores cumprem muito bem a sua função de fazer com que testemunhemos o dia a dia da protagonista, como se a suas câmeras se tornassem uma representação de nosso olhar e ao mesmo tempo nos guiando sempre a mesma direção em que ela dá. Curiosamente, é interessante observar que alguns personagens que a personagem se interage é como se fossem interpretados por atores amadores ou que sejam realmente pessoas comuns em cena e nos passando assim uma sensação de que a obra transite entre a ficção e o seu lado quase documental. Em uma situação delicada, por exemplo, vemos a protagonista sendo uma boa ouvinte para uma passageira, mas ao mesmo tempo tendo que sofrer em seguida uma advertência por não ser 100% profissional neste momento.

Aliás, essa exploração que a empresa faz contra a personagem é vista em determinados pontos da trama, ao fazer da própria em não ter muito escolha, mesmo quando há pessoas lhe alertando o quanto ela está sendo explorada. Ao final, ela pode até obter o seu cargo dos sonhos, mas isso após muitos percalços e ao mesmo tempo em meio a busca por uma redenção e entendimento sobre o seu lugar dentro de sua família e podendo assim obter uma certa paz de espirito que tanto lhe faz falta. A cena final é emblemática, onde vemos ela e diversas pessoas desfrutando um momento de lazer na cidade de Dubai e sintetizando neste momento o lado mais humano de uma sociedade atual sempre em movimento.

"Bem-Vindos à Bordo" fala sobre sonhos e deveres em meio a corrida pelo sucesso e ao mesmo tempo lutar para não se tornar uma mera peça descartada em meio ao percurso. 


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