Sinopse: Após formar uma família, Jake Sully e Ney'tiri fazem de tudo para ficarem juntos. No entanto, eles devem sair de casa e explorar as regiões de Pandora quando uma antiga ameaça ressurge, e Jake deve travar uma guerra difícil contra os humanos.
James Cameron nunca brincou em serviço quando ele levava os seus projetos para o cinema, sendo que cada um dos seus filmes teve um papel de grande relevância para os efeitos visuais e na forma de assistir longa metragens. "Avatar" (2009) foi um marco para época, tanto para a captura em movimento, como também no 3D revolucionário. Infelizmente a Hollywood não captou a proposta principal do diretor, fazendo que posteriormente diversos filmes fossem lançados em 3D, porém, convertidos ao sistema e fazendo com que a imagem da tela se tornasse ainda mais escura.
O que era a promessa de ser um exemplo para o futuro da sétima arte os estúdios, infelizmente, se encarregaram de fazer com que o público se cansasse da ideia, ao ponto que a popularização das grandes telas IMAX iniciada por Christopher Nolan na trilogia "Cavaleiro das Trevas" se tornasse desde então muito mais atrativa e revolucionária. Não desistindo da ideia de revolucionar o cinema sempre quando lançasse um filme, James Cameron caiu de cabeça em um projeto ainda mais ambicioso e que ficávamos na dúvida se não era algo no mínimo arriscado. Se foi arriscado ou não só o tempo dirá, mas o que eu posso dizer agora é que o novo "Avatar: O Caminho da Água" (2022) possui um dos mais belos e impressionantes visuais dos últimos anos e onde Cameron dá uma verdadeira aula de como se usa efeitos visuais alinhado com uma boa história.
Anos após a primeira batalha de Pandora entre os Na'vi e os humanos, Jake Sully (Sam Worthington) vive pacificamente com sua família e sua tribo. Ele e Ney'tiri formaram uma família e estão fazendo de tudo para ficarem juntos, devido a problemas conjugais e papéis que cada um tem que exercer dentro da tribo. No entanto, eles devem sair de casa e explorar as regiões de Pandora, indo para o mar e fazendo pactos com outros Na'vi da região. Quando uma antiga ameaça ressurge, Jake deve travar uma guerra difícil contra os humanos novamente.
Se analisarmos friamente o filme de cabo a rabo podemos concluir que ele é uma releitura do primeiro filme, já que a narrativa não é muito diferente, mas toda moldada em larga escala e de uma maneira poucas vezes vista no cinema. James Cameron falou sério quando prometeu avançar em termos de efeitos visuais quando o assunto era com relação as cenas em baixo da água, sendo que elas são impressionantemente realistas e fazendo do filme "Aquaman" (2018) parecer brincadeira de criança. Outro atrativo é o realismo inserido na criação dos seres aquáticos, onde sentimos o peso desses seres gigantescos em cena e fazendo a gente até crer que eles realmente existam em outro planeta.
Embora não seja revolucionário como foi prometido, o 3D apresentado no filme é tudo aquilo que deveria ter sido nestes anos que separam do primeiro ao segundo filme. A imagem não é escura, ao ponto de presenciarmos cada detalhe em cena, desde ao suor, a pigmentação da pele dos personagens e a sensação de estarmos realmente diante da ponta da flecha de Ney'tiri. Se Hollywood realmente tivesse lavado a sério o potencial do 3D o cenário de hoje com certeza seria outro, mas James Cameron havia dado o recado anteriormente e dando agora de uma forma ainda mais ambiciosa.
Com relação aos personagens centrais algo de curioso acontece, já que Jake Sully e Ney'tiri quase se tornam personagens coadjuvantes, pois os seus filhos roubam a cena sempre quando surgem. Neteyam (Jamie Flatters), Lo'ak (Britain Dalton), Tuktirey (Trinity Jo-Li Bliss) e Kiri (Sigourney Weaver) são jovens personagens carismáticos, ao ponto de nos preocuparmos com o destino de cada um deles e abrindo uma porta para inúmeras possibilidades de uma eventual sequência. A cenas em que eles são treinados pelos filhos de Tonowari (Cliff Curtis) e Ronal (Kate Winslet) do clã Metkayina dos recifes de Pandora se tornam um dos principais pontos positivos do filme e fazendo com que cada passagem se torne algo deslumbrante.
Curiosamente, o Coronel Miles Quaritch se torna um vilão ainda mais complexo agora que a sua mente faz parte de um corpo na'vi, mesmo que a explicação pela sua volta inesperada nos soe um tanto que forçada. Além disso, a origem de um e outro personagem se torna um verdadeiro mistério dentro da trama, sendo que poderá ser explorado em uma eventual continuação e abrindo um grande leque para inúmeras possibilidades. James Cameron talvez queira ir longe novamente, porém, tudo dependerá da resposta do público e se os mesmos estiverem dispostos ao entrar de cabeça no universo de Pandora.
Em "Avatar: O Caminho da Água" James Cameron revela novamente o futuro do cinema, sobre como nos brindar com um grande espetáculo cinematográfico e que cabe agora Hollywood saber realmente como aproveita-lo.
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